BANGERS OPEN AIR 2025: DIA #3

04 de maio de 2025 - Memorial da América Latina (SP)

Acompanhe agora a cobertura do segundo dia do Bangers Open Air 2025, com os textos das apresentações em ordem cronológica em que os shows aconteceram ao longo do domingo, 04 de maio, nos palcos Hot, Ice, Sun e Waves. A cobertura completa dos outros dois dias de festival, realizados na sexta-feira (02) e sábado (04), você já pode conferir acessando os links abaixo:

Introdução

Sexta-Feira (02) | Sábado (03)

 

BEYOND THE BLACK (Ice Stage)

Por Marcelo Gomes 

Fotos:

 

BLACK PANTERA (Sun Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Belmilson dos Santos

Para começar o último dia de farra, foi chamado um representante de peso do metal nacional, o Black Pantera, sem dúvida um dos nomes em mais rápida ascensão nos últimos anos. Formada pelos irmãos Charles e Chaene da Gama (vocal/guitarra e baixo respectivamente) e Rodrigo Pancho (bateria), eles têm tocado em tudo que é canto – se você vai a shows e não viu o Black Pantera ainda, está fazendo algo de errado… Conhecidos por sua energia absurda em cima do palco, começaram seu show no Bangers de uma maneira diferente, com Candeia, faixa comovente de seu novo álbum, Perpétuo, com letra pra lá de impactante, mas que não é ligada no 220V sempre, que nem boa parte do resto do repertório. Provérbios, por sua vez, já inicia a porradaria, enquanto Padrão É o Caralho e Seleção Natural, seu mais novo lançamento, são a essência da violência comunitária combinada. Ter músicas mais calmas eles até têm, mas foram poucas as que acabaram figurando no setlist, com o grupo claramente optando por fazer uma apresentação mais alto-astral, dado o tempo relativamente curto que tinham, até tendo que cortar algumas músicas de seu setlist, ficando claramente surpresos quando foram avisados que sua performance tinha que acabar.

Voltando ao miolo do que aconteceu, trouxeram algumas mais antigas como Ratatatá e Mosha, que, como o próprio nome já diz, dá para imaginar o que ocorreu com a roda no meio da pista. Perpétuo veio antes de Fogo nos Racistas, que contou com aquele momento de todo mundo abaixar e pular junto, tal qual um Slipknot tupiniquim, Sem Anistia trouxe um mosh só para mulheres, Tradução deu uma segurada breve no ritmo, aquela emoçãozinha rápida, antes de sentarem o pé no acelerador na sequência final com Revolução É o Caos – que teve um wall of death de tamanho considerável, até ocasionando um “meu Deus” genuíno do vocalista – e Boto pra Fuder. A seta do Black Pantera está para cima e para frente, por assim dizer. Uma das suas próximas apresentações é no HellFest, na França, mas antes disso continuam a correria no Porão do Rock, na Virada Cultural e em alguns outros pontos importantes do nosso país. Seguindo nesta “ralação” impressionante, não surpreenderia nada nem ninguém se fossem consagrados como um dos maiores nomes do rock nacional para valer.

 

LORD OF THE LOST (Hot Stage)

Por Marcelo Gomes

Fotos: 

 

HATEFULMURDER (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Thiago Henrique (MHermesArts)

Vindo diretamente das profundezas do underground carioca, o Hatefulmurder levou ao palco uma energia inigualável. Os fãs de bandas nacionais tiveram que fazer uma escolha difícil, pois seus conterrâneos fluminenses da Dorsal Atlântica também tocavam naquele horário, no palco Sun. Eram duas gerações do metal do Rio de Janeiro se encontrando. Angélica Burns, a grande vocalista à frente da banda, deixou claro como seria a energia logo de cara, chamando todos para levantar de suas cadeiras e se aproximarem da frente antes mesmo de começar Unshaken. Já conquistados pelo quarteto, boa parte do público fez conforme instruído. Lançado no ano passado, I Am that Power é o quarto álbum de estúdio da banda, sendo o terceiro com Burns na voz, e foi o mais contemplado no setlist, com cinco das nove músicas daquela tarde oriundas de lá.

