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BLIND GUARDIAN – São Paulo (SP)

Terra SP – 26 de novembro de 2023

Por Ricardo Batalha

Fotos: Roberto Sant’Anna

Não é tão comum uma banda estrangeira aportar duas vezes em um mesmo ano para se apresentar no Brasil. No passado, um caso marcante ocorreu com o Skid Row, que tocou em janeiro de 1992 no festival Hollywood Rock e depois, em agosto, retornou para fazer mais duas datas em São Paulo. Agora, o Blind Guardian, que já havia feito um grande show no Hot Stage do Summer Breeze Open Air Brasil em abril, voltou em novembro para uma turnê com datas no Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (BH), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Brasília (DF) e Manaus (AM). Em São Paulo, o giro promovido pela Overload ocorreu no sábado (25) e domingo (26) no Terra SP, casa antes chamada de Terra Country e que fica localizada no bairro de Campo Grande. Exceto pelas três enormes colunas que atrapalham a visão, a casa tem uma boa estrutura, seguranças e funcionários bem educados, ar-condicionado, vários bares, banheiros limpos e espaço para merchandising.

A abertura ficou a cargo do Trend Kill Ghosts, experiente banda paulista de power metal melódico, atualmente formada por Diogo Nunes (vocal), Rogério Oliveira (guitarra), Fábio Fulini (baixo) e Leandro Tristane (bateria). Acostumada a abrir grandes shows internacionais, como U.D.O., Symphony X, Elvenking, Ripper Owens, W.A.S.P. e outros, iniciaram o set com “Marching to the Light”, faixa de abertura de “Until the Sun Rise Again” (2021). O som foi sendo ajustado, pois estava muito alto no começo, e então veio a veloz “Puppets of Faith”, single e clipe de “Until the Sun Rise Again”.

Em “Rebellion”, também de “Until the Sun Rise Again”, o vocalista Diogo Nunes, sumidade em se tratando de voz limpa e aguda, mostrou seus dotes em vocais rasgados e agressivos, da forma como usa em sua outra banda, Throw Me To the Wolves, que em breve estreará com o single/clipe “Gaia”. “Deceivers”, de “Kill Your Ghosts” (2019), mostrou que nem só de velocidade se faz o som do grupo.

O set seguiu com “Prisoners in Our Minds”, que na versão em estúdio conta com a participação de Roland Grapow (Masterplan, ex-Helloween). Falando em colaboração, “Poisoned Soul”, que na versão de “Until the Sun Rise Again” traz Marina La Torraca (Phantom Elite, Exit Eden e Avantasia), contou com a presença de Karina Menasce (Allen Key, ex-Mercy Shot). O set foi encerrado com a conhecida “Ghost’s Revolution”, que no debut trouxe Ralf Scheepers (Primal Fear, ex-Gamma Ray e Tyran’ Pace).

O grupo foi bem recebido pelo público, comprovando que o estilo tinha tudo a ver com a atração principal, pois o Trend Kill Ghosts vai na linha Stratovarius, Gamma Ray, Angra, Helloween e Blind Guardian. “Poder fazer parte de uma das noites mais épicas do power metal no Brasil é uma honra, um sonho realizado poder tocar mais uma vez com ídolos nossos. E o melhor, a convite deles! A recepção do público foi incrível, estamos em êxtase. Duas noites que estão marcadas por toda eternidade para nós”, comemorou Diogo Nunes.

Antes mesmo de a atração principal surgir no palco, os fãs já mandavam o tradicional “Olê, olê, olê, olê… Guardian… Guardian”. A torcida do metal melódico se fez presente em excelente número, já que cerca de 4.500 pessoas viram o Blind Guardian em ação em São Paulo nas duas datas. Por volta das 20h, Hansi Kürsch (vocal), André Olbrich e Marcus Siepen (guitarras), Johan van Stratum (baixo), Frederik Ehmke (bateria) e Michael Schüren (teclado) entraram em cena como vêm fazendo há tempos, detonando com “Imaginations from the Other Side”. A faixa-título do álbum de 1995, um dos maiores clássicos dos alemães e o último em que Kürsch ainda acumulava a função de baixista, atendeu a ansiedade dos presentes, que agitaram e cantaram.

