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ANGRA FEST – São Paulo (SP)

Por Nelson Souza Lima

Fotos: Belmilson dos Santos

A pergunta pode não valer um milhão de dólares, mas é pertinente. E foi feita por Jimmy London, durante a apresentação de sua banda, o Matanza Ritual, no Angra Fest. Por que fãs de bandas tão distintas como Malvada, Viper, Matanza Ritual e Angra estavam curtindo o mesmo evento? London disse que todos pertencem ao mesmo clube, no caso “Clube dos Canalhas”, referência à uma das músicas de maior sucesso de sua banda. Mas a resposta mais apropriada é o fato de que todos os grupos participantes são filhos do bom e velho rock’n’roll. Embora de gêneros e épocas distintas os grupos mostraram que segregação no rock é para idiotas. O público estava ali para uma noite de muito rock, bate-cabeça, bebidas e curtição. O já tradicional Angra Fest rolou no Terra SP, nova casa de shows da capital paulista, localizada na região de Interlagos, zona sul. Com boa estrutura e vários ambientes é uma opção interessante para receber grandes eventos. Fato confirmado no ótimo público que compareceu para prestigiar um lineup de responsa.

O crítico Regis Tadeu foi convidado pelo próprio Angra a subir no palco e anunciar o show da banda

Organizado pela Top Link, o Angra Fest teve na abertura dos trabalhos com a Malvada, banda paulistana formada por Angel Sberse (vocal), Bruna Tsuruda (guitarra), Ma Langer (baixo) e Juliana Salgado (bateria). Com apenas três anos de estrada e um álbum no currículo, A Noite Vai Ferver (2021), as garotas formam o que podemos chamar de Girl Power Band. A cada dia estão mais entrosadas e toda vez que as vejo (as vi pela terceira vez) adquirem a tal maturidade de palco.

O público, ainda pequeno, conferiu a boa apresentação das garotas em autorais que transitam do rock’n’roll e hard ao metal com desenvoltura. Tsuruda conduz bem os solos e riffs, ladeada pela cozinha segura de Langer e Salgado formando toda a gama sonora que deixa Angel Sberse à vontade para mostrar seu potencial vocal. No set curto, mas que foi um bom esquenta, mandaram, entre outras, Pecado Capital, A Noite Vai Ferver e o novo single, Perfeito Imperfeito. Uma das características da Malvada é mandar bons covers que nessa apresentação ficou por conta de Wasted Years, do Iron Maiden, muito bem recebida e agitada pelo público. Sberse agradeceu ao Angra e ao empresário Paulo Baron (Top Link Music) a honra de participarem do festival.

Sai a Malvada e começa o corre-corre dos roadies para a sequência com o Viper. Banda com mais de 35 anos de estrada, passaram por várias fases e formações. Surgido em São Paulo, lá no meio dos anos 80, o grupo teve como primeiro vocalista Andre Matos (1971-2019), homenageado diversas vezes na noite, uma vez que também foi um dos fundadores do Angra, no começo dos anos 90. Integram o Viper atualmente os fundadores Pit Passarell (baixo e vocal) e Felipe Machado (guitarra), ladeados por Leandro Caçoilo (vocal), Kiko Shred (guitarra) e Guilherme Martin (bateria). Com esta formação a banda resgatou a identidade dos bons tempos. Músicos extremamente técnicos, têm uma unicidade no palco que não deixam brecha, indo do metal tradicional, power e thrash, destilando riffs e solos preciso e irretocáveis. Machado e Shred dobram as guitas, alternam solos. Guilherme Martin, praticamente recuperado do acidente sofrido nos Estados Unidos, é uma usina motora na bateria, agitando os fãs sem parar. Passarell e Caçoilo dividem os vocais. E Leandro Caçoilo, mostra por que é um dos melhores vocalistas do metal nacional com agudos de dar inveja.

Como a brodagem rolou solta os irmãos Luis e Hugo Mariutti participaram de Coma Rage e To Live Again, mostrando que também são grandes instrumentistas. Luis foi saudado inúmeras vezes pelo público sendo chamado de “Jesus”, dada sua semelhança com o filho do Criador. Brincadeiras à parte, a diversão no show do Viper é garantida. O grupo mostrou faixas de vários álbuns num final de arrebatar o público com Rebel Maniac.

O que dizer deste Matanza que traz o adendo “Ritual”. É o verdadeiro Matanza com Jimmy London ou um genérico do grupo criado no Rio de Janeiro em meados dos anos 90 mostrando aquela mistura insana de hardcore, Jonnhy Cash, com letras falando de cachaça, sacanagem, testosterona aos montes, mulheres e o diabo a quatro. Como se sabe London deixou o Matanza e formou seu próprio grupo, o Matanza Ritual, arregimentando instrumentistas talentosos que bebem, literalmente, nas mesmas fontes do gigante carioca mais irlandês que existe. London, nosso malvado favorito, adentrou ao palco devidamente reverenciado pelo público que “muito” respeitosamente o mandavam tomar no brioco. E vice-versa.