Mesmo assim, os fãs mais antigos tiveram seu momento de curtição, pois logo após se divertirem com Amusing Ourselves to Death, a vocalista anunciou que via alguns rostos conhecidos entre os fãs, então tocariam algumas velharias que tinha certeza que conheciam. Vieram Reborn, do álbum do mesmo nome, lançado em 2019, Silence Will Fall, de Red Eyes (2017) e a própria Red Eyes, antes de seguirem com mais uma sequência de I Am that Power, antes de finalizar o show com Creature of Sorrow, que contou com a participação de outra vocalista poderosíssima, nome já para lá de conhecido na cena, Mayara Puertas, a grande voz por trás do Torture Squad há mais de dez anos. Vale destacar um momento curioso que rolou durante Silence Will Fall, um “mini wall of death”, com a própria Angélica dizendo: “Sei que aqui não é um lugar muito apropriado, mas vamos desafiar a infraestrutura do palco.” Apesar do pouco espaço, os fãs abraçaram a ideia, assim como abraçaram o show como um todo, mantendo o astral lá em cima do começo ao fim.

DORSAL ATLÂNTICA (Sun Stage)

Por Rogério SM

Fotos: Andre Santos

Comemorar 45 anos de carreira para uma banda de metal é para poucos. Uma das pioneiras da música pesada no Brasil, a Dorsal Atlântica é muito mais que só um verbete nos livros do rock nacional. Isso porque sua música ultrapassa gerações e se mantém viva, atual e emocionante até hoje. Centrada na figura de seu fundador e compositor, o guitarrista e vocalista Carlos Lopes, a banda passou por muitos percalços para poder comemorar essa marca onde merece: no palco de um festival do tamanho do Bangers Open Air. Hoje completado pelo baixista Alexandre Castellan e pelo baterista Braulio Drumond, o grupo entregou aquilo que sabe fazer melhor: música pesada de qualidade. Antes até de o show começar, Lopes esbanjou simpatia, trocando ideia com o público e fazendo já um pouco de seus famosos discursos.

Apresentando-se como “a banda mais filha da puta do Brasil”, a Dorsal emendou clássicos que emocionaram os mais velhos e empolgaram os mais novos. Guerrilha abriu os trabalhos de forma magistral, enquanto víamos no telão as capas dos discos da banda, flyers antigos, fotos e matérias. Apenas um vislumbre da importância do grupo carioca para a música pesada mundial. Caçador da Noite empolgou todo mundo, mesmo quando a guitarra de Lopes falhou. Com a experiência e o talento que fez o trio ganhar fãs em todo mundo, Lopes tirou a situação como poucos, continuando a cantar e fazendo do percalço mais um aliado de sua arte. Teve também homenagem ao seu irmão, o baixista Cláudio Lopes, falecido recentemente, que arrancou palmas de todos os presentes. Além dos clássicos, músicas mais novas, como Belo Monte, mostraram como o grupo continua atual e Lopes, com a língua (e a caneta) afiada. Uma das mais aguardadas, Vitória foi um belo exemplo de como a banda se tornou uma verdadeira entidade do metal nacional. Foi um show agressivo, original e extrovertido, do jeito que tem que ser. A Dorsal não é moda, a Dorsal é foda!

PARADISE LOST (Ice Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

Fotos: Belmilson Santos 

Se houve um show no Bangers Open Air digno de ser chamado de emocionante, esse foi o do Paradise Lost. Há exatos 30 anos, os reis do Gothic/Doom de Halifax, Inglaterra, faziam sua estreia no Brasil durante a segunda edição do Monsters of Rock, em plena turnê do brilhante Draconian Times – a obra-prima definitiva da banda. Desde então, o Paradise Lost voltou diversas vezes ao país, sempre em apresentações em casas fechadas. Agora, três décadas depois, o grupo retornou a um festival ao ar livre em solo brasileiro. Fato esse marcante, um verdadeiro flashback para quem esteve no estádio do Pacaembu naquele 2 de setembro de 1995 – inclusive no que diz respeito ao anticlimax: mais uma vez, uma banda soturna como o Paradise Lost foi escalada para sob a luz do dia. A diferença é que, naquele dia, o céu estava nublado; desta vez, o calor castigava o lombo dos britânicos. Os cabelos também já não são os mesmos – para a maioria dos integrantes, eles já nem existem -, mas, no que diz respeito à formação, apenas a bateria passou por mudanças nesses 30 anos. Se em 1995 o posto era ocupado por Lee Morris, hoje Nick Holmes (vocal), Gregor Mackintosh (guitarra), Aaron Aedy (guitarra) e Stephen Edmondson (baixo) contam com o reforço do italiano Guido Zema, um monstro nas baquetas, que entrou para o Paradise Lost há dois anos.