Kürsch, que havia dito em abril que a banda voltaria em breve, saudou e agradeceu os fãs pelo apoio, interagindo sempre com bom humor e calma. “Nós estivemos ausentes por tanto tempo (N.R.: nem tanto, mestre… nem tanto), mas é tão incrível como sempre. Boa noite, São Paulo!”. A ação energética no palco e a reação animada na pista e mezaninos da casa deram o tom do espetáculo – em diversos momentos com o habitual “Olê, olê, olê, olê… Guardian… Guardian”. Porém, diferentemente da vinda em abril, em que fez um show diferente por estar no cast de um festival, a nova passagem pelo Brasil serviu para efetivamente poder promover o mais recente álbum, “The God Machine”. Tanto que a capa com o anjo caído Gadreel, que faz parte da série “Angelarium”, do ilustrador americano Peter Mohrbacher, foi retratada no enorme backdrop do cenário de palco, que trouxe, abaixo da bateria de Ehmke, uma bandeira do Brasil.

Sob este clima veio “Blood of the Elves”, terceiro single de “The God Machine” e que mostra o resgate do peso e a pegada anos 90 que os fãs tanto ansiavam. A letra é inspirada no mundo de fantasia medieval de “The Witcher”, um game de RPG que virou série de TV e segue a história de Geralt de Rívia, filho da feiticeira Visenna e um dos últimos bruxos restantes na Terra.

Com o repertório diferente em relação ao dia anterior, foi a vez de “Time Stands Still (At the Iron Hill)”, de “Nightfall in Middle-Earth” (1998), que remete à primeira vinda da banda ao Brasil e foi naturalmente foi bem acolhida pelos fãs, da mesma forma que “Ashes to Ashes”, de “Somewhere Far Beyond” (1992). A porradaria “Violent Shadows”, única de “The God Machine” apresentada no show do Summer Breeze em abril, veio na sequência.

Conforme pedido por Hansi, os fãs não se sentiram pressionados e se colocaram para soltar a voz nos coros de “Skalds and Shadows”, faixa acústica que fala da “Saga de Volsung” e integra o repertório de “A Twist in the Myth” (2006). Ela tem aquela atmosfera de “The Bard’s Song” e “A Past and Future Secret” e fala sobre os skalds, músicos e poetas da sociedade viking que recitavam poesias celebrando feitos heroicos, batalhas e figuras lendárias.

O vocalista voltou a saudar os fãs pela cantoria e deixou o recado: “a vida é uma celebração, não tenho dúvida disso. Mas há sempre um lado negro que nem sempre precisamos falar”. Esta foi a deixa para “Born in a Mourning Hall”, a preferida deste que vos escreve e que retomou os tempos de “Imaginations from the Other Side”. Então veio mais uma de “The God Machine”, a versátil “Secrets of the American Gods”, inspirada no romance de fantasia de Neil Gaiman que fala sobre como os deuses são moldados pelas histórias que as pessoas contam sobre eles.

Na sequência veio o cativante hino acústico “The Bard’s Song – In the Forest”, de “Somewhere Far Beyond” (1992), em que o público se entregou, bradando a melodia com entusiasmo. Por sinal, ouvir as vozes dos fãs ecoando é habitual em shows do Blind Guardian, especialmente neste momento em que Hansi Kürsch deixa o público brilhar. Além disso, é possível ver que os músicos, por mais experientes e rodados que sejam, curtem de verdade esta interação e se emocionam. Com relação às performances, Kürsch se mantém com a mesma força e potência, enquanto os músicos, em harmoniosa sincronia e coesão, executam suas partes com perfeição. Se Marcus Siepen segura tudo nas bases, um dos segredos da identidade musical da banda sai das mãos e do pé de André Olbrich, pois o uso do pedal wah-wah dá o tom.

