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BEST OF BLUES AND ROCK – SÃO PAULO (SP)

22 de junho de 2024 - Parque do Ibirapuera

Por Luiz Tosi

Fotos: André Velozo (Dançar Marketing) | Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

O Best of Blues and Rock já é um clássico no calendário de festivais brasileiros, e em 2024 chega à sua 11° edição, sempre misturando blues, rock e jazz. Esse ano o “BoBaR” passa, respectivamente, por Rio de Janeiro (RJ – duas datas), São Paulo (SP), Curitiba (PR – duas datas) e Belo Horizonte (MG), com line-ups diferentes. O festival é famoso pela variedade de estilos e gerações, e se tornou o queridinho dos guitarristas brasileiros. Já passaram pelo BoBaR heróis como Buddy Guy, Tom Morello, Steve Vai, Nuno Bettencourt, Zakk Wylde, John 5, Richie Sambora, Joe Satriani, George Benson e Joe Perry. Entre os nacionais, tivemos Ira!, Dead Fish, Nanda Moura, Malvada, Irmandade do Blues, Andreas Kisser, Lan Lanh, Yohan Kisser e Kiko Loureiro. 

Como de costume, em São Paulo o evento rolou na plateia externa do Auditório Ibirapuera, um lugar lindo e perfeito para shows. Na edição paulistana desse ano o festival trouxe Di Ferrero, CPM22, Eric Gales, Joe Bonamassa e Zakk Sabbath. O público refletia a diversidade do evento, com headbangers, “tiozões harleiros” do blues e uma galera (não tão) mais nova fã de NX Zero e de CPM22.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)
Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Di Ferrero

O ex-vocalista do NX Zero, banda referência do movimento emo dos anos 2000, agora segue em carreira solo. A apresentação mesclou músicas da sua ex-banda com faixas solo que são mais abrangentes e sem se prender ao pop-punk-emo do NX Zero. Experiente, Di entregou um show correto e competente, aparentando estar confortável e seguro com essa nova abordagem.

Foto; Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

CPM22

Um dos maiores nomes do rock nacional dos anos 90, o CPM22 chegou ao festival celebrando o lançamento do seu 8º álbum de estúdio, Enfrente!, seu primeiro em sete anos. Com 25 anos de estrada, a banda tem um domínio de palco completo, principalmente em grandes festivais. Fazendo um punk hardcore melódico calcado nos anos 90, o CPM22 combinou hits radiofônicos com algumas faixas mais recentes e um cover enérgico de Blitzkrieg Bop dos Ramones. Capitaneados pelo carismático Badaui, cuja presença de palco é inegável, a banda entregou uma performance vibrante e cheia de energia.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

Eric Gales

Eric Gales, a primeira atração internacional e o primeiro “guitar-hero” do dia, é um prodígio do blues/rock. Com um estilo que evoca a alma de Hendrix, Gales trouxe ao palco do BoBaR uma performance que mesclou técnica apurada e energia contagiante. Desde os primeiros acordes, ficou evidente o domínio que Gales tem sobre sua guitarra, estabelecendo um padrão de excelência que se manteve ao longo de todo o show.

Após uma introdução com a clássica Carmina Burana, Smokestack Lightning de Howlin’ Wolf abriu o set, seguida pela melodia cativante e refrão envolvente de You Don’t Know the Blues, faixa do álbum Crown, lançado em 2022 e coproduzido por Joe Bonamassa. O solo de guitarra arrancou aplausos entusiasmados do público.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

O pôr do sol no Parque Ibirapuera adicionou um toque especial à apresentação, com as luzes do palco criando uma atmosfera mágica. A banda de apoio, incluindo a bateria de Nick Hayes e a percussão de LaDonna Gales, esposa de Eric, complementou perfeitamente a performance.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