O clima de nostalgia entre os mais velhos se intensificou quando a banda surgiu no palco tocando a belíssima e impactante Enchantment – faixa que abre o majestoso Draconian Times, também completando 30 anos, e que foi justamente a escolhida para dar início à estreia do grupo no Brasil lá em 1995. Sem lançar um novo álbum de estúdio desde Obsidian (2020), o Paradise Lost preparou um setlist contagiante e sem amarras, tendo apenas Forsaken como representante de seu trabalho mais recente. Infelizmente, a voz de Nick Holmes esteve baixa em alguns momentos do show, o que prejudicou parte de sua performance. Mas foi legal vê-lo um pouco mais comunicativo do que de costume. Holmes chegou a esboçar um sorriso discreto – algo raro – quando a plateia gritou em coro o nome da banda após as músicas Faith Divides Us – Death Unites Us e a clássica One Second. Já Mackintosh, Edmondson e Zema tocavam compenetrados em seus instrumentos, como de praxe, enquanto Aedy seguia com sorridente como sempre. Dos anos 2000, além de Faith Divides Us – Death Unites Us Forsaken, o quinteto apresentou The Enemy No Hope in Sight, faixas dos pouco lembrados álbuns In Requiem (2007) e The Plague Within (2015), respectivamente. No entanto, entre as músicas que o Paradise gravou no século XXI, a mais bem recebida foi a ótima versão para Smalltown Boy, do grupo de synthpop Bronski Beat. Ainda assim, foram os velhos hits que arrepiaram a alma dos fãs – entre eles Eternal, do álbum Gothic (1991), Pity the SadnessAs I Die, de Shades of God (1992), The Last Time, de Draconian Times, e, acima de todos, Say Just Words, sucesso de One Second (1997), que agitou geral. Pena que apenas uma hora é pouco para uma banda como o Paradise Lost, cujo repertório guarda muitas outras pérolas, como True BeliefOnce SolemnEmbers Fire, Hallowed Land e tantas mais. Convenhamos: se você esteve no Bangers, só não vai concordar que esse foi um dos melhores shows do festival se não tiver assistido ao Paradise Lost. Como sempre, soberbos!

RONNIE JAMES DIO TRIBUTE (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Foto: Marcos Hermes

Enquanto o Paradise Lost colocava a “goticaiada” toda pra chorar em pleno sol das duas da tarde, no Waves, protegido do sol, acontecia outra apresentação que poderia facilmente levar um metaleiro às lágrimas, porém, por uma razão completamente diferente. Um time de estrelas da música nacional composto por Nando Fernandes, um dos vocalistas mais potentes das terras tupiniquins, Marcello Schevano do Carro Bomba assumindo a guitarra, a máquina que atende por Amilcar Cristófaro nas baquetas e Jesus Cristo, digo, Luis Mariutti no baixo se uniu para relembrar a obra de Ronnie James Dio.

Tocando faixas que foram de seus tempos com o Rainbow à sua carreira solo, passando, obviamente, pelo Black Sabbath, contaram também com diversos convidados de peso, como Edu Falaschi, Yohan Kisser, Thiago Bianchi, Vitão Bonesso e Felipe Andreoli. Finalizaram com Rainbow in the Dark, emendada com o icônico refrão de Heaven and Hell, com a ajuda de todos os convidados no palco e todas as vozes do palco Waves. Foi uma apresentação que não só conseguiu encher a plateia, apesar de estar ainda bem cedo, como também confirmou algo que todo usuário de camisa preta sabe – o pequeno grande vocalista faz muita, muita falta!