“The Quest for Tanelorn”, que fala sobre a cidade fictícia no Multiverso das histórias de Michael Moorcock, levou os fãs de volta aos tempos de “Somewhere Far Beyond”, enquanto a acelerada “Lost In The Twilight Hall” voltou ainda mais, recordando a fase “Tales from the Twilight World” (1990). Vale destacar a destreza e precisão da seção rítmica com o baixista Johan van Stratum e o baterista Frederik Ehmke.

Kürsch agradeceu os presentes, falando que o show havia terminado, mas até o segurança da área externa e o vendedor ambulante no meio da rua sabiam que o set teria mais músicas. Assim, ninguém se surpreendeu quando os músicos voltaram, sem muita demora, ao palco. No retorno, já sob aplausos e gritos dos fãs e o coro “Olê, olê, olê, olê… Guardian… Guardian”, veio a longa “Sacred Worlds”, que relembrou os tempos de “At the Edge of Time” (2010).

“Blood Tears”, de “Nightfall in Middle-Earth”, e a antiga “Wizard’s Crown”, do debut “Battalions of Fear” (1988), vieram na sequência. “Welcome to Dying”, de “Tales from the Twilight World” (1990), empolgou ainda mais. Da mesma forma ocorreu com a sempre aguardada “Valhalla”, de “Follow the Blind”, que habitualmente tem forte participação do público cantando “Valhalla! Deliverance! Why’ve you ever forgotten me!”. Se na mitologia nórdica fala do majestoso salão localizado no reino dos deuses e associado aos guerreiros que morrem em combate, os músicos receberam a energia e a resposta positiva dos fãs como uma recompensa pela entrega total em sua performance.

Mantendo a energia no alto e provando que o Blind Guardian realmente gasta até a última ponta de energia durante suas apresentações, o extenso encore seguiu com “Mirror Mirror”, de “Nightfall in Middle-Earth”. Porém, como Hansi havia afirmado que os melhores shows da banda são aos domingos, o set foi ampliado a pedido dos fãs. O vocalista questionou: “Se não tocarmos ‘Majesty’ vocês não vão nos deixaram sair”. Recado entendido e o fim do show se deu com este clássico do power metal que abre “Battalions of Fear”. “Majesty” também foi tocada no Summer Breeze em abril e é uma das mais importantes da carreira da banda, pois vem dos tempos de Lucifer’s Heritage e é a primeira a versar sobre a mitologia de Tolkien, citando na letra elementos como os Orcs, Gandalf, Nazgûl e Sauron, da trilogia épica “O Senhor dos Anéis” (1954-1955).

O final realmente mostrou que o reino da magia é real com a troca e a interação entre banda e fãs. Hansi Kürsch declarou antes do encore que “São Paulo sempre detona”. Bem, a recíproca é verdadeira, pois a banda entrega o que promete. O clichê “todos saíram satisfeitos” é uma constatação, pois o sorriso e a felicidade estampadas no rosto de cada um falou por si nesta noite.

Setlist – Blind Guardian:

Imaginations from the Other Side

Blood of the Elves

Time Stands Still (At the Iron Hill)

Ashes to Ashes

Violent Shadows

Skalds and Shadows

Born in a Mourning Hall

Secrets of the American Gods

The Bard’s Song – In the Forest

The Quest for Tanelorn

Lost In the Twilight Hall

Sacred Worlds

Blood Tears

Wizard’s Crown

Welcome to Dying

Valhalla

Mirror Mirror

Majesty

 

Setlist – Trend Kill Ghosts:

Marching to the Light

Puppets of Faith

Rebellion

Deceivers

Prisoners in Our Minds

Poisoned Soul

Ghost’s Revolution

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