Em 2013 o Abril pro Rock comemorou seus 20 anos de existência. A segunda noite da 21ª edição do evento, considerando a maior parte do line up, bem poderia ser alterada para ‘Abril pro Metal’. Apelidada de ‘noite dos camisas pretas’, além das bandas, receberia um clássico do Thrash gringo e dois petardos nacionais, um deles, inclusive, fechando o festival. Além de quem estava ao vivo, os shows dos dois palcos estavam sendo transmitidos por streaming no G1. E desta vez, nenhuma banda vetou a transmissão (como ocorreu com o Television na noite de sexta,19). Tudo ocorreu bem com exceção do atropelo dos apresentadores e alguns problemas mais próximo do show final.
Mantendo a tradição de abrir espaço aos novos nomes com atrações consagradas, a noite começou com as mulheres dominado o palco. O Vocifera é uma banda de Death formada só por meninas. Apesar de pegar um público ainda chegando ao local, elas colocaram a maioria dos machos presentes pra bater cabeça. Com um set reduzido, a vocalista Angela disse que elas praticamente estavam ensaiando pesado para essa apresentação e preparando um retorno aos palcos e novas gravações. Além de sons próprios como “Sabbath” e “Mad bastards”, fizeram uma cover de “Black metal” do Venom.
Depois delas, outra banda local, o Kriver, chamou um bom público pra grade. A banda formada em 2009 faz um Metal mais na linha melódica, tem boa presença de palco e priorizou no set somente sons próprios como “This Runger”, “Reaper” e “Toxic blood” , que encerrou o show.
A terceira local escalada foi a Kataphero. O som deles ganhou ainda mais peso com um visual característico e bem agressivo dos potiguares. Fizeram um show igualmente curto como das bandas anteriores e entre os escolhidos para esta apresentação tocaram “The vigilant”, “Landschap” e “Cold dark night”.
A cobertura do evento pelo perfil no Facebook do festival estava bastante informativa. Mesmo quem só estava acompanhando pela internet pode ter a sensação de viver o festival com as fotos dos set lists e bastidores publicadas a cada intervalo de show. Cada banda que saia do palco já ia direto para uma entrevista aos apresentadores do G1. Os integrantes do Kataphero estavam com figurino tipo espartanos do filme “300” e disseram que o show do Abril foi inaugural para este novo visual da banda.
Então veio a primeira atração internacional. Os veteranos do Hardcore americano, Fang, fizeram sua estreia em terras brasileiras e uma apresentação histórica. Foi uma boa surpresa da noite e agitou o público. Principalmente quando o vocal Sam McBride disse que a única frase que aprendeu em português foi a útil “Chupa minha rola”. No set, alguns dos sons clássicos e outros do disco mais recente “Here come the cops”, lançado em 2012. Mas quem foi responsável pelos um dos melhores circle pits foi o DFC. A banda também comemora 20 anos de formação e comemorou no palco do Abril. O destaque, além do show rápido e instigante, foi para o vocalista Tulio que além de reclamar do calor constante, comandou a galera fazendo um show recheado de clássicos. Entre os “insultos”, como eles costumam dizer, tocaram “Petróleo maldito”, “Sou o mesmo FDP”, “Patamo” e “Cidade de merda” em homenagem a cidade deles, Brasília. Na sequência veio uma prata da casa e um dos recordistas em apresentações no Abril pro Rock. O Devotos fez, este sim, o maior set list de todos os escalados da noite e colocou o povo pra pogar com sons que estão na boca da galera como “Caso de amor”, “Mais eu insisto”, “Roda punk”, “Futuro inseguro” e o mais conhecido deles, “Punk rock, hardcore”.
Quem fechou a sequência Punk/HC foi nada menos que o Dead Kennedys. A banda esteve pela primeira vez em tour pelo Brasil e com o vocalista Ron “Skip” Greer. Mas, bem…enquanto o frontman original já passou por várias capitais brasileiras por mais de uma vez e com shows explosivos, o DK vive à sombra da lenda já que o desempenho de Greer deixa muito a desejar. Apesar de toda empolgação em torno da apresentação e de ter agitado o público, músicas como “To drunk to fuck”, “Kill the poor”, “Nazi punks”, “California uber alles” e “Holiday in Cambodia” tiveram um desempenho no mínimo sofrível. O constrangimento continou na entrevista pós-show quando o baterista D.H. Peligro deixou a repórter do G1 de saia justa perguntando se ela conhecia a Xuxa e se tinha algum filme dela para indicar. Notícias circularam dias depois dizendo que a banda encerrou mesmo a noite num show de pagode.
O Metal voltou à cena com o Krisiun. Considerado o maior nome do Metal nacional na atualidade, o trio era uma das bandas mais pedidas para se apresentarem no APR. E o set fez jus a essa espera misturando sons mais antigos com outros mais recentes do disco “The Great Execution” (2011). Entre eles, “Ominous”, que abriu a apresentação, seguida de “Combustion Inferno”, “Vengeance Revelation”, a cover de “No class” do Motorhead e a faixa título de do disco de estreia, “Black force domain”. Foi uma das apresentações mais competentes e destruidoras desse dia de peso do festival. O público foi dominado pela banda e o pogo que foi elogiado pelo vocalista Alex.
O streaming deu problema na transmissão do show do Sodom e muita gente achou que eles não haviam liberado o sinal. Para quem acompanhava pela net, ficou um bom tempo com uma entrevista do Devotos enquanto se ouvia nitidamente que o show já estava rolando. Foi somente liberado depois de problemas no som e com atraso. Quem viu ao vivo, sentiu que o público diminui consideravelmente na pista depois do Krisiun. Mesmo assim, o público ainda ficou presente para a apresentação do trio alemão e do André Matos que viria na sequência. Fãs do Thrash foram brindados com um set extenso que iniciou com “In war in pieces” seguida de “Sodomy and lust” e a cover de “M-16” do Napalm. Os shows deles são sempre muito mais focados no som que na conversa e “Burst command”, “I am the war”, “Blasphemer”, “Eat me” vieram na sequência. A galera agitou muito em “Agent Orange” e “Sodomized” deixando a euforia no pico para a apresentação de encerramento.
Já era madrugada de domingo quando Andre Matos subiu ao palco. No set, sons de sua carreira solo como “Liberty” e “The course of life”, músicas da fase Shaaman e Viper como “Fairy Tale” e “Living for the night” e outros sons em homenagem aos 20 anos do “Angels Cry”, celebrando sua fase no Angra.
A interação de público e banda foi incrível, com o público ensandecido cantando todas especialmente “Carry on” e “Time”. Com mais de uma hora de apresentação, André fecha o show e o festival com “Streets of tomorrow” e “Evil warning”.
Enquanto essa foi apenas uma das tantas do vocalista em tour pelo Brasil, o festival já entra na preparação da edição 2014 sonhando com mais 20 anos de história, revelando novos talentos e tendo na escalação bandas como Slayer nas programações futuras.