Por Marcelo Gomes
Fotos: André Santos
Menos de 1 ano após se apresentarem no festival Summer Breeze em São Paulo, os finlandeses do Apocalyptica anunciaram cinco datas para o Brasil, e claro que a capital paulista não poderia ficar de fora. Mesmo na sexta-feira chuvosa de 19 de janeiro, o Carioca Club recebeu um bom público e ainda contou com a participação especial dos brasileiros do Allen Key na abertura.
A noite começou com o Allen Key, banda paulistana que vem se destacando dentro da cena de metal do Brasil. Com o público ainda chegando, Karina Menasce (vocal), Pedro Fornari e Victor Anselmo (guitarras), William Moura (baixo) e Felipe Bonomo (bateria) subiram ao palco do Carioca Club para apresentar músicas do álbum “The Last Rhino” (2021), como “Granted”, “Straw House”, “Illusionism” e algumas mais recentes como “Apathy” e “Sleepless”. A versão de “Goodbye”, dedicada aos que já partiram, ganhou destaque pela emoção, enquanto “Mr. Whiny” e “The Last Rhino” empolgaram pelo peso. No geral, foram muito bem recebidos e, para quem não conhecia, certamente foi uma grata surpresa.
Próximo das 22h, à medida que as luzes diminuíam, a expectativa, de maneira inversamente proporcional, só ia aumentando para o Apocalyptica. Eis que surgem Eicca Toppinenn, Perttu Kivilaakso, Paavo Lotjonen e Mikko Kaakkurinemi para proporcionar uma experiência inesquecível fundindo a música clássica com metal de uma maneira completamente peculiar. Abrem com “Ashes Of The Modern World”, com suas belas melodias fazendo os presentes imediatamente criarem uma paisagem combinando a beleza do clássico com o peso do metal. O ponto negativo ficou pelo baixo volume que chegava ao público, que vinha mais baixo do que na apresentação do Allen Key.
Tirando isso e sem deixar a peteca cair, mandam logo “For Whom The Bell Tolls”, clássico do Metallica que teve suas famosas melodias reinterpretadas de maneira incrível, mostrando que os finlandeses fazem esse papel com maestria. Na sequência, os fãs receberam “Grace” que ganhou uma boa recepção, mas os fãs explodiram mesmo em “Refuse/Resist”, petardo do Sepultura que não deixou ninguém parado.
A participação de Erik Canales, vocalista mexicano da banda Allison, veio logo a seguir em “I’m Not Jesus” e “Not Strong Enough”, deixando claro a versatilidade da banda com suas belas melodias vocais que complementavam a intensidade dos violoncelos numa simbiose perfeita que agradou muito a todos. Do álbum “Cell-0” (2020), Eicca anuncia as duas próximas, a primeira foi “Rise”, tendo seu vídeo sendo exibido no telão no que parecia o outono, traduzindo a melancolia do coração através das cordas. Em seguida, a faixa “En Route To Mayhem”, na qual a inquietação e desespero contrastaram perfeitamente com a anterior, criando uma dinâmica formidável à apresentação.
A montanha russa de emoções que os finlandeses proporcionavam parecia não ter fim. O vocalista Erik voltou mais uma vez para interpretar a longa e a mais progressiva da noite, “Shadowmaker”, que ao final ganhou um trecho de “Killing In The Name” do Rage Against the Machine. Os fãs estavam maravilhados com tamanha destreza dos músicos que entregavam uma performance incrível. Por outro lado, a pop “I Don’t Care” colocou o Carioca Club todo para cantar seu refrão marcante. Das autorais da banda, certamente a mais celebrada da noite pelos fãs.
No setlist tiveram músicas para todos os gostos e, por falar nisso, “Nothing Else Matters” do Metallica e mais uma vez os violoncelos realçaram a beleza da música que foi cantada por todos. O Sepultura apareceu novamente no repertório numa versão arrasadora de “Inquisition Symphony”, consagrando a relevância mundial dos brasileiros. Por sinal, poderiam ter tocado a faixa “Valtio” que gravaram no disco “Nation” (2001). Quem sabe numa próxima, não é mesmo? Uma pequena pausa para apresentar os integrantes e para fechar essa parte do show com a energia lá em cima, nada melhor que “Seek & Destroy” que ganhou ainda um trecho de “Enter Sandman”.
A volta para o bis foi com “Farewell”, mais uma daquelas que ilustra com clareza as belas melodias evocadas pelos afinados violoncelos dos finlandeses, deixando qualquer um com o mínimo de sensibilidade maravilhado. Se despedem com “Peikko” e antes de deixar o palco, o simpático Eicca agradece a presença de todos e anuncia que vão lançar um novo trabalho ainda em 2024.
Ao final, o público experimentou uma sinfonia de emoções e uma demonstração de talento musical indescritíveis. A combinação da música clássica com a agressividade do metal elevou a apresentação de um show a um espetáculo, despertando sentimentos praticamente impossíveis de serem descritos em palavras, que apenas podem ser vividos.
Allen Key – Setlist:
01) Granted
02) Straw House
03) Illusionism
04) Sleepless
05) Goodbye
06) Apathy
07) Mr. Whiny
08) The Last Rhino
Apocalyptica – Setlist:
01) Ashes Of A Modern World
02) For Whom The Bell Tolls (Metallica)
03) Grace
04) Refuse / Resist (Sepultura)
05) I’m Not Jesus
06) Not Strong Enough
07) Rise
08) En Route To Mayhem
09) Shadowmaker
10) I Don’t Care
11) Nothing Else Matters (Metallica)
12) Inquisition Symphony (Sepultura)
13) Seek & Destroy (Metallica)
14) Farewell
15) Peikko