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MAYHEM

A macabra história do Mayhem é quase inigualável no Heavy Metal: o suicídio de Dead (nome de batismo: Per Yngve Ohlin) em 1991, com a foto do corpo do vocalista na capa do álbum ao vivo “Dawn Of The Black Hearts” (1995); o assassinato do guitarrista Euronymous (nome de batismo: Øystein Aarseth) pelas mãos do líder do Burzum, Varg “Count Grishnackh“ Vikernes, (nome de batismo: Kristian Vikernes) em 1993; envolvimento na queima de igrejas e ataques a mesquitas e templos hindus… As controvérsias são equivalentes à importância da banda na história do Black Metal, e ela mostrou isso de volta ao Rio de Janeiro oito anos depois de sua última passagem pela cidade.


A matinê no Teatro Odisseia tinha o objetivo de celebrar justamente o maior momento de toda essa trajetória, o clássico “De Mysteriis Dom Sathanas” (1994), seu primeiro ‘full-length’ tocado na íntegra. Formado atualmente por Attila Csihar (vocal), Teloch e Ghul (guitarras), Necrobutcher (baixo) e Hellhammer (bateria) – e apenas Csihar e Hellhammer gravaram o álbum, o Mayhem encontrou a tradicional e acanhada casa de shows na Lapa lotada e pronta para se curvar diante de uma verdadeira entidade do Black Metal. O clima criado era o mais adequado para o show em questão: fumaça suficiente para deixar o palco pouco visível, uma espécie de marcha fúnebre de introdução e uma iluminação em tons pretos e azuis que remetia diretamente à capa do disco homenageado.

Bem, ao menos em “Funeral Fog” – abertura do álbum e do show –, o mais importante não ajudava. O som fez questão de falhar nos mínimos detalhes. O que deveria sair dos PAs sumiu no início e depois, ao engrenar, veio com um volume ensurdecedor e para lá de embolado, fazendo a voz de Csihar desaparecer. Foi assim até o fim dela, mas felizmente a coisa melhorou consideravelmente no hino “Freezing Moon”, que botou o Teatro Odisseia abaixo. Então um desavisado sobe ao palco achando que estava num show de Thrash Metal ou Hardcore, pronto para dar o famoso ‘stage diving’. Ele só esqueceu que a brincadeira aqui era um pouco diferente, e os integrantes do Mayhem não são conhecidos exatamente pelo bom humor e gentileza. Levou um nada sutil empurrão do vocalista para deixar bem claro que o palco tinha dono.

A celebração seguiu com “Cursed In Eternity”. A performance espetacular de Hellhammer na bateria infelizmente não pôde ser apreciada como se deve, ao menos não com os olhos. Na nuvem de fumaça que tomou conta do palco, ele simplesmente ficou invisível ao longo de quase todo show. O palco, aliás, tinha uma decoração rica, em que pese o tamanho para lá de reduzido do mesmo. Panos cobriram as laterais, já que o principal de fundo já era suficiente para tomar praticamente todo o espaço. O show continuou com “Pagan Fears”, “Life Eternal” e “From The Dark Past”. A sequência era direta, já que ao longo da apresentação não existiu comunicação alguma entre banda e público. Ela se dava nos gestos do performático Csihar ao longo das músicas, além das caras e bocas do veterano baixista Necrobutcher.

“Buried By Time And Dust”, a mais direta do disco, antecedeu o que deveria ser a despedida na faixa-titulo, o auge teatral do espetáculo. O vocalista trajava uma roupa de Papa na cor vermelha, com direito a uma encenação por vezes até amorosa com uma caveira e o turíbulo tradicional do pontífice na outra mão. O fim deveria ser aqui, depois de uma legítima destruição sonora promovida por uma banda lendária tocando a íntegra de um disco clássico. Foi assim ao longo da turnê, e era essa a programação. Mas sabe-se lá por que a banda se empolgou e tocou um bis que simplesmente não estava no roteiro. Isso ficou claro com as roupas despojadas dos integrantes, a iluminação meio que improvisada e, principalmente, o fim da fumaceira que finalmente permitia a visualização adequada do palco – incluindo o até então invisível Hellhammer com seu pomposo kit.

E as escolhas terminaram de devastar o já incrédulo público que há tanto tempo esperava por um show do Mayhem. “Deathcrush”, faixa que dá nome ao EP de 1987, a estreia fonográfica da banda, atendeu a um pedido incessante de parte do público. Como se não bastasse, do mesmo trabalho ainda rolaram “Chainsaw Gutsfuck” e “Pure Fucking Armageddon”, deixando ainda mais claro o caráter ‘old school’ que a noite propunha. Os cariocas foram transportados diretamente para algum clube norueguês no fim dos anos 80 – ou nos anos 90, mesmo.

Som estridente e sujo, fumaça típica de uma noite de inverno e clássicos que marcaram o início da trajetória do Mayhem diante de amantes do Black Metal. Enfim, uma noite memorável para os fãs e para a banda, que retribuiu com um inacreditável agradecimento no fim – na única palavra dirigida aos presentes em toda noite, é bom lembrar – e um bis totalmente inesperado. Que não demorem mais oito anos para retornar. Felizmente, está provado que público não vai faltar.

Set list
1. Funeral Fog
2. Freezing Moon
3. Cursed In Eternity
4. Pagan Fears
5. Life Eternal
6. From The Dark Past
7. Buried By Time And Dust
8. De Mysteriis Dom Sathanas
Bis
9. Deathcrush
10. Chainsaw Gutsfuck
11. Pure Fucking Armageddon

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