Em um momento de interação com o público, Gales pediu que todos fizessem gestos com o braço ao estilo hip-hop durante a execução de Put That Back. A resposta foi imediata e entusiástica, mostrando a conexão que o artista conseguiu estabelecer com a plateia. Ele também improvisou sobre um riff inspirado em rodas de capoeira, criando um dos momentos mais únicos do show.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

A faixa Steep Climb, que conta com participação de Zakk Wylde na versão de estúdio, trouxe um peso extra ao setlist. Para encerrar, uma versão caprichada de Voodoo Child (Slight Return) do Jimi Hendrix Experience, que incluiu trechos de Für Elise (Beethoven), Kashmir (Led Zeppelin) e Back in Black (AC/DC), demonstrando sua versatilidade em transitar entre diferentes estilos musicais com facilidade.

Eric Gales deixou o palco do Best of Blues and Rock com uma performance que reafirmou seu status como um dos grandes nomes do blues contemporâneo. Seu show foi uma mistura de técnica, emoção e interação com o público, fazendo jus à sua reputação e deixando todos ansiosos por mais.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)
Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Joe Bonamassa

Espetacular. Não há outra maneira de definir a apresentação de Joe Bonamassa no Best of Blues and Rock. O guitarrista redefiniu o blues moderno, honrando as tradições do gênero e incorporando elementos contemporâneos que mantêm o estilo vibrante e relevante.

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Bonamassa subiu ao palco com estilo, acompanhado por uma banda de sete músicos: Josh Smith na guitarra base, Lemar Carter na bateria, Calvin Turner no baixo, Jade McCrae e Danielle De Andrea nos backing vocals e Reese Wynans nos teclados. Wynans, uma lenda do instrumento, foi indicado ao Rock and Roll Hall of Fame como membro do Double Trouble, ao lado de ninguém menos do que Stevie Ray Vaughan. Juntos, entregaram uma performance que exemplificou a maestria técnica e a paixão pelo blues.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

O show começou com Hope You Realize It (Goodbye Again), destacando as harmonias entre o solo do guitarrista e a presença marcante das backing vocals. Twenty Four Hour Blues trouxe um blues mais tradicional, enquanto Well, I Done Got Over It foi engrandecida por um solo sem palheta. O repertório foi baseado no segundo volume de Blues Deluxe (2023), mesclando covers e canções autorais.

Self Inflicted Wounds trouxe uma beleza única, com solos incríveis e uma performance final arrebatadora de Jade McCrae. I Want to Shout About It mudou o astral, com o público acompanhando nas palmas e solos de Joe, Reese e Josh Smith. Double Trouble trouxe um solo de teclado arrepiante de Wynans, ovacionado pelo público. The Heart That Never Waits um blues melancólico com solos roqueiros, e Just Got Paid, do ZZ Top, encerrou o show com improvisações longas e um excelente solo de bateria.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

Após a indescritível apresentação, restou apenas ao público aplaudir e gritar “Joe! Joe!”. O Joe retornou ao país após 11 anos da última apresentação. “Nas minhas redes sociais sempre tinha algum cara pedindo para tocar no Brasil e eu pensava se essas pessoas realmente existiam. Se houvesse um fã real, eu já estaria feliz”, contou durante a entrevista coletiva. Que nunca mais leve tanto tempo assim para retornar.

De longe, o maior espetáculo da noite.

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Zakk Sabbath

Confesso que não morro de amores pela ideia de colocar um projeto cover encerrando um festival. Mas, Sabbath é Sabbath, então vamos lá.

Foi bom? Sim, “apesar” de Zakk Wylde. Claro que, quando se fala em prestar tributo ao Black Sabbath, poucos têm a autoridade de Zakk. Com quase três décadas ao lado de Ozzy Osbourne, o guitarrista conhece o repertório do Sabbath como poucos. Porém, se por um lado, algumas bandas tributos procuram tanto emular cada detalhe das execuções originais que acabam soando sem alma e personalidade, outras pecam por alterar tanto algumas partes e passagens marcantes, que acabam desconfigurando a obra. E quanto mais marcantes forem essas partes e passagens, maior o risco de não funcionar. E, como era de se esperar, Zakk Wylde foi Zakk Wylde. Seja interpretando Randy Rhoads, Jake E. Lee, Dimebag Darrell, ou quem quer que seja, Zakk Wylde soa como… Zakk Wylde. E com a obra de Tony Iommi não foi diferente. Ele nem de longe tentou replicar e capturar o som e a pegada originais, abusando dos seus harmônicos e timbres característicos. Ficou interessante, porém, nem sempre funciona.

