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BACKSTAGE FEST KORZUS / TORTURE SQUAD / NERVOSA / CARRO BOMBA – 15 de dezembro de 2018, São Paulo/SP

Para encerrar com chave de ouro esse ano de 2018, que foi tão movimentado em termos de shows de metal, o apresentador, escritor, colunista, baterista, enfim, o lendário Vitão Bonesso, em parceria com a TC7 Produções, agraciou o público paulistano com um evento comemorativo aos, ininterruptos, 30 anos de seu programa Backstage. E Vitão é vital! Vital na história do heavy metal no Brasil, sendo figura importante, e até mesmo determinante, na vida de muita gente que, graças à ele, conheceu (e/ou cresceu ouvindo) inúmeras bandas, discos, músicas e histórias do heavy metal. Isso sem contar que Bonesso abriu (e ainda abre) as portas do Backstage para muitas bandas divulgarem seus respectivos trabalhos. Para celebrar com ele o aniversário desse importante e seminal programa metálico radiofônico, quatro nomes fortes da música pesada nacional participaram do “Backstage Fest”: Korzus, Torture Squad, Nervosa e Carro Bomba. E ainda que não tenha lotado a casa, o público superou o calor intenso e compareceu em bom número ao Carioca Club para prestigiar essa data tão marcante.

Os trabalhos iniciaram com o dono da festa fazendo as honrarias como mestre de cerimônias. E a primeira banda que Vitão Bonesso chamou ao palco foi o Carro Bomba, que entrou em ação faltando pouco para as quatro horas da tarde – com o sol a pino do lado de fora. O grupo paulistano, que recentemente lançou o DVD “Ao Vivo – A Máquina Não Para” (gravado ao vivo no Sesc Belenzinho), aproveitaria o “Backstage Fest” para fazer o mesmo com seu novo material, um compacto em vinil. Entretanto, devido às questões de fim de ano, conforme explicou o vocalista Rogério Fernandes (ex-Golpe de Estado), o lançamento fica adiado para 2019. Quanto ao show, o (ainda pequeno) público foi fisgado por um repertório que dava ênfase aos três últimos álbuns do Carro Bomba: Pragas Urbanas (2014), Carcaça (2011) e Nervoso (2008) – ficaram de fora músicas dos dois primeiros, Carro Bomba (2004) e Segundo Atentado (2006), discos que tinham uma pegada menos metal e mais ‘rocker’ do que os outros três seguintes. O começo com a eletrizante Máquina, de Pragas Urbanas, seguido de duas de Carcaça, sendo elas, a cadenciada e pesada Mondo Plástico e a acelerada música homônima, foi visceral e serviu para esquentar ainda mais o público, que derretia de calor.

Ao vivo, é ainda mais instigante observar o metal cantado em português do Carro Bomba, que impressiona com os riffs viscerais de Marcello Schevano (Patrulha do Espaço / Golpe de Estado / Casch), com a precisão da cozinha formada por Ricardo “Soneca” Schevano (Baranga / Casch) e pelo novo batera Biel Astolfi, e também com a performance certeira de Fernandes. Não houve piedade, o quarteto mandou uma sequência de Pragas Urbanas (sem trocadilho aqui!), que foi de tirar o fôlego: vieram, o heavy/thrash arrasa-quarteirão Esporro, a grooveada Fuga e a própria Pragas Urbanas. Em referência aos dez anos de seu bem sucedido terceiro álbum Nervoso, que marcou a estreia de Rogério Fernandes na banda, o Carro Bomba mandou uma dobradinha com Sangue de Barata (que receita ‘deliciosa’ você deve ter imaginado agora heim?) e Intravenosa. Só não digo que senti falta de algumas das músicas ‘sabbathicas’ que o Carro Bomba possui em sua discografia, casos de Arrastando Correntes, Combustível e Fui, porque as escolhidas caíram muito bem para a ocasião. Como o tempo de palco era curto, foi plausível a banda optar por músicas mais diretas e agressivas. Em Queimando A Largada, deu até vontade de pegar a estrada em alta velocidade, por conta do efeito causado pela pegada energética dessa música. Thrash ‘n’ Roll, outra de Pragas Urbanas, deu números finais à apresentação do Carro Bomba, com uma dose de rock and roll veloz.

