Por Leonardo M. Brauna
O manauara Joel Fernandes, que há muito tempo se mudou para Betim/MG, canta profissionalmente no circuito de bares de Belo Horizonte e Região Metropolitana desde os 17 anos de idade. Contudo, em 2019, resolveu criar um projeto autoral de heavy metal, e com isso formou a Beyond the Touch, que hoje, depois de três lançamentos (EP “Victim of the Night” – 2020, álbum de estreia “One Life In a Second” – 2021, e o recente “Strange Illusions” – 2023), se estabilizou com Mauro Malkavian e Cesar Rasec (guitarras), Edson de Abreu (baixo), Phill Gomes (bateria) e Gui Morphina (teclados). Confira curiosidades sobre a banda com o próprio mentor Joel (vocalista).
A Beyond the Touch possui um arquétipo de banda, mas é um projeto seu com músicos escolhidos para gravarem e tocarem ao vivo. O que o levou a seguir este modelo e não uma carreira solo?
Joel Fernandes: Trabalho há anos em bandas covers, mas sempre tentei lançar um trabalho autoral. Contudo, por falta de tempo, não consegui engajamento para iniciar o projeto, então resolvi fazer o processo sozinho, mostrando minhas ideias às pessoas que estavam dispostas a trabalharem na produção.
O estilo musical da banda é desafiador, pois tudo parece ser focado mais na melodia, harmonia e arranjos. Por vivermos em uma era independente de gravadoras, o trabalho deve fluir melhor sem pressão. Correto?
Joel: No meu caso, eu me autocobrava como se fosse a própria gravadora, sempre estabeleci metas de prazo para objetivos, várias das músicas eram produzidas em estúdios diferentes ao mesmo tempo, o que me fazia ir de um lado para o outro com grande frequência. Havia horas em que eu ficava dedicado a uma composição, principalmente na letra, mas isso era de meu ser, as ideias apareciam a todo momento.
Para construir uma música, você entrega tudo pronto ou distribui ideias aos músicos para, a partir daí, surgir um produto final?
Joel: Geralmente levava aos produtores o trabalho no papel, um rascunho de melodia ou um trecho gravado com alguns amigos em algum momento. Tudo foi usado nos trabalhos que lancei. Juntos trabalhávamos na construção de harmonias que trouxessem o que a melodia e letra queriam dizer, desde as mais enervantes até as mais contemplativas.
Desde 2020, a Beyond the Touch vive uma fase regular na cena com lançamentos de um EP e dois álbuns completos. Em 2019, quando você postou dois singles no YouTube, já havia o objetivo de chegar ao que a banda vive hoje, ou foi algo despretensioso?
Joel: Na verdade, não esperava uma continuidade, esse trabalho era apenas para ser o que tantos músicos almejam durante muito tempo nesse cenário, um legado para chamar de seu e não deixar a vida na música sem nenhum registro de si. Contudo, o EP teve uma repercussão tão inesperada que houve necessidade de continuar o trabalho.
Durante a promoção do primeiro álbum “One Life in a Second” (2021), pessoas de outros países responderam bem a este lançamento. De onde vieram esses feedbacks?
Joel: Fiquei muito surpreso como o trabalho alcançou o público internacional, pessoas de vários países entravam em contato pelas minhas redes sociais, inclusive uma delas se tornou uma grande apoiadora, Leo Moura do Canadá, que tem um canal no YouTube chamado Omega Race. Hoje, ele apoia o projeto junto com outras pessoas de Nova York e Europa, mas também recebo mensagens de países da América do Sul.
“Strange Illusions” (2023) foi oficialmente lançado em um show, em Belo Horizonte/MG. Obviamente, o resultado foi positivo, pois muitos fãs da banda se concentram na capital mineira e Região Metropolitana. O que planeja para expandir essa campanha?
Joel: Atualmente, estamos em uma fase de adaptação, os membros oficiais da banda entraram neste show de BH e são grandes apaixonados pelo trabalho, sendo que até um deles, Cesar Rasec, produziu várias músicas. Então, junto com Mauro, Phill, Edson e Gui, estamos preparando um material de audiovisual para todo o público nos conhecer melhor, e um novo álbum já está em produção.
Assim como em “One Life in a Second”, houve colaborações de outros músicos em “Strange Illusions”. Poderia comentar um pouco sobre essas participações?
Joel: Do mesmo jeito que consegui mostrar um pouco de mim para o mundo, há tantos outros que também querem. É sempre bom trazer essas pessoas comigo. Trata-se de artistas que movimentam a cena underground local, seja na música, literatura etc. Seguindo a banda pelas redes sociais é possível conhecer cada um deles.
De onde tirou inspirações para compor os temas de “Strange Illusions”?
Joel: As letras são inspiradas em experiências de vida, situações que todos nós, independentemente de nacionalidade, raça, credo, sexualidade ou qualquer outro divisor imposto pela sociedade em geral, passamos. Muito disso está no “Strange Illusions”.
Algumas bandas têm dificuldade de tocar fora de suas cidades por compromissos de seus membros. Como a Beyond the Touch é formada por músicos convidados, isso impossibilitaria excursões pelo Brasil?
Joel: Na verdade, não. Nossa dificuldade está no patrocínio. Estamos em fase de preparação para o que está por vir, e torcemos para que isso dê certo, mas havendo possibilidade de uma excursão pelo Brasil, com certeza estamos dispostos.