VADER (Sun Stage) 

Por Rogério SM

Fotos: Andre Santos

A expectativa era grande pra apresentação dos poloneses do Vader. Afinal, ao longo de mais de quatro décadas de atividade, o quarteto aprimorou a brutalidade de seu death metal, conquistando uma legião de fãs a cada lançamento. Logo de cara, o público foi conquistado ao vislumbrar o baterista Michał Andrzejczyk subindo no palco com uma camiseta do Krisiun. Mas isso era só o começo, porque após os primeiros acordes de Wings, o impacto do poderio sonoro do grupo hipnotizaria os presentes de forma avassaladora. Apresentando-se no festival como um quarteto, a figura do vocalista, guitarrista e líder da banda, Peter, era mais do que o suficiente para emocionar os fãs mais ardorosos.

Com pouco papo, mas muita simpatia, a banda foi emendando clássicos atrás de clássicos, uma sucessão de músicas curtas, riffs potentes e solos cheios de alavanca. Os vocais de Peter, brutais e energéticos, dominavam os PAs, como em The One Made of Dreams. O vocalista, aliás, gritava o tempo todo chamando o público, que respondia abrindo rodas e gritando o nome do grupo. A atmosfera era infernal e os dois bumbos tocados à velocidade da luz por Andrzejczyk batia no peito como uma manada de cavalos. O clima de batalha ética teve seu auge em This is the War, com riffs demolidores e clima soturno. O grupo, porém, esbanjava simpatia, com Peter até arriscando umas frases em português. “É bom estar de volta”, anunciou o guitarrista e vocalista. E os fãs esperam que voltem ainda mais vezes.

KAMELOT (Hot Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Belmilson dos Santos

Não dando nem tempo de dar saudade, o Kamelot subia novamente no palco do Bangers, agora no Hot Stage, para fazer seu segundo show do festival, teoricamente “oferecendo uma experiência renovada e músicas mais profundas de seu aclamado catálogo”. Fizeram um show diferente, que na opinião de diversos fãs foi substancialmente melhor que o anterior, mas não foi como se tivessem desenterrado faixas que não tocam há tempos, como Soul Society, executada pela última vez aqui no Brasil, em 2014, ou Nights of Arabia e Abandoned, que ainda não tivemos a chance de ouvir na voz de Tommy Karevik. O que aconteceu, na verdade, foi que pegaram seu setlist normal e praticamente dividiram em dois – mas isso não quer dizer de jeito nenhum que o show tenha sido ruim.

Desta vez, contaram não só com a participação de Melissa Bonny, do Ad Infinitum, mas também de Adrienne Cowan, voz do Seven Spires, que também anda em turnê com o Avantasia (onde Tommy Karevik também deu as caras para cantar The Witch, música do novo álbum, Here Be Dragons que ele mesmo gravou), ajudando em Phantom Divine (Shadow Empire), que abriu a performance, e Sacrimony (Angel of Afterlife), fazendo um dueto impressionante com Bonny. De “figurinhas novas”, tivemos direito às já citadas Phantom e Sacrimony, Opus of the Night (Ghost Requiem), a sinistra The Human Stain e Center of the Universe, repetindo até a fala de “quem nasceu em São Paulo nasceu para ir para shows” seguido de um “obrigado” meio torto, mas pela energia renovada da banda, valeu a pena. Os fãs estavam até meio cansados da banda, mas as músicas diferentes serviram para dar uma leve dinamizada no produto apresentado, e com o cancelamento repentino do I Prevail por volta de duas semanas antes do festival, a produção teve que correr para achar um substituto à altura. Dado o contexto, fizeram uma apresentação muito boa, mostrando porque são um dos queridinhos do público brasileiro.