 

A próxima a ser anunciada por Vitão Bonesso foi a Nervosa. Após um ano de agenda cheia no Brasil e no exterior, Fernanda Lira (vocal e baixo), Prika Amaral (guitarra) e Luana Dametto (bateria) fizeram o seu último show de 2018. O trio, que segue divulgando Downfall of Mankind, abriu com Horrordome (com Lira cantando feito um cão raivoso) e ….and Justice for Whom?, duas cacetadas desse seu terceiro e novo álbum. Na primeira pausa, o público entoou o nome da banda. Foi uma ótima amostra de que se no início de carreira a Nervosa era alvo de críticas dos machistas e preconceituosos de plantão, hoje conta com o respeito da grande maioria, que faz questão de prestigiar e demonstrar seu apoio. Como propagado pelo pensador francês Marcel Proust: o tempo é o senhor da razão. A música seguinte, Death!, do debut Victim of Yourself (2014), justificou as rodas que se abriram na pista. Como eu disse em meu review sobre o recente show da Nervosa pela segunda edição do “Angra Fest”, tenho essa como minha música favorita da banda. As paradinhas mortais no final dela, ao melhor estilo ‘vai-não-vai’, assim como a linha vocal e a levada cavalgada das estrofes, são legais demais!

Como de costume, uma das músicas que mais mexeram com os ânimos dos headbangers foi Masked Betrayer, que é sempre lembrada pelo videoclipe que impulsionou o nome da Nervosa mundo afora. Outras como a grooveada Enslaved e Hostages (que no início foi acompanhada em coro pelo público) também foram responsáveis por mais rodas. Eu, que tive a oportunidade de assistir (e cobrir) a quatro shows da Nervosa em 2018, posso afirmar que, apesar de o setlist ter sido praticamente o mesmo em todas as ocasiões, essa apresentação no “Backstage Fest” foi a que o trio parecia estar tocando com mais sangue nos olhos. Prika, que geralmente tem uma movimentação mais discreta do que a da sempre comunicativa Lira, dessa vez estava ensandecida: agitou do início ao fim e, por diversas vezes, foi tocar em cima das caixas de som que ficavam posicionadas a frente do palco, próximas à plateia. Por sua vez, Luana chamou atenção com algumas sequências de ‘blast beats’ precisos – a performance dela em Never Forget, Never Repeat, por exemplo, foi um absurdo. No final do show, o mosh rolou solto com a sugestiva Into Moshpit. Agora, a Nervosa dá uma pausa para as comemorações de fim de ano e retorna em 2019, já com uma grande novidade anunciada: a sua estreia no gigante “Rock in Rio”, onde no dia 04 de outubro tocará na “noite de metal”, trazendo um convidado ainda não divulgado para o Palco Sunset.

Com o cronograma do evento sendo seguido à risca, Vitão Bonesso assumiu novamente o microfone e convocou ao palco outra banda que também irá tocar no “Rock in Rio” em 2019: o Torture Squad. A apresentação desse veterano do thrash/death metal, que já tem quase 30 anos de existência, veio cercada de expectativa, tendo em vista que o grupo daria uma pausa na divulgação de seu mais recente álbum, Far Beyond Existence (2017), para, conforme divulgou previamente, tocar o respeitado Hellbound na íntegra. O motivo é que o Torture Squad estava comemorando dez anos do lançamento desse que é o seu quinto ‘full lenght’. E outra notícia legal em relação à Hellbound, é que na véspera do “Backstage Fest”, o álbum foi, finalmente, disponibilizado nas principais plataformas digitais – isso graças à parceria do grupo com a Sony Music. Com um público presente agora em maior número, o Torture entrou arregaçando após a introdução MMXII, tocando a aniquiladora Living for the Kill.

