Dentro do que se convencionou chamar de death metal melódico, especialmente o da escola sueca, o Arch Enemy definitivamente desempenha entre os seus pares um papel que pode chamar só de seu: mais técnico e complexo. Isso, claro, não impediu o quinteto de apresentar algum cansaço em sua trajetória – vide Khaos Legions (2011), talvez não curiosamente o último álbum com Angela Gossow –, mas o saldo é positivo quando se atesta a regularidade de sua discografia.
E ganha pontos quando se percebe uma tentativa de revigorar o próprio som sem perder suas características, o que acontece
em Blood Dynasty, seu 12º disco de inéditas. Alissa White-Gluz (vocal), Michael Amott e o novato Joey Conception (guitarras), Sharlee D’Angelo (baixo) e Daniel Erlandsson (bateria) não reinventaram a roda, e ninguém esperava por isso, mas criaram um trabalho que pode surpreender até mesmo o fã mais antigo, assim como qualquer um pode se deixar enganar com Dream Stealer, que encaixa uma porradaria das boas depois de uma introdução e conta com vocais bem extremos de Alissa, e Liars & Thieves, cujo comecinho passa a perna no ouvinte ao prometer algo mais melódico e açucarado, porque acaba entregando uma canção com riff nervoso (até meio punk) e um refrão bem heavy metal.
Aliás, é uma das músicas em que a voz limpa de Alissa se faz presente, mas se você queria surpresas… Pela primeira vez o Arch Enemy mete um cover no tracklist regular de um álbum: a bonita Vivre Libre, dos franceses do Blasphème, e Alissa deixa o vocal extremo de lado para dar vida própria à letra (lembre-se: ela é canadense, então cantar em francês não é problema). E pela primeira vez, também, o refrão de uma música do grupo sueco não tem vocais gritados ou guturais: Illuminate the Path tem cara de hino e uma levada com um quê de Judas Priest, influência que fica ainda mais latente na excelente Paper Tiger, que exala metal tradicional.
Em termos instrumentais, o Arch Enemy eleva o próprio nível com March of the Miscreants, cujo andamento quebrado de Erlandsson é outra canção dentro da canção, e The Pendulum, que, por sua vez, são duas músicas numa só: a da ponte com o refrão, mais melódica e com um pé no metal melódico, e a das estrofes, cheia de groove. Achou pouco? A Million Suns tem algo mais comercial e, exceto pelo vocal, se aproxima do power metal; Don’t Look Down abraça o thrash metal com um riff que parece ter nascido na Bay Area dos anos 1980; e a faixa-título, digamos que mais cadenciada, tem um trabalho fantástico de guitarras, culminando no belíssimo solo de Amott, com poucas e certeiras notas. Baita disco.
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Foto: Katja Kuhl