READY TO BE HATED (Waves Stage)

Por Marcelo Gomes

Fotos:

KERRY KING (Ice Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

Fotos: Andre Santos

 

HAKEN (Sun Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Belmilson dos Santos

Certamente a banda mais injustiçada do festival inteiro, o Haken teve que superar inúmeras circunstâncias para conseguir fazer seu show no Sun Stage – e, apesar dos diversos pesares, foi uma das performances mais marcantes não só do domingo, como dos 3 dias de shows. Estilisticamente, eram o “patinho feio” do cast, sendo o único representante do metal progressivo, que em si já é um gênero complexo – em termos de som e público. Como se não bastasse isso, tocaram exatamente no mesmo horário (começando 5 minutos depois) de ninguém mais, ninguém menos do que Kerry King, sem dúvida alguma uma das atrações mais esperadas do Bangers. Quando subiram no palco, sua audiência parecia ter sido uma das menores que o terceiro palco havia visto, mas isso criou uma circunstância interessante, pois boa parte de quem estava lá era muito fã da banda, então todas as músicas, mesmo tendo por volta de 10 minutos, contaram com um coro ininterrupto por parte do público, dando um ar de apresentação intimista, porém com estrutura de festival.

Em termos de qualidade de som, não há o que reclamar. Quando começaram com Puzzle Box, os graves estavam um pouco dominadores, mas de Prosthetic em diante, foi praticamente perfeito. Em relação à qualidade técnica, foi aquilo já esperado das bandas de prog: podem falar o que for, que os shows de progressivo são chatos, mas são sempre inegavelmente impressionantes. Ray Hearne (bateria) mantinha a precisão de um relógio suíço, enquanto a dupla de guitarristas se complementava perfeitamente, com Peter Jones, tecladista e gêmeo de Gusttavo Lima separado na maternidade, e Conner Green (baixo) recuados, quase escondidos, eram a cola que segurava o Haken. O que falar de Ross Jennings? Que voz! Em músicas como Cockroach King (cuja letra soa como uma versão traduzida d’A Barata Diz que Tem) seu alcance realmente era destacado, e sua presença de palco também dispensa comentários. Mereciam um show solo, digno, tocando mais de uma hora, de preferência (tocaram apenas 6 músicas), num esquema parecido com o Blind Guardian em 2023.

HIBRIA (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Thiago Henrique (MHermesArts)

A história do Hibria é de muito sucesso, muitas batalhas e sem dúvida muita superação. Um dos grandes nomes do power metal nacional, os nativos do RS vêm impressionando tanto fãs quanto críticos com seu som de ponta, mas, por uma razão ou outra, sempre tiveram mais reconhecimento na cena internacional do que no Brasil. No Japão, por exemplo, são um fenômeno. Isto não quer dizer que por aqui não sejam ninguém, pois álbuns como sua icônica estreia Defying the Rules, que celebra 20 anos este ano, são considerados clássicos do metal melódico. A apresentação daquele domingo foi o começo de uma nova fase da banda, a estreia de uma nova formação. Abel Camargo, guitarrista e membro-fundador permaneceu na formação, ao lado de Velles, que divide com ele as 6 cordas, entrando William Schuck na bateria, Tiago Assis no baixo e Ângelo Parisotto no vocal, tendo a difícil tarefa de suceder Victor Emeka, sem dúvidas uma das vozes mais marcantes do Brasil.

A formação pode até ser nova, mas começaram trazendo a nostalgia em peso, com a mais que clássica Steel Lord on Wheels, faixa que abre Defying, que foi contemplado quase na íntegra. Por conta disso, foram “desenterradas” algumas raridades, como Change Your Life Line, que de acordo com o site setlist.fm estava ausente do repertório do grupo há mais de 15 anos, e Living under Ice e Stare at Yourself, executadas pela última vez quando Iuri Sanson ainda integrava o grupo. Aliás, vale parabenizar novamente Abel pela escolha dos novos membros, que ornaram perfeitamente com a banda e mostraram estar para lá de entrosados, fazendo uma apresentação que mostrou que mesmo com uma nova escalação, a essência da banda segue a mesma. Em relação ao repertório, do primeiro faltaram apenas The Faceless in Charge e High Speed Breakout, muito provavelmente por questões de tempo. Para fechar, veio outra clássica, a vertiginosa Tiger Punch. Agora só nos resta esperar e ver o que esta nova parte da jornada do Hibria nos trará.