Respeitando a sequência de Hellbound, May “Undead” Puertas – que assim como a Nervosa participou do “Angra Fest”, sendo convidada pela banda anfitriã para cantar a música Black Widow’s Web, fazendo as vezes da cantora pop Sandy e da canadense Alissa-White Gluz (Arch Enemy / ex-The Agonist) -, Renê Simionato (guitarra) e os veteranos Castor (baixo) e Amílcar Christófaro (bateria) deixaram de tocar apenas a instrumental acústica The Four Winds. No mais, o quarteto impressionou o público com o peso, a técnica e a variação de andamentos de pérolas como The Beast Within, In the Cyberwar, a própria Hellbound e o hino Chaos Corporation. Uma das mais legais no show foi Twilight for all Mankind, que começou com a introdução rolando apenas no som mecânico, mas que no decorrer teve a parte acústica sendo executada por Simionato ao violão. As vinhetas do álbum foram sampleadas e isso foi bacana, pois elas mantiveram o clima que há no disco. Foi bastante interessante ouvir Hellbound, que originalmente foi gravado com o vocalista Vítor Rodrigues, sendo interpretado na voz de May. A atmosfera obviamente foi diferente, mas a vibe e a intensidade das músicas puderam ser sentidas sob outra perspectiva.

E quem pensou que o show do Torture Squad pararia por aí, se enganou. May, Renê, Castor e Amílcar deixaram para o final algumas músicas imponentes de outros três álbuns. Começaram com duas bem antigas, a primeira delas foi Horror and Torture, de Pandemonium (2003), depois foi a vez de Unholy Spell, do álbum homônimo lançado em 2001. Seria estranho se os integrantes tivessem dado margem a alguns dos outros álbuns sem se lembrar do mais recente, Far Beyond Existence. Claro que lembraram, e então se despediram com a impactante Blood Sacrifice ­­– com direito a bela e obscura introdução que a antecede no disco. Ao final do show, Christófaro se dirigiu à frente do palco, foi ao microfone e comentou o quão especial foi comemorar com o público os dez anos de Hellbound e dividir palco com Marcello Pompeu e Heros Trench do Korzus, que produziram alguns discos do Torture Squad.

E por falar em Korzus, que tocou no “Rock in Rio” em 2011 e agora verá Torture Squad e Nervosa repetindo o feito, o grupo também teve seu motivo particular para aproveitar a festa do Backstage: estava comemorando 35 anos de carreira. E assim como o programa Backstage, as atividades do grupo nunca foram interrompidas. Algo muito legal nos shows dos Korzus é a forma como a banda entra no palco, e isso se repetiu no “Backstage Fest”. Após longa introdução mecânica (com inserções da intro do álbum Mass Illusion, de 1991), Rodrigo Oliveira surgiu atrás de seu kit de batera, seguido dos guitarristas Heros Trench e Antônio Araújo. Os três deram início à primeira música, mas somente instantes depois os dois membros originais Marcello Pompeu (vocal) e Dick Siebert (baixo) entraram em cena, vindo de lados diferentes e se encontrando no meio frontal do palco, causando histeria geral entre os fãs. O quinteto começou tocando Guilty Silence e o que se viu na pista foi o caos em forma de ‘circle pit’. A empolgação dos headbangers foi aumentando conforme iam sendo tocadas Discipline of Hate, Vampiro e Never Die. Só depois desse arsenal, foi que a banda deu uma pausa e Pompeu cumprimentou a todos. E ele comandou o público, que respondia “zus” a cada vez que ele gritava “Kor”.

