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BLOODSTOCK OPEN AIR 2011

A 11ª edição do “Bloodstock Open Air” segundo os fãs que comparecem a cada ano, foi a melhor de todas. Não só pela qualidade e quantidade de bandas dos mais variados estilos e dimensões (84!) mas também pela estrutura impecável e perfeitamente dimensionada para os cerca de dez mil headbangers presentes. Já para nós foi tudo muito similar a tudo que ocorreu em 2010, quando cobrimos esse festival pela primeira vez, ou seja: perfeito. Três dias de muito Metal de qualidade!

Muito se fala dos festivais mais famosos que ocorrem na Alemanha, reunindo de cinquenta mil a cem mil pessoas, mas, verdade seja dita, os festivais “menores” conseguem criar uma excelente atmosfera com a comodidade de não estar o tempo todo envolto em uma multidão. Isso traduz-se também na facilidade na hora de comprar a essencial comida, ir ao banheiro e, especialmente, pegar cerveja! E, claro, facilita muito na hora de assistir os shows, já que de quase todos os pontos se tem boa visão do palco.

Assim como na edição anterior, foram montados três palcos que abrigaram shows quase simultaneamente: “Ronnie James Dio”, que reuniu as bandas principais se apresentaram, “Sophie Lancaster”, montado dentro de uma tenda de circo para bandas “cult” ou “não-tão-famosas”, “New Blood Stage”, corretamente denominado já que era o lugar para as bandas menores e ainda sem contrato. Acabamos por nos concentrar nas bandas do palco principal, já que era impossível acompanhar a todas as apresentações.

Diariamente, a partir das 11h da manhã o som já comecava a rolar nos palcos, e só acabava lá pela meia noite, quando começava uma discotecagem na tenda “Sophie Lancaster” baseada em clássicos do Hard e do Metal.

Sexta-feira, 12 de agosto

Na sexta-feira, logo ao chegarmos fomos agraciados com um show do Coroner. Após 18 anos de inatividade, eis que os suíços finalmente retornaram à ativa! Mal havíamos chegado e já demos de cara com um show de Thrash Metal de cair o queixo. O final de semana já ia mostrando-se promissor! Com um membro extra, Dan, apresentado como “amigo da banda” que estava dando uma ajuda nos backing vocals e samplers, a banda mostrou-se precisa e coesa, como se nunca tivessem se separado. A despeito de não ser uma banda que investe em presença de palco e visual, mas sim na sua música complexa e cheia de ‘groove’, o Coroner tocou um set curto mas com um pouco de quase todos os seus discos, incluindo sons como Masked JackalSemtex Revolution e D.O.A., entre outras. A apresentação do Coroner no “Bloodstock” fez parte de sua tour de reunião e se a banda se basear nas empolgação de seus fãs ingleses, não para nunca mais!

Era final de tarde e a noite logo cairia. A frente do palco estava completamente tomada, já que a partir daí era “horário nobre” e todos queriam garantir seu lugar para assistir ao Kreator, mas também aos outros grupos que ainda subiriam ao palco, incluindo Devin Townsend e o muito aguardado W.A.S.P como headliner do dia.

Kreator iniciou seu ataque para um público mais do que aquecido e que clamava pelos lendários alemães de Essen. Não há dúvidas de que os pedidos de Mille Petrozza para que os fãs criassem os maiores “circle pits” do festival foram atendidos. Os seguranças enlouqueceram tentando controlar o público que se esmagava contra a grade ou criava “ondas” de headbangers que “surfavam” a massa incessantemente, caindo na frente do palco – diretamente nas “garras” dos seguranças. Para quem já viu um show do Kreator, esse não trouxe muitas novidades. Inclusive as falas de Mille entre as músicas foram similares ao que ele disse no “Graspop” (festival na Bélgica) deste ano. Claro, isso tira um pouco da naturalidade do show, mas acaba minimizado pelos poderosos clássicos que a banda insiste – felizmente – em repetir a cada show. Dessa maneira, Pleasure To Kill (apresentada daquela maneira que todos conhecem: “Pleasure to, pleasure to, pleasure to killl!”), Enemy Of God e a porrada que encerrou o show, Flag Of Hate, foram os pontos altos e enlouqueceram o público como sempre. Outros sons de destaque dentre os doze executados em uma hora de “Thrash Metal madness” foram Destroy What Destroys You Violent Revolution. Ao final da apresentação, e parecendo um pouco indignado por não ser o headliners da noite, Mille bradou que ano que vem o Kreator estaria de volta, e dessa vez na posição principal. Aguardemos!