BLIND GUARDIAN (Hot Stage)

Por Marcelo Gomes

Fotos:

 

NILE (Sun Stage)

Por Rogério SM

Fotos: Andre Santos

Após o Vader, a noite de brutalidade no Sun Stage continuou com os americanos do Nile. Após alguns minutos de atraso, que serviram para deixar a expectativa ainda maior, o quarteto subiu ao palco e, de cara, não deixou pedra sobre pedra. A alternância dos vocais entre o baixista Dan Vadim Von e os guitarristas Karl Sanders e Zach Jeter fazia do som do Nile uma hecatombe de brutalidade. Cada um com um tipo de gutural diferente, a potência sonora do grupo, aliado aos riffs atômicos e bateria avassaladora, não davam descanso aos ouvidos. Isso ficou claro em músicas como To Strike With Secret Fang e Sarcophagus, que quase embolaram os PAs tamanha a agressividade que o quarteto impunha no palco. Tanto que a roda na plateia abriu já na primeira música e não foi parar até o final.

Fãs alucinados combinam com o Nile e assim, não perdendo muito tempo com conversa (mesmo com Sanders arriscando uns agradecimentos em português), o grupo despejava riffs atrás de riffs, com os vocais alternados dando o tom do nível de brutalidade que os americanos conseguiram atingir. Com o telão brilhando apenas o logo da banda, a atmosfera era de destruição total, como em Sacrifice unto Sebek. Em determinado momento, alguns fãs mais empolgados chegaram inclusive a se ajoelhar em reverência ao grupo. Em pouco mais de uma hora, o Nile mostrou como se faz um show de pura destruição. Claro, o volume alto contagiava até quem estava do outro lado do Memorial, fazendo com o que o show fosse um dos mais empolgantes da noite. Ao fim, a promessa de uma volta em breve, que certamente será muito bem-vinda.

MAESTRICK (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: Thiago Henrique (MHermesArts)

Mantendo forte a chama do metal melódico, outra banda de qualidade inegável tomava o palco do Waves, mas como várias outras antes dela, foram colocados em um horário um tanto ingrato, já que o Maestrick teve que competir simplesmente com Blind Guardian, W.A.S.P. e Nile. Talvez esta última e seu death metal brutal não gerasse muito conflito de público, mas ter que disputar audiência com o guardião cego certamente afetou o quarteto do interior paulista, que divulgava seu novo álbum, Espresso della Vita: Lunare. A aguardada sequência de Espresso della Vita: Solare, lançado quase 7 anos antes, o novo CD, que inclusive conta com participações de músicos do Evergrey, Caligula’s Horse e simplesmente a voz de Deus, Roy Khan, teve 6 de suas 12 faixas contempladas nos 50 minutos de show que fizeram.

Foto: Thiago Henrique (MHermesArts)

Uma coisa ficou mais que óbvia: eles têm uma base de fãs forte e devota. Um momento em que isso ficou claro foi na penúltima música, Lunar Vortex, single do novo álbum que conta com Roy Khan, e que o vocalista Fábio Caldeira não teve nem que anunciar para o público ir à loucura. Foi só tocarem sua introdução – com os dois pés fincados no metal progressivo – que parecia que o auditório iria entrar em erupção. Não foram só momentos com a energia lá no alto, pois a faixa que veio antes, Across the River, balada do último disco, foi dedicada a todos aqueles que tiveram que lidar com alguém “descendo do trem” de forma inesperada. O palco da sala Simón Bolívar, iluminado pelas lanternas de diversos celulares, foi a sede de um momento demasiadamente emocionante e, no geral, de um show de qualidade indiscutível.

Foto: Thiago Henrique (MHermesArts)

W.A.S.P. (Ice Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

Fotos:

 

WARSHIPPER (Waves Stage)

Por Daniel Agapito

Foto: Wel Penilha (MHermes-Arts)

Chocando diretamente com o horário do W.A.S.P., alguns fãs de metal extremo de qualidade fizeram uma peregrinação aos fundos do Memorial para apreciar um quarteto de death metal do interior paulista que está ralando no underground há quase 15 anos, o Warshipper. Lançando Essential Morphine em 2023, seu álbum mais recente, a banda já conta com diversas apresentações de peso no currículo, marcando presença tanto em festivais conhecidos da cena nacional, como já levando duas turnês europeias na bagagem, com a última, “Death Essentials Over Europe Tour”, ocorrendo no final do ano passado, passando por  Alemanha, Holanda, Bélgica e França, terminando pelos cantos península ibérica.

