“Pronto mãe, tá aí, este é o seu presente”. Ao observar um trio formato por uma garota, um rapaz e uma senhora, esta foi a primeira frase que ouvi, logo ao chegar diante do Tropical Butantã. E fazia sentido, pois, no segundo sábado de maio, vivíamos a véspera do dia das mães. Existe uma maneira melhor de presentear uma mãe fã de boa música do que com um show de uma banda que agrada praticamente todos os públicos? Aos sábios filhos, a mãe retribuiu com um forte abraço, e naquele momento percebi a emoção que seria presenciar essa primeira passagem do Blackberry Smoke pela Capital Paulista.
A passagem pelo Brasil tinha começado alguns dias antes. Na quinta-feira os norte-americanos tinham tocado em Curitiba (PR), na sexta-feira foi a vez de Porto Alegre (RS), e no sábado finalmente os paulistanos (e muitos visitantes que não perderiam a chance) puderam presenciar um show de mais um ótimo nome do Southern Rock, um estilo muito popular entre os fãs brasileiros. Sendo assim, a banda entrava no campo com o jogo ganho, e bastava não cometer deslizes para garantir uma ótima primeira impressão.
E não deu outra. Quando penso em uma banda de Southern Rock, o que quero ver é uma banda que já chegue detonando, sem enrolação, com as armas em punho e atirando para o alto, como sempre deveria ser. O começo, com Let Me Help You (Find The Door) deixou todos em chamas, pois a simplicidade do palco se tornava gloriosa com a presença da banda que tanto esperamos por aqui. Se a ausência de outras músicas de Holding All The Horses (2015, um álbum bastante apreciado pelos fãs) foi sentida, a banda tentou aumentar o nível de entusiasmo logo em seguida, com a já clássica Six Ways To Sunday (The Wippoorwill, 2012) uma daquelas músicas que eles nunca poderão sair do palco sem tocar.
Com a plateia definitivamente ganha, e disparando vez ou outra ainda um simples ‘obrigado’, a banda seguiu a sua jornada com mais alguns ‘trens caipiras descarrilhados’, entre elas, as baladas Good One Comin’ On (Little Piece of Dixie, 2009, que soa ainda muito melhor ao vivo, acredite!), Pretty Little Lie (que teve seu refrão cantado em uníssono por banda e público), e The Wippoorwill, três músicas calmas, mas que apareceram com o potencial de incendiar a noite.
Ademais, o que pode ser dito da execução soberba de One Horse Town, e da recepção que ela teve do público? Sinceramente, assisto shows praticamente todos os fins de semana, mas poucas foram as vezes que testemunhei tão forte sinergia entre banda e público, uma vibração intensa e incrível, que tenho certeza, permanecerá na memória de todos os presentes por muito tempo. Aliás, quando uma banda toca uma versão para uma música dos Beatles (Come Togheter) e ela não consegue a mesma recepção que as suas composições próprias, você sabe que aquela banda ganhou a plateia definitivamente.
E, foi isso que vimos. Uma banda que demorou para nos visitar, que foi muito esperada, e que chegou arrebatando ainda mais fãs para a sua já imensa legião de seguidores. Se deixou saudade? Fala sério… Se pudesse, estaria agora mesmo indo para outra apresentação como essa. Agradeço também a organização, pois realmente fez tudo para que pudéssemos realizar o nosso trabalho. Enfim, alguém entendeu que não se trata apenas de diversão.