A rajada seguinte com Bleeding Pride, Respect, What Are You Looking For e Raise Your Soul foi pra torturar o pescoço de qualquer ‘thrash maniac’ que se preze. E olha que o público nem imaginava a surpresa que estava por vir. Se o Korzus começou o show com um repertório focado nos álbuns que lançou nos anos 2000, ou seja, Ties of Blood (2004), Discipline of Hate (2010) e, o mais recente, Legion (2014), na segunda parte mandou músicas de seus clássicos discos dos anos 80 e 90. Então, após superar um problema na caixa de retorno de Pompeu, que superaqueceu (imagina o calor no ambiente!), rolou a clássica introdução que abre o álbum Mass Illusion e a banda fez o chão tremer com Agony. Pra minha emoção particular, o Korzus vasculhou o baú e resgatou do EP Pay for Your Lies (1989) uma de suas músicas que mais gosto: The World Is A Stage. Na verdade, o quinteto tocou apenas um trecho dela e emendou com a própria P.F.Y.L., que, curiosamente, não integra o EP de mesmo nome, mas sim Mass Illusion. E o final dessa, tocado de forma diferente e empolgante, foi interligado à Lost Man, de KZS (1995), em que na paradinha do meio Pompeu insistiu para que o público gritasse de forma ensurdecedora.

E se você pensa que acabou, ainda teve um medley todo dedicado à Mass Illusion. Primeiro veio a própria Mass Illusion – com Pompeu sentado no praticável da bateria fazendo a narrativa da introdução (no estúdio, a voz que se ouve é de Roger Rocha Moreira, produtor do álbum e líder do Ultraje a Rigor) -, depois foi a vez de The Kids on the Streets e, por fim, Beyond the Limits of Insanity.  É impressionante notar a quantidade de hinos que o Korzus soma em sua carreira, haja vista que, depois de todas essas surpresas que rolaram no meio do set, o grupo ainda tinha na manga Internally, Correria, Truth e a emblemática Guerreiros do Metal, música presente na cultuada coletânea S.P. Metal (1985). Encerrando o “Backstage Fest”, o Korzus mandou a música que dá nome ao seu mais recente álbum Legion, que considero ser uma das mais inspiradas do metal nacional. Do início dos anos 90 pra cá, dentre todos os inúmeros shows que já assisti do Korzus, esse, sem dúvida, foi um dos melhores. Como defino essa apresentação? ‘Click, clack, bum’: matadora!

Finalizada essa edição especialíssima do “Backstage Fest”, conversei com Vitão Bonesso, que se mostrou orgulhoso quanto aos 30 anos de Backstage: “Meu sentimento é de missão cumprida e de muito a ser cumprido ainda. Não paramos por aqui, o programa continua”, afirmou. “Logicamente, que se alguém há 30, 20 anos me dissesse que o programa atingiria uma marca tão expressiva, três décadas, eu iria cair na gargalhada”, brincou. “Fizemos as coisas da forma mais honesta, mais sincera, com o maior carinho e amor possível e essa talvez seja a razão de a gente ter chegado tão longe”, disse, emocionado. Quanto a festa realizada no Carioca Club, Bonesso comentou: “O evento em si, junto com a TC7, acho que foi uma forma de eu encontrar os amigos e dividir momentos legais – numa tarde/noite quente pra caralho -, e com bandas que têm um pouco da história do Backstage e que também as acompanho há tanto tempo. Muitos músicos que estavam ali, como os do Carro Bomba, já tocaram comigo. É gente que eu conheço há muito tempo… O Korzus, por exemplo, tocou na festa de aniversário de um ano do Backstage, em 1989, e agora estava comemorando os nossos 30 anos e os 35 anos deles. Foi muito legal, tudo correu da forma mais profissional possível e a galera curtiu demais. Isso me deixou muito feliz”, comemorou.

O programa Backstage vai ao ar aos domingos, das 22h00 às 00h00, na Kiss FM (102,1 mhz, São Paulo e Grande São Paulo; 107,9 mhz, Campinas e região; 102,9, litoral de São Paulo, ou online pelo www.kissfm.com.br).

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