Fizeram uma apresentação sólida, que, apesar do som ensurdecedoramente alto que já era algo garantido com a experiência do Waves ao longo dos dias, cativou os fãs. Vale destacar faixas como Religious Metastasis, que, com mais de sete minutos de duração, ainda acabaram aparecendo em seu repertório, destacando o vigor dos músicos ao conseguir performar em tão alto nível por tanto tempo, especialmente considerando a natureza fisicamente desgastante do metal extremo no geral. Para quem ficou perdido sem bandas como Nile e Vader nos palcos, o Warshipper foi perfeito para dar aquela última dose de brutalidade, fazer o esquenta antes da aula do Destruction.

Foto: Wel Penilha (MHermes-Arts)

AVANTASIA (Hot Stage)

Por Luiz Tosi

Fotos: Andre Santos

O Avantasia retornou ao Brasil para encerrar o Bangers Open Air 2025 com um espetáculo grandioso, marcando sua segunda participação no festival – a primeira ocorreu em 2023, ainda sob a chancela do Summer Breeze. Idealizado por Tobias Sammet em 1999 como uma “metal opera” repleta de estrelas do heavy metal mundial, o projeto alcançou tamanha magnitude que levou o Edguy, banda original de Sammet, a um hiato indefinido. Em 2025, o Avantasia celebra o lançamento de seu décimo álbum de estúdio, Here Be Dragons, mantendo sua tradição de reunir grandes nomes do gênero. Embora seus discos recentes demonstrem certo desgaste criativo, ao vivo o projeto continua a oferecer o que promete. Com uma atmosfera de “We Are The World / festa de fim de ano na firma” – que agrada de thrashers a posers –, o show atraiu um público diverso para a grande celebração de encerramento do Bangers. A apresentação foi marcada por uma produção espetacular, com pirotecnia, efeitos visuais e uma cenografia que transportou o público ao universo fantástico do Avantasia. Com um elenco de vocalistas convidados que abrilhantaram o palco, a banda apresentou um repertório que mesclou clássicos de sua discografia com faixas do álbum mais recente.

A abertura com Creepshow deu o tom para uma noite repleta de energia e emoção. Destacaram-se performances como Reach out for the Light, com Adrienne Cowan, e The Witch, com Tommy Karevik (Kamelot), demonstrando versatilidade e potência vocal. Nem mesmo um pequeno contratempo técnico em The Scarecrow impediu a banda de manter o espetáculo em alta voltagem. Outros destaques foram Shelter from the Rain, com Jeff Scott Soto, Dying for an Angel, com Eric Martin, e Twisted Mind, com Ronnie Atkins. O encerramento apoteótico veio com Lost in Space e o medley Sign of the Cross / The Seven Angels, que reuniu todos os vocalistas no palco. Sammet manteve uma conexão constante com a plateia, reforçando o espírito celebrativo da noite. Sua presença, carisma e capacidade de costurar vozes tão distintas em um espetáculo coeso mostraram por que o Avantasia segue sendo uma das propostas mais cativantes do metal contemporâneo.

Com um line-up robusto e organização impecável, o Bangers Open Air 2025 se consolidou como um dos grandes festivais do calendário nacional. Mais do que um evento, virou um ponto de encontro entre gerações e estilos. E a boa notícia é que a próxima edição já tem data marcada: dias 25 e 26 de abril de 2026. Até lá, seguimos com os ouvidos atentos e os braços erguidos. Nos vemos no Bangers 2026!

