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AMBERIAN DAWN: O TEMPO ENTRE TRANSFORMAÇÕES E TRIBUTOS

Por Valtemir Amler

Dizem que nos primeiros dias todas as bandas costumam parecer a mesma banda, mas será que alguém pensou que o Amberian Dawn era só mais uma banda de metal sinfônico quando eles deram os primeiros passos? Se sim, resta admitir que os clichês do estilo estavam devidamente ticados: fortes melodias típicas do power metal melódico, entremeados por intensas sinfonias que criavam uma ambientação épica, uma vocalista extremamente talentosa (Heidi Parviainen nos primeiros quatro álbuns), músicos com técnica apurada e sonoridade cristalina de tão limpa. Porém, a banda finlandesa nascida em 2006 tinha alguns outros truques bem escondidos na manga, e se eles não transpareceram nos tempos de River of Tuoni (2008) e The Clouds of Northland Thunder (2009) foi porque eles precisavam primeiro conquistar o seu lugar ao sol, para então realmente mostrar do que realmente eram capazes. As coisas começaram a tomar uma forma definitiva em 2010, com o lançamento de seu terceiro álbum, End Of Eden, o primeiro por um selo internacional, a Spinefarm. Desde então, o fundador e tecladista Tuomas Seppälä não parou de guiar a banda por transformações, às vezes mexendo na formação (a entrada da vocalista Päivi “Capri” Virkkunen desde o álbum Re-Evolution, em 2013, talvez tenha sido a mais chamativa delas), mas sempre adentrando novos caminhos musicais, como ficaria muito evidente em Looking For You (2020), que acentuou os elementos pop. Se naquele álbum eles resolveram homenagear os astros pop suecos ABBA com uma versão cover, em 2022 eles dedicaram todo um álbum para essa ideia.

Olá Tuomas, é um prazer falar com você. Como estão as coisas nesse retorno às atividades de turnê?

Tuomas Seppälä: Ah, é ótimo que as coisas estejam finalmente voltando ao normal, e que possamos viver nossas vidas da maneira que estamos acostumados de novo. Vivemos um período muito estranho nesses últimos anos, muitas incertezas e sentimentos ruins fluindo de todos os lados, então acho que as pessoas estavam precisando de algum tipo de alívio disso. É bom que estejamos finalmente vendo o outro lado desse túnel escuro que atravessamos, e que estejamos vindo transformados dele. E, quando digo transformação, estou falando de mudança na forma de ver as coisas, durante os dias mais escuros do isolamento social muitas pessoas não tinham outra forma de se distrair do que ouvindo música, e muitos garotos começaram a dar mais atenção para a música, algo que nunca haviam feito antes. De maneira geral, acho que mais pessoas descobriram o metal e a música clássica, que são gêneros que demandam uma dedicação maior do ouvinte, pois precisam de tempo para assimilar o que ouvem. Então, acho que as bandas sofreram muito por não poder ter saído em turnê, mas que no geral ganharam novos fãs, que espero agora possam ir aos shows.

Essas transformações que citou, acredita que elas alcançaram a banda também, vocês se transformaram nesse período?

Tuomas: Creio que sim, mas uma coisa que é certa sobre o Amberian Dawn é que transformação sempre foi uma palavra de ordem para nós. Você vai lembrar que começamos como um grupo muito mais voltado ao power metal e ao symphonic metal, e que desde então viemos transformando a nossa sonoridade a cada nova batida do relógio. Eventualmente, nos tornamos essa banda que somos hoje, algo que algumas pessoas têm chamado de ‘pop metal’ e outras de ‘ABBA metal’, o que não deixa de ser interessante, pois mesmo antes de termos gravado qualquer canção do ABBA, as pessoas já se referiam a nós dessa maneira. Não sei, talvez realmente exista algo em comum entre o estilo do ABBA e do Amberian Dawn, e eu honestamente não acho que essa seja uma coisa ruim. É como dissemos antes, novas pessoas estão descobrindo o metal, e talvez uma banda de metal com uma sonoridade mais pop e acessível seja uma boa porta de entrada. Quer dizer, talvez com o Amberian Dawn estejamos criando uma espécie de ponte entre o mundo da música pop e o mundo do heavy metal.

Interessante. Essa conexão com o mundo do pop é algo que vem da sua história, na infância você costumava ouvir muito a rádios?

Tuomas: Bem, eu vivi a minha infância nos anos 80. Naquela época, bem, não existia internet, então boa parte da sua chance de escolher o que queria ouvir já estava descartada. No lugar da internet, o que tínhamos eram toca-fitas, e eventualmente algumas rádios, mas ao menos aqui na Finlândia elas não estavam muito interessadas em tocar rock. Existiam poucas estações de rádio, e elas estavam mais interessadas em tocar a música que os adultos queriam ouvir do que a música que os garotos queriam ouvir. Os adultos tinham o dinheiro, eram eles que podiam pagar pelos produtos que anunciavam nas rádios, então, para agradar os anunciantes eles buscavam agradar os potenciais consumidores, você sabe. Bem, o que nos restava eram as fitas, a não ser que você fosse rico o suficiente para comprar algo em vinil, o que definitivamente não era meu caso. Então, a forma que tinha para conhecer novas músicas era comprar uma fita ou emprestar com os meus amigos, eles eram a fonte de informação na época. Então, posso dizer que fui introduzido no mundo da música pelos meus amigos de escola.

