Em uma noite fria e chuvosa, durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro, o Artillery finalmente fez a sua estreia na cidade. Na terceira passagem pelo Brasil, desta vez para divulgar o oitavo álbum de estúdio, “Penalty By Perception” (2016), a banda dinamarquesa incorporou o espírito carioca. Em um bar em frente ao Social Lapa, Soren Nico Andamsen (vocal), Michael Stützer e Rune Gangelhof (guitarras), Peter Thorslund (baixo) e Josua Madsen (bateria) estavam sentados à mesa bebendo algumas cervejas enquanto, da forma mais tranquila possível, atendia a todos que queriam autógrafos e fotos.
Por volta das 20h, o Savant, veterana banda local, começou os trabalhos com seu Thrash Metal rápido e direto, bem na linha ‘old school’ alemã, num set baseado no primeiro trabalho, “No Hope” (2007), e no ainda a ser lançado “Serial Killers Tales”. Em seguida foi a vez do Sangre, vindo diretamente de Campinas, e seu Thrash/Death de altíssimo nível. No repertório foram apresentadas músicas do disco de estreia, “Just Pray”, que chega às lojas em setembro.
Ao fim do set, a expectativa já tomava conta do pequeno, porém fanático público que tomava conta da casa. Às 22h a introdução ecoou nos alto-falantes e fez todos os fãs reverenciaram a entrada da atração principal da noite. No palco, uma formação diferente daquela que gravou os últimos dois álbuns – “Legions” (2013) e “Penalty By Perception”: o guitarrista Morten Stützer, que não pode fazer longas turnês, devido a um acidente, deu lugar a Gangelhof, e Andamsen (re)assumiu o microfone de Michael Bastholm Dahl, que não pôde vir ao Brasil por causa de problemas pessoais.
Nada disso impediu que o show fosse totalmente coeso. A abertura ficou com a nova “In Defiance Of Conformity” e, em seguida, “Legions”, faixa-título do penúltimo álbum. Logo depois, dois clássicos foram jogados com toda a fúria numa plateia extremamente satisfeita em assistir a uma lenda do Thrash: “By Inheritance” e “The Challenge” nunca soaram tão bem.
Vale destacar a excelente performance de Adamsen, que já havia gravado dois trabalhos com o Artillery – “When Death Comes (2009) e “My Blood” (2011) – e interpretou com maestria todas as fazes da banda. Cantou de forma mais agressiva as canções antigas e, como pedem os dois últimos trabalhos, de maneira mais melódica as músicas mais recentes. E a sua fase foi lembrada com dois petardos, “When Death Comes” e “10.000 Devils”.
A cara de satisfação dos cinco músicos era total por tocar no Rio de Janeiro, sendo resumida por Soren: “Esperamos anos para tocar na cidade de vocês. É uma grande honra e estamos tendo uma noite fantástica”. O que era especial para público e banda teve um fator ainda mais interessante: fundador do Artillery, Michael Stützer completava 56 anos naquela noite. Claro que um sonoro “Happy Birthday” foi cantado em uníssono pelos fãs, emocionando o guitarrista.
A noite chegou ao fim com dois encores. E a banda atacou com seus primeiros e essenciais discos: de “Fear Of Tomorrow” (1985) tivemos “The Almighty” e “Deeds Of Darkness”, enquanto “Terror Squad” (1987) compareceu com a faixa-título.
Banda e público deixaram o Social Lapa totalmente satisfeitos com uma noite recheada do mais clássico Thrash em nossas terras. Espero que não seja a primeira e última vez que toquem no Rio. O saldo foi positivo para ambos os lados, e acredito que numa próxima oportunidade o público comparecerá em maior número.
Setlist:
1. Intro
2. In Defiance Of Conformity
3. Legions
4. By Inheritance
5. The Challenge
6. Live By The Scythe
7. When Death Comes
8. Eternal War
9. Chill My Bones
10. 10.000 Devils
11. Khomaniac
12. The Almighty
13. Terror Squad
14. Deeds Of Darkness