Não é hora de meias palavras: Black Sabbath é o álbum mais importante de toda a história da música, e ponto final. Você até pode argumentar que outras bandas já vinham indicando o caminho para aquilo que o Sabbath faria, mas o fato é que sem alicerces tão firmemente sedimentados, jamais teríamos uma cena heavy metal tão forte e tão prolífica. E, pasmem, estamos falando de uma cena que nasceu justamente com este álbum, cinquenta anos atrás!
E de pensar que isso tudo começou porque um baterista de gênio discreto, um baixista viciado em contos de horror, um marginal atrapalhado e um ‘dedo-pitoco’ resolveram se unir em um projeto blues rock que não deu lá muito certo… Ainda bem, para todos nós!
Mas o fato é que, quando Bill Ward, Geezer Butler, Ozzy Osbourne e Tony Iommi resolveram deixar repousar as cinzas do Polka Tusk e do Earth para se dedicarem de corpo e alma ao Black Sabbath, todo um novo capítulo da história da música começou a ser escrito. Hoje, pouco nos importa analisar a relevância que os projetos anteriores poderiam ter tido, quase blasfemamos o momento em que pensamos que Polka Tusk e Earth poderiam de fato ter vingado. O que nos interessa é que o Black Sabbath deu certo, e que o seu primeiro capítulo, ah, Black Sabbath nos abençoou cinquenta anos atrás!
Embora King Diamond esteja certo em dizer que o ‘tempo mata e o tempo cura’, é ótimo pegar o álbum de estreia do quarteto mais famoso de Birmingham, colocá-lo para rodar e perceber que ele não envelheceu nem sequer um único dia. Ainda sinto arrepios quando o som da tempestade cede lugar para o riff soturno e rabugento da faixa-título, que começa a escorrer pelos alto-falantes na velocidade de um conta-gotas.
É um tanto curioso pensar que um dia essas músicas já chocaram de verdade as audiências, que as pessoas realmente ficaram preocupadas com o ‘vínculo’ que a banda tinha com o satanismo. Afinal, para muitos, não havia nada de mais negro e maldito sendo feito na música, o Black Sabbath era desafiador e perigoso. Nunca senti isso, o que senti desde o primeiro momento, é que eles eram geniais. E mantenho essa opinião. Claro que muito dessa minha sensação vem do fato que, quando ouvi Black Sabbath pela primeira vez, eu já era fã de black e death metal. Mas, em 1970, chega a ser fácil imaginar o tipo de calafrios que tomaram de assalto a espinha de algumas pessoas. O Black Sabbath era o mal encarnado, e este primeiro álbum era uma espécie de oferenda, ou melhor, uma hóstia impura que levaria os seus ouvintes para uma comunhão direta com o próprio demônio.
A verdade é que a musicalidade genial e a publicidade reversa ajudaram a levar o álbum para cada vez mais lares, encantando cada vez mais ouvidos. Depois de ouvir os riffs monolíticos de Black Sabbath, Behind The Wall Of Sleep e N.I.B., de repente, o rock pesado não parecia mais tão pesado assim. De repente, o rock pesado parecia brincadeira de criança. O heavy metal tomava a sua forma.
É quase impossível medir o tamanho da influência que Black Sabbath teve ao longo de todos esses cinquenta anos de história. Pergunte-se, quantas bandas de heavy, thrash, doom, death ou black metal você conhece que não são influenciadas, direta ou indiretamente, pelo Black Sabbath? E que álbum conta melhor essa história de pioneirismo do que esse que completou cinquenta anos ontem?
A tempestade de Birmingham, acompanhada por riffs que soam como trovões, jamais foi interrompida. Não importa a tendência da moda, não importa o vai e vem da indústria musical, nós nem questionamos se o seu lance é a era da música digital, ou se o que gosta mesmo é de pegar um ‘bolachão’ e colocar para rodar em seu toca-discos. O ‘debut’ do Black Sabbath é um clássico atemporal no real sentido do termo, e não perdeu nem um pingo de sua relevância durante todo esse tempo e todas essas transformações.
E aí, você pode até estar se perguntando: O que uma banda faz após lançar um disco desse calibre? Bem, Ozzy, Geezer, Iommi e Ward tinham a resposta, e ela chegou logo depois, também em 1970. A resposta foi Paranoid. Ah, mas aí já é outra história. Falaremos mais sobre isso em setembro, pode aguardar!
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