Que, deduzo, eram fãs de heavy metal.

Tuomas: Sim, todos eles (risos). Acabamos nos tornando muitos bons em heavy metal e conhecíamos muitas bandas, pois o álbum que um dos garotos da escola tinha, todos tinham (risos). Era uma espécie de fraternidade daqueles que eram excluídos da programação das rádios, aprendemos muito cedo a venerar os discos do Iron Maiden, Helloween e os outros gigantes do estilo naqueles anos.

Você vivia em Helsinque na época?

Tuomas: Ah, sim, vivi a maior parte da minha vida nas redondezas de Helsinque, em uma cidade chamada Hyvinkää, que fica a cerca de cinquenta quilômetros da Capital.

Bem, você estava realmente próximo de Helsinque, então, a questão das rádios valia para todo o país. Estava deduzindo que o ‘problema’ seria mais nas vilas menores, distantes da Capital.

Tuomas: Pois é, nos anos 80 foi uma realidade para todo o país, inclusive aqui. Imagino como era no extremo norte ou no interior na época. Mas, tudo mudou com a chegada dos anos 90. Muitas rádios foram fundadas, inclusive algumas dedicadas somente ao rock. A Finlândia realmente se transformou a partir dos anos 90, especialmente naquilo que se refere a música pesada. Bem, eu comecei a ouvir rádio quando tirei minha carteira de motorista, pois gostava de ouvir música dirigindo. É ótimo ouvir música aleatória no carro, não imagino a razão (risos).

Bem, o metal chegou cedo na sua vida através dos seus amigos, mas não foi seu primeiro contato com Música, certo?

Tuomas: Não, eu comecei a lidar com isso muito cedo. Com quatro anos eu já estava fazendo aulas de piano clássico. Lembro que meu pai me levou para fazer o teste na escola, e consegui ser admitido. Comecei aos quatro, e aos seis anos já sabia tocar Für Elise, de Beethoven, o que deixou meus pais realmente orgulhosos (risos).

Imagino a razão, já que se trata de uma das peças mais conhecidas da música clássica, um belo começo.

Tuomas: Obrigado. Você sabe, meus pais tinham a esperança de que eu me tornasse um pianista profissional, e eu me dediquei muito a deixá-los orgulhosos. Frequentei a escola de música e as aulas de piano clássico dos quatro aos quinze anos, e então parei, estava decidido que não era isso que queria fazer da minha vida. Daí formei uma banda e assumi os teclados (risos gerais). A vida tem dessas (risos).

Certo, peguei as referências de metal e música clássica, mas ainda não consigo entender de onde diabos veio o ABBA na sua formação musical.

Tuomas: Ah, então era aí que estava querendo chegar (risos gerais). Bem, acho que tinha uns dezoito anos quando comecei a frequentar clubes e danceterias, e foi nessa época que entrei em contato com bandas como Modern Talking, ABBA e outros, comecei a mergulhar no pop e na disco music. Desde então, nunca mais consegui deixar de misturar esses elementos, seja quando estou ouvindo música, seja quando estou compondo.

Certo, agora chegamos em um ponto interessante para esse momento da história do Amberian Dawn. Você é fã declarado do ABBA, e regravou uma música deles antes. Mas agora, o novo álbum é inteiramente dedicado ao repertório da banda sueca. O que motivou esse movimento?

Tuomas: Bem, tudo começou quando lançamos Looking For You, em 2020. Naquele álbum incluímos uma versão para Lay All Your Love On Me, ABBA, uma música ótima, muito cativante. Esperávamos uma boa reação do nosso público, pois as pessoas já nos chamavam de ‘ABBA Metal’, mas a recepção fui muito além do que esperávamos, as pessoas adoraram aquela versão. A decisão seguinte foi uma aposta, pois decidimos mergulhar ainda mais fundo nesse mundo. Queríamos dar ainda mais disso para as pessoas que gostaram do que fizemos no álbum anterior, mas não sabíamos como seríamos vistos com esse movimento. Felizmente, estamos recebendo muitos elogios, o que me deixa muito feliz. Da nossa parte, gravamos hits obrigatórios como Super Trouper, Gimme! Gimme! Gimme!, Mamma Mia, mas também nos preocupamos em revisitar canções menos óbvias e tão boas quanto do repertório do ABBA, então, é uma coleção bem equilibrada para fãs do ABBA e do Amberian Dawn.

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