Devidamente amparado pela muralha sonora formada por Antônio Araújo (guitarra, Korzus), Amilcar Christófaro (bateria, Torture Squad) e Juninho (Ratos de Porão), que competentemente segurou as pontas no baixo, Jimmy London mandou saraivadas sonoras cujo cataclismo começou numa sequência com O Chamado Bar, Meio Psicopata, Remédios Demais e A arte do Insulto. Aliás, insultar a plateia e ser devidamente correspondido é praxe nos shows do Matanza. London sabe como conduzir a galera pedindo a todo instante pra se formarem as rodas de bate-cabeça. Voltando lá em cima, quando perguntou o que levaria os fãs de quatro bandas com estilos diferentes a estarem juntos no mesmo evento, o cara disse que a união os torna um clube, para emendar “Clube dos Canalhas”. É legal ver como o público curte as letras do Matanza, diversão garantida. O set com dezenove petardos encerrou com a trágica “Ela  roubou meu caminhão”. Jimmy London e seus comparsas cumpriram o que era esperado deles: pancadarias sonoras embaladas por muitos etílicos.

Terminada a apresentação do Matanza novo corre dos roadies para a grande atração da noite. O Angra já passou dos trinta anos e teve em suas fileiras alguns dos maiores instrumentistas do planeta, e, como já dito, André Matos foi o vocalista original da banda. Apesar das mudanças na formação ao longo dos anos o grupo sempre manteve um nível altíssimo contando com instrumentistas de alto nível. O único integrante original é Rafael Bittencourt (guitarra e vocal), que soube manter a unicidade da banda e conta hoje com parceiros extremamente técnicos. Além de Bittencourt, o Angra hoje traz Fábio Lione (vocal), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria), formação que já está junta há sete anos, sendo a mais equilibrada do grupo, e se mostra uma máquina de demolição, dada a precisão de seus integrantes.

O Angra entrega o que promete. Em termos de performance, riffs, solos, virtuosismo, imagens, luz, enfim, amado ou odiado o Angra, é uma banda muito forte no palco. Newborn Me deu início ao show que passeou por várias álbuns do grupo, numa sequência que teve Nothing to Say e Travelers of Time. Depois, Bittencourt disse que havia muitos amigos presentes ao show, entre eles, um amigo e fundador do Angra, para em seguida chamar Luis Mariutti, que comandou o baixo na clássica Angels Cry. Depois, entra Hugo Mariutti para fazer a terceira guita em Lisbon, clássico de Fireworks. E veio mais uma sequência de empolgar os fãs, com Ego Painted Grey, Late Redemption, Rebirth, Winds of Destination e Lease of Life.

Lione chamou ao palco Angel Sberse, da Malvada, para juntos fazerem um dueto bacanudo em Black Window’s Web. Após esse dueto a banda deixa o palco para apenas Bittencourt mandar um acústico em Reaching Horizons. Logo em seguida a banda volta para uma homenagem emocionante a Andre Matos em Make Believe. Lione comentou como conheceu Matos, numa oportunidade em que o Angra estava em Pizza, na Itália, seu país de origem, e como a empatia entre eles foi imediata. A plateia foi à loucura.

Mais uma sequência poderosa com Waiting Silence, Bleending Heart e Magic Mirror. A banda deixa o palco para voltar para o encore com Carry On e Nova Era. O final apoteótico trouxe uma bela homenagem a Canisso, baixista do Raimundos que faleceu, aos 57 anos, na semana passada. Com a imagem do músico projetada no telão de fundo, a banda chamou Angel Sberse, Jimmy London e Antônio Araújo para uma versão insana e pesada de Eu Quero Ver o Oco, uma das músicas mais legais dos Raimundos. Final bacanudo de um festival que cresce a cada dia.

Set List – MALVADA:

Intro | Disso que Eu Gosto

Prioridades

Ao Mesmo Tempo

Wasted Years (Iron Maiden Cover)

Pecado Capital

Perfeito Imperfeito

A Noite Vai Ferver

Setlist – VIPER:

Under The Sun

Knights of Destruction

A Cry from The Edge

Evolution

Coma Rage

To Live Again

Prelude to Oblivion

Living For The Night

Rebel Maniac

Setlist – Matanza Ritual:

O Chamado do Bar

Meio Psicopata

Remédios Demais

A Arte do Insulto

Bom é Quando Faz Mal

Eu Não gosto de ninguém

Tudo errado

O que está feito, está feito

O último Bar

Clube dos Canalhas

Country Core Funeral

Carvão, enxofre e salitre

Pé na porta, soco na cara

Tempo Ruim

Mulher Diabo

Conforme disseram as vozes

Mesa de Saloon

Todo ódio da vingança de Jack Buffalo Head

Ela Roubou Meu Caminhão

Setlist – ANGRA:

Newborn Me

Nothing to Say

Travelers of Time

Angels Cry

Lisbon

Ego Painted Grey

Late Redemption

Lease of Life

Black Window’s Web

Reaching Horizons

Make Believe

Waiting Silence

Bleending Heart

Magic Mirror

Carry On

Nova Era

Eu Quero ver O Oco (Raimundos Cover)

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