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BLACK LABEL SOCIETY

Uma noite e um show bipolares. Com a informação de que o Circo Voador abriria suas portas às 22h, algo bastante razoável para uma noite de sexta-feira, não havia sentido chegar antes disso. Assim, ao entrar na casa pouco depois deste horário, pude ouvir apenas a despedida do Statik Majik, que divulga seu último disco, “Wrath Of Mind” (2013). Uma pena, pois não faltava vontade de conferir ao vivoo Stoner/Doom Metal de primeira linha feitopelo trio carioca – Thiago Velásquez (baixo e vocal), Leonardo Cintra (guitarra) e Luis Carlos (bateria). Vida que segue, o lance era procurar um bom lugar para assistir a Zakk Wylde e companhia, uma vez que o local já estava com ótimo público.

A postos quando a sirene anunciou a entrada do quarteto, a primeira impressão foi positiva: o quarto show do Black Label Society no currículo começou com o melhor som de todos –pesado e muito alto, como esperado, mas nem de longe embolado como foi o da última apresentação, em 2012. Wylde, Dario Lorina (guitarra), John DeServio (baixo) e Jeff Fabb (bateria) entraram cuspindo fogo com “The Beginning… At Last”, e o que se viu na abarrotada lona foi uma catarse sob o ritmo do riff cheio de harmônicos e do solo lancinante de Wylde, com direito a sua primeira presepada (tocar com a guitarra nas costas). Claro, a empolgação no início de qualquer show é natural, mas a banda soube tirar bom proveito disso.

O hipnótico andamento à la Black Sabbath de “Funeral Bell” caiu com uma luva antes de “Bleed For Me”, que fechou uma arrasadora trinca de abertura. Pula-pula, punhos para o alto e pulmões castigados nos refrãos tomavam conta da pista, e o grupo respondia no palco. Fabb espancava a bateria, DeServio agitava sem parar, e Lorina, apesar de certa discrição no seu canto, não escondia a empolgação. O fato de Wylde não perder muito tempo falando com o público acaba deixando o show dinâmico. Emendar uma música atrás da outra mantém a voltagem alta o suficiente para que as canções mais recentes sejam mais bem assimiladas, exatamente o que aconteceu com “Heart Of Darkness”, a primeira das quatro tiradas de “Catacombs Of The Black Vatican” (2014).

O Circo Voador já estava eletrificado quando surgiram as primeiras notas de “Suicide Messiah”, mas o negócio tomou proporção ainda maior. Se fosse para escolher o ponto alto do show, seria este. Com megafone em mãos para entoar o refrão, o roadie foi figura desnecessária, digamos que apenas ilustrativa, pois no meio dos fãs não dava para ouvi-lo. Estes cantavam muito, mas muito mais alto, e o ápice foi a deixa para o público mandar ver sozinho no fim. Funcionou bem demais, a ponto de arrancar palmas e o primeiro sorriso visível de Wylde atrás da cabeleira caída à frente do rosto.  De presente, ouviu os gritos de “Zakk! Zakk! Zakk!”. Nada mais justo.

Com a moral lá em cima, dava para jogar duas novas em sequência, “My Dying Time” e “Damn The Flood”, que ninguém iria ligar. Válido, no entanto, uma vez que o Black Label Society reencontrou a regularidade desde o espetacular “Order Of The Black” (2010). Mas a euforia deu lugar à depressão com o longo solo de Wylde. Claro, muita gente ficou babando, envolvida pelo mantra “Zakk Wylde toca para caralho”. Sim, ele toca, mas já mostra isso nas músicas – não apenas nos solos, mas também nos riffs –, e os dez minutos de fritação poderiam ter dado lugar a duas ou três músicas, o que faria uma enorme diferença. O trem voltou aos trilhos a todo vapor com “Godspeed Hellbound”, uma das melhores músicas já escritas pelo guitarrista, e antes do tradicional momento intimista dos shows do BLS houve tempo para a apresentaçãoda banda. No único momento em que parou para falar com a plateia, Wylde dedicou atenção a Lorina, que completava 25 anos naquela noite.

Com direito a bolo e velinha no palco, o chefão contou a história (fictícia, obviamente) de como negociou o passe do guitarrista com Lizzy Borden, para depois conclamar o público a cantar parabéns. Foi prontamente atendido, e Lorina agradeceu antes de sentar ao piano (bem, não um de verdade) para começar a belíssima “Angel Of Mercy”. A calmaria seguiu com “In This River”, a homenagem ao saudoso Dimebag Darrell. Wylde trocou de papel com o novo pupilo, que se saiu muito bem no emotivo solo da música. Bem recebidas, as duas baladas serviram para destacar o talento do ótimo DeServio, responsável por linhas de baixo bem sacadas.

As Gibsons Double Neck no palco anunciavam “The Blessed Hellride”, faixa-título de um dos melhores trabalhos do BLS – senão o melhor, ao menos para muitos fãs –, e o início do fim. Foi o aquecimento para o retorno total da pancadaria com “Concrete Jungle”, com adendo de um diabólico duelo entre Wylde e Lorina, e “Stillborn”, que fechou a noite levando (ou mantendo, como queiram) os fãs ao êxtase. Mas como assim fechou a noite? E “Fire It Up” e “Overload”, que vinham sendo presenças constantes nas apresentações antes da turnê sul-americana? E a massacrante “Parade Of The Dead”, que vez ou outra tem dado as caras? Nem uma, nem outra, nem a terceira. Uma hora e 25 minutos depois dos primeiros acordes de “The Beginning… At Last”, as luzes foram acesas, o show havia acabado. Foi bom? Não. Foi ótimo. Na verdade, foi excelente. No entanto, o “poderia ter sido melhor” nunca soou tão óbvio, afinal, a euforia levou uma rasteira numa noite com solo de guitarra de dez minutos, mas duas ou três músicas a menos. Ainda assim, numa noite definitivamente bipolar, a euforia caiu e se levantou.

Setlist
1. The Beginning… At Last(“Sonic Brew”, 1999)
2. Funeral Bell(“The Blessed Hellride”, 2003)
3. Bleed For Me(“1919 Eternal”, 2002)
4. Heart Of Darkness(“Catacombs Of The Black Vatican”, 2014)
5. Suicide Messiah(“Mafia”, 2005)
6. My Dying Time (“Catacombs Of The Black Vatican”, 2014)
7. Damn The Flood (“Catacombs Of The Black Vatican”, 2014)
8. ZakkWylde Guitar Solo
9. Godspeed Hellbound(“Order Of The Black”, 2010)
10. Angel Of Mercy (“Catacombs Of The Black Vatican”, 2014)
11. In This River(“Mafia”, 2005)
12. The Blessed Hellride (“The Blessed Hellride”, 2003)
13. Concrete Jungle(“ShotTo Hell”, 2006)
14. Stillborn  (“The Blessed Hellride”, 2003)

 

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