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Acompanhado pelo baixista John DeServio (Black Label Society) e Joey Castillo (Danzig, Queens of the Stone Age), Zakk subiu ao palco às 20h30, ao som gravado de Supertzar, para iniciar com a improvável Supernaut, seguida pela arrebatadora Snowblind. Apesar de (mais?) desafinado, a semelhança entre as vozes de Wylde e Ozzy Osbourne era perceptível. Os maneirismos, interações e comandos do guitarrista, idênticos ao do eterno patrão, reforçam ainda mais essa percepção.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

Outra aposta equivocada, na minha opinião, foi a escolha do setlist. Claro que para os fanáticos por Sabbath (eu!), Tomorrow’s Dream, Wicked World, Lord of this World, Hand of Doom, Behind the Wall of Sleep e a magnífica Symptom of the Universe são de infartar. Mas sou da opinião de que em festivais as bandas deveriam privilegiar seus maiores sucessos, tornando as apresentações mais democráticas e inclusivas. Imagino a decepção do fã de ocasião, que não viu as previsíveis Paranoid, Iron Man, Sweet Leaf e Black Sabbath.

Foto: Roberto Sant’Anna (Road to Metal)

Isso tudo, somado a solos longuíssimos e repetitivos, fez com que o show oscilasse entre momentos de maior e menor entusiasmo. Até uma versão de 10 minutos do lado B Under the Sun a banda mandou. Excelente para mim, mas completamente desencaixada para a maioria absoluta do público. Algumas mais manjadas como Children of the Grave e Fairies Wear Boots retomaram o tom, enquanto coube às derradeiras N.I.B. e War Pigs a tarefa de (finalmente) levantar o público.

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

As músicas foram bem executadas e o talento dos três músicos é inquestionável, mas ao final da performance havia uma certa sensação de cansaço. No fim, o que vimos foi um bom show de encerramento para aqueles que viram as excelentes apresentações de Eric Gales e, principalmente, Joe Bonamassa.

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

No geral, o Best of Blues and Rock 2024 foi um festival notável, mostrando mais uma vez sua capacidade de reunir uma diversidade interessante de estilos e gerações. A mistura de talentos nacionais e internacionais, com performances memoráveis de artistas como Eric Gales e Joe Bonamassa, fez do evento uma verdadeira celebração da música. No entanto, a escolha do Zakk Sabbath como headliner deixou um pouco a desejar, especialmente para um público que esperava um encerramento mais icônico e representativo. Que venham mais dez anos de BoBaR!

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Setlist Eric Gale

Carmina Burana + Smokestack Lightning

You Don’t Know the Blues

Put That Back

Steep Climb

Too Close to the Fire

Voodoo Child (Slight Return)

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Setlist Joe Bonamassa

Hope You Realize It (Goodbye Again)

24 Hour Blues

Well, I Done Got Over It

Love Ain’t a Love Song

Self Inflicted Wounds

I Want to Shout About It

Double Trouble

I Feel Like Breakin’ Up Someone’s Home Tonight

The Heart That Never Waits

Just Got Paid

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

Setlist Zack Sabbath

Supertzar + Supernaut

Snowblind

Orchid + Under the Sun

Tomorrow’s Dream

Wicked World

Fairies Wear Boots

Into the Void

Children of the Grave

Lord of this World

Hand of Doom

Behind the Wall of Sleep

N.I.B.

War Pigs

Foto: André Velozo (Dançar Marketing)

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