É impossível que uma banda com 55 anos de carreira e 19 álbuns de estúdio lançados, como o Judas Priest, tenha uma trajetória perfeita. É natural que existam tropeços, ainda mais porque as falhas podem levar à evolução.
No caso da lendária banda inglesa de heavy metal, os próprios integrantes reconhecem alguns pontos baixos de sua carreira. Em entrevista ao Chris Akin Presents (via Blabbermouth), o baixista Ian Hill foi perguntado sobre trabalhos dos quais se arrepende — e em sua resposta, alguns registros foram mencionados.
Point of Entry (1981) foi mencionado como o primeiro “passo para o lado” do Priest. Hill afirma:
“O Point of Entry foi provavelmente a primeira vez que demos um passo para o lado. Fomos um pouco mais comerciais. Pensamos que talvez fosse para lá que deveríamos estar indo. Entramos nisso com boa intenção e, claro, recebemos críticas.”
Curiosamente, Point of Entry está no meio de dois dos maiores clássicos do Judas: British Steel (1980) e Screaming for Vengeance (1982). Este último trabalho é a prova de que experimentos negativos podem criar um cenário para grandes acertos na sequência. Porém, a vontade de quebrar barreiras levou a outro “passo para o lado”: Turbo (1986).
“Voltamos depois disso com Screaming for Vengeance. E depois tivemos Turbo. É engraçado porque chegamos a Defenders of the Faith (1984) e quase chegamos ao fim da linha. Poderíamos ter feito outro Defenders of the Faith facilmente, mas não teríamos dado esse passo. A Roland (fabricante do ramo musical) trouxe esses grandes sintetizadores de guitarra e nos deram a primeira chance com eles. Nos fez perder muitos fãs, mas também nos fez ganhar muitos novos. Então, Turbo no fim se equilibrou sob um ponto de vista puramente comercial. Depois disso, fomos com uma pegada mais pesada com Ram It Down (1988) e depois Painkiller (1990), e é assim que tem sido desde então.”
O outro “tropeço” do Judas Priest
Já no século 21, Ian Hill aponta Nostradamus (2008) como o “passo para o lado” do Judas Priest. Ele afirma:
“Tivemos alguns desvios, e Nostradamus era algo que precisávamos tirar do nosso sistema. Mas é um álbum muito longo, muito complicado, e foi projetado para ser ouvido de uma só vez, o que é uma das razões pelas quais não tocamos nenhuma música daquele disco. No fundo, é um ótimo disco de heavy metal, mas não há nada lá que pudesse melhorar o repertório dos shows.”
Ainda em sua declaração, o único membro fundador do grupo ainda presente na formação compartilhou reflexões sobre a montagem do setlist dos shows. Ele disse:
“Quando você está montando um setlist, você tem que encontrar aquela mistura de material novo com aquelas velhas favoritas que você seria linchado se não tocasse, mas tem um outro pote enorme com outras músicas que podem ser escolhidas. Fica mais difícil a cada álbum, porque toda vez que você coloca uma música nova, você tem que tirar uma potencial favorita de alguém. Mas fazemos o nosso melhor, e acho que acertamos bastante até agora.”
Os álbuns citados por Ian Hill
Apesar das críticas mistas, Point of Entry obteve disco de ouro nos Estados Unidos e prata no Reino Unido. “Don’t Go”, “Hot Rockin'” e “Heading Out to the Highway” foram lançadas como singles.
Por sua vez, Turbo chegou a obter certificação de platina nos Estados Unidos e Canadá, além de disco de ouro na Espanha. As canções escolhidas para o formato promocional “Turbo Lover”, “Locked In” e “Parental Guidance”.
Como esperado, Nostradamus não teve nenhum single. Com 23 faixas, o trabalho duplo acumula mais de uma hora e 40 minutos de duração. Foi o último gravado com o guitarrista original K.K. Downing, que saiu no início da década seguinte.
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