DESTRUCTION (Sun Stage)

Por Daniel Agapito

Fotos: ArthurWaisman (MHermes-Arts) e Marcos Hermes

Foto: ArthurWaisman (MHermes-Arts)

Inseridos após o cancelamento surpresa do Knocked Loose e We Came as Romans, o Destruction, formado pelos alemães mais brasileiros do metal, confirmou uma apresentação que só pode ser descrita como histórica para fechar o palco Sun do melhor jeito possível. Você, caro leitor, pode estar se perguntando: “Ué, mas eles não estavam aqui em outubro do ano passado?” Sim! Inclusive, este que vos escreve esteve lá! Desde então, anunciaram e lançaram seu 19° álbum, Birth of Malice, lançaram o clipe que gravaram naquele mesmo show de outubro e Schmier, frontman da banda, nos confirmou o óbvio em entrevista: “São Paulo é minha cidade favorita no mundo!” Porém, não seria esse o intuito desta sua passagem por terras tupiniquins, pois, visto que seu icônico primeiro álbum, Infernal Overkill completará 40 anos ainda este mês, tocaram-no na íntegra pela primeira vez em sua história – vamos colocar isso em perspectiva, os alemães tocam músicas deste álbum desde 1983, mas nunca tocaram todas em um show só; escolheram justo o palco do Bangers para esta performance histórica – trazendo também hits de outras épocas.

Foto: Marcos Hermes

Após uma breve celebração do dia do Star Wars, 4 de maio, com a marcha imperial sendo tocada pelo sistema de PA, começaram sem massagem alguma, já com Invincible Force, faixa que introduziu a banda ao mundo e uma roda gigantesca já se abriu em frente ao palco, com um sinalizador aceso literalmente botando fogo no caos todo. À medida que os riffs seguiam, o liquidificador humano crescia mais e mais, a energia daquele momento era algo realmente indescritível. Mantendo o público em 1985, veio Death Trap, vertiginosa e brutal como sempre, e a roda continuava ativa, crescendo a cada segundo, sem dar sinal de cansaço. Fora do repertório da banda desde 2019, The Ritual continuou a sequência do álbum, seguida de Tormentor. “Caralho, Brasil! É a primeira vez que tocamos Infernal Overkill inteiro! Essa próxima geralmente vem no final, porque é a mais famosa do Destruction, tenho certeza que vocês conhecem!” Trocando o nome da música com os fãs, veio Bestial Invasion, um hino do thrash teutônico. “Finalmente um puta festival de metal por aqui! Essa próxima geralmente não tocamos por ser instrumental, Thrash Attack!” Com a energia lá no alto, fecharam o primeiro bloco do show do mesmo jeito que fecham o lado B do disco, com Antichrist e Black Death, raridade nos shows ao vivo, sumida há quase 7 anos. Com ela, estava terminado aquele feito histórico, os nativos de Well am Rhein haviam acabado de transportar o público do palco Sun para 1985. Seria legal ter visto isso com Mike Sifringer assumindo as 6 cordas? Com certeza, mas o argentino Martin Furia deu conta do recado com maestria!

Foto: ArthurWaisman (MHermes-Arts)

Saíram do palco brevemente, mas nem deu tempo de dar saudade, pois voltaram justamente com Curse the Gods, faixa que geralmente abre os shows. Para tornar a noite ainda mais memorável, não entregariam apenas o icônico álbum, como também executariam alguns de seus maiores hits, por exemplo, Total Desaster, outra faixa essencial. “Temos um problema, muitas músicas para tocar, mas muito pouco tempo, então precisamos de sua ajuda! Vocês vão escolher o que vamos tocar! Mad Butcher? Thrash ‘Til Death? Que tal Nailed to the Cross?” Tendo sondado a reação do público, continuaram a todo vapor com aquele hit com clima de páscoa, Nailed to the Cross, cantada em uma só voz por quem estava lá e não estava se quebrando na roda. Novamente contando com a nostalgia, Mad Butcher provou que Schmier e companhia têm uma habilidade incrível de compor músicas atemporais e ainda por cima executá-las com o mesmo ódio no coração que tinha à época. A penúltima seria dedicada aos próprios fãs da banda, e foi aquela com clipe gravado na capital paulista e que carrega o nome da banda, Destruction. Única representante do novo álbum, sua recepção unanimemente calorosa comprovou ainda mais o que acabei de dizer. Concluíram mais uma performance no Brasil cumprindo a promessa que haviam feito um pouco antes, com Thrash ‘Til Death, momento de catarse total.

Foto: Marcos Hermes

THE HEATHEN SCÿTHE (Waves Stage)

Por Leandro Nogueira Coppi

Fotos:

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