Curta pausa para uma Guiness (havia uma ampla seleção de cervejas inglesas e irlandesas ao dispor dos bangers curiosos por explorar os sabores da cevada britânica) e já era hora do show do Devin Townsend. Retornando ao palco do festival em que fez um show ovacionado e muito elogiado pela crítica no ano anterior a despeito das falhas técnicas (ver review desse show em www.roadiecrew.com.br), o multi-instrumentista aclamado como genial por muitos mais uma vez brindava o público com irreverência, bom humor e, principalmente, altas doses de música pesada, técnica e muito criativa. A bem da verdade, fica muito díficil até classificar o som que Devin produz com sua banda. Na opinião de muita gente – incluindo a nossa –, esse foi o show do dia.

Com a missão de manter um público que vinha de um show poderoso como o Kreator, o canadense manteve o clima em alta surpreendendo até mesmo aqueles que não conheciam a banda. Sem dúvida, o Devin Townsend Project ganhou novos fãs nessa noite! O set passeou por quase toda a extensa discografia do grupo e incluiu sons antigos, como Kingdom Bad Devil, e também material recente, a exemplo de Supercrush. Também rolou By Your Command do interessante projeto Ziltoid de 2007, pontuada com eventuais aparições do personagem no telão. Como já dito, o show do dia!

Pontualmente as 22h, Blackie Lawless sobiu ao palco principal do “Bloodstock” para encerrar o primeiro dia de shows. O W.A.S.P. atual raramente tem oportunidade de ser headliner em festivais de maior porte, logo a banda se esforçou para entregar um set repleto de clássicos tocados com muita vontade e dedicação. Um verdadeiro coral de fanáticos cantou com o grupo temas como WildchildOn Your Knees e a inevitável mas sempre ótima I Wanna Be Somebody, na qual Lawless, como sempre, jogou os refrãos para o público cantar à exaustão. Também rolou o tradicional medley de Hellion/I Don’t Need No Doctor/Scream Until You Like It. O final veio na forma de sons de motoserra, que anunciavam Blind In Texas.

Com a voz à prova do tempo, Blackie Lawless deixou todos maravilhados com uma performance digna dos melhores anos da banda. Por outro lado, não poderíamos dizer o mesmo de sua imagem, bastante “desgastada”. É sempre complexo avaliar a aparência de um músico, mas quando temos uma determinada imagem fixada na memória é chocante perceber que mesmo os ídolos envelhecem. E muito. Ainda lembro de uma garota comentando durante o show que ele estava de fato tornando-se “A Besta” do tema Animal: Fuck Like A Beast“. Se essa música estivesse no repertório, a caracterização teria sido perfeita.

Sábado, 13 de agosto

O sábado – nosso último dia no festival, que ainda seguiria domingo adentro – começou como todos os “dias seguintes” de festivais: sonolento e ressaqueado. Lentamente, os headbangers arrastavam-se em busca de café, água, pão, pizza ou qualquer outra coisa que formasse uma base para começar a encher o corpo de cerveja mais uma vez. Alguns poucos permaneceram acordados e bebendo desde o dia anterior – e era fácil perceber quem eram esses “guerreiros”… De forma estranha para o porte da banda, o Grave Digger foi a segunda a se apresentar, logo após o Skeleton Witch (grupo que vem crescendo muito mas que não pudemos assistir já que, como a maioria, estávamos em busca de comida!).

Sob o sol do meio dia – sol, felizmente! –, a banda iniciou seu set que se revelaria bastante curto, com apenas oito músicas. Pontuado por problemas técnicos no som da guitarra e no microfone de Chris Boltendhal, o que visivelmente irritou bastante os músicos, a apresentação show seguiu sem maiores surpresas com um set devotado em partes à história da Escócia. Inclusive, o tradicional “mascote-tecladista” da banda, Hans Peter “H.P.” Katzenburg, fez as honras da abertura vestindo um ‘kilt’ – tradicional saia escocesa – e tocando gaita de foles na intro Days Of Revenge, do último álbum do grupo. A “batalha” de fato começou com Paid In Blood, que manteve a sequência do último disco. Na sequência veio The Dark Of The Sun, do EP homônimo (1997). A partir daí, além de mais alguns sons recentes, foram somente clássicos, incluindo Rebellion, Excalibur Heavy Metal Breakdownque encerrou o show e acordou de vez os últimos “ressaqueados”.

A seguir, aportaram no palco os finlandeses do Tarot, que recentemente estiveram no Brasil para algumas poucas datas. Contando com Marco Hietala – que fez fama no Nightwish – no baixo e vocal, a banda conta ainda com seu irmão mais velho, Zachary, nas guitarras – completam o time Peccu Cinnari (bateria), Tommi Salmella (samplers e um excelente backing vocal) e Janne Tolsa (teclados). A banda, que injustamente é pouco reconhecida e somente agora vem encontrando maiores audiências, mostrou um Power Metal/Metal Tradicional de grande qualidade, com músicas de alto nível e vocais, tanto de Marco Hietala quanto de Tommi Salmella, que impressionaram a todos.

Com uma atitude tranquila e divertida no palco, era nítido que os músicos estavam muito felizes por poderem apresentar seu som para o público inglês. Não havia tensão alguma no ar, apenas uma evidente satisfação. O Tarot, música após música, foi ganhando o público. Certamente muitos não conheciam a banda, mas não dava para ficar alheio à qualidade da apresentação. Dentre os sons apresentados, destaque para as mais conhecidas Ashes To The Stars Pire Of Gods. Também foi interessante o cover de Veteran Of The Psychic Wars, do Blue Öyster Cult, cantada integralmente pelo excelente Tommi Salmella.

Mais adiante foi a vez do Therion, que mostrou um show mais teatral e estreou uma nova vocalista – Linnéa Vikström, irmã de Thomas Vikström, que gravou um disco com o Candlemass (Chapter VI). A banda era claramente uma das mais aguardadas do dia, dada a quantidade de fãs que aglomeravam-se em frente ao “Ronnie James Dio Stage”. Normalmente rotulada como Symphonic Metal, a banda vem como sempre se mostrando além das possibilidades de categorização de seu som, agora cada vez mais se aproximando da Ópera. Aliás, se Giuseppe Verdi ou Richard Wagner vivessem em nossos dias, é provável que estivessem fazendo um som como o do Therion…

Brincadeiras à parte, o show foi marcado pela interpretação dos quatro vocalistas, relegando a segundo plano o instrumental e os inúmeros samplers. As performances vocais foram tão boas e impressionantes que era difícil prestar atenção em qualquer outra coisa. Da abertura com Sitra Ahra, do último disco de mesmo nome, até a finalização com a clássica The Rise Of Sodom And Gomorrah, entremeada por excelentes músicas como HellequinNifelheim e a sempre presente To Mega Therion, o grupo sueco não deixou dúvidas: há muitos anos é uma das bandas mais criativas e inovadoras do cenário Metal.

Mantendo a aura de Música Clássica deixada pelo Therion, a sequência nos brindou com um show do Rhapsody Of Fire, banda que teve seu auge no final do milênio passado, quando ainda se chamava apenas Rhapsody e impressionava pela inovação. Só que impressionou na época e aparentemente não conseguiu se reinventar em seus discos, mantendo até hoje a fórmula do Metal Melódico com elementos orquestrais que os consagrou. A despeito disso, ao vivo a banda impressiona – e muito. Seja pela voz impecável de Fabio Lione seja pela maestria de um dos mais técnicos guitarristas em atividade, Luca Turilli, a verdade é que o Rhapsody Of Fire deixou todos os seus fãs mais do que satisfeitos.

Em sua primeira aparição em solo britânico (!), o grupo brindou a plateia com um repertório cheio de clássicos, incluindo Dawn Of VictoryHoly Thunderforce e a provavelmente mais aguardada, Emerald Sword. Apesar da qualidade do seu som e da perfeição de seu show, não há como saber quando os fãs voltarão a ver essa formação reunida: em abril último, Luca Turilli e o baixista Patrick Guers anunciaram que criarão um “novo” Rhapsody.

Durante todo o dia, crescia a quantidade de headbangers usando ‘corpse paint’, grande parte deles homenageando Abbath, do Immortal, banda que fecharia essa nossa última noite dessa edição do festival. Era realmente difícil de entender quão a sério a grande maioria desses “mascarados” estava levando a homenagem, mas, a bem da verdade, aqueles que não ousaram usar um