Há vinte anos, precisamente em 1997, um bando de garotos não tinha a ideia do barulho que fariam na cena underground no futuro. Esses ‘kids’ eram o Bywar, que soltou nesse longínquo ano a demo “The Evil’s Attack”, um prato cheio para os fãs daquele speed/thrash germânico de Kreator e Destruction. Foram quatro álbuns de estúdio, shows com grupos nacionais e internacionais, mudanças de formação até que em 2011 veio a notícia de que encerrariam as atividades. Desde então, seus membros seguem na cena em bandas como Warbound e Timor Trail. Porém, é o recém-formado Deathgeist que fez as coisas estremecerem. Os ex-Bywar Adriano Perfetto (vocal e guitarra) e Victor Regep (guitarra) estão juntos como Mauricio “Cliff” Bertoni (baixo, ex-Mystic e Voiden) e Goro (bateria, Prepared to Kill), time que chegou ao ABC para saciar os fãs de thrash metal. O evento ocorreu na sexta-feira (08) no Estúdio MEA, em São Caetano do Sul (SP), que tem tudo para ser mais uma boa opção para eventos desse porte.
Não foi possível conferir a apresentação do Odium Hominum. Quando cheguei ao local, à meia noite, o Inside War começava seu set. Danilo Luna (vocal), Gabriel Dias (guitarra), Gustavo Saiz (baixo) e Danilo L. (bateria) mandaram uma mescla de death e thrash metal, que tem como destaque a brutalidade e os criativos riffs e solos de guitarra. Os pontos altos foram “Amargo do Ódio”, “Blood Mass” e “Thrash or be Thrashed”, que começa visceral e ganha passagens mega trampadas até voltar ao clima extremo.
Curiosamente, o próximo a entrar no palco foi o Deathgeist. Com o espaço cheio, à 1h da matina, Adriano, Victor, Mauricio e Goro extasiaram os fãs com a clássica “Thrashers Return”, do Bywar, ovacionada pelos presentes. Do saudoso grupo foram executadas “The Twin of Icon” e “Heretic Signs”. Claro, foi bacana recordar um período vitorioso, mas o grupo apresentou algumas composições que farão parte do primeiro álbum, prometido para o mês de novembro. Apesar de beberem no metal oitentista, as músicas não soam como uma banda da época. Como o groove e as passagens mais cadenciadas de “Day of No Tomorrow” e “Where Evil Rules”, além do refrão grudento de “Thrash Metal Fire”, que mesmo com alguns erros aqui e ali, passaram bem o recado. Afora isso, destaque para a postura do grupo, que se movimenta bastante no palco, em especial o baixista que, em vários momentos, foi “pra galera” com seu instrumento. Está aí uma banda que tem tudo para cair no gosto dos fãs de Blackning, Woslom, MX e Violator.
Infelizmente, o público debandou após o show do Deathgeist e a galera do Orthros tocou para um reduzido número de pessoas. Mas, Crisaor (baixo e vocal), MorbiDoom (guitarra) e Hephastus (bateria) tocaram por cerca de uma hora mostrando sons autorais e covers como “Black Metal” (Venom), assim dando por encerrar mais uma edição do Ataque Extremo. Apesar da oscilação de público entre as apresentações, o saldo foi positivo, mesmo que ainda os rolês de som mais segregado, especialmente no ABC, sejam sempre compostos das mesmas pessoas. Por um lado é legal por mostrar a longevidade e a fidelidade que a música transmite ao seu público, mas me questiono quando esses “camisas pretas” tiverem de fazer outras coisas na vida além dos shows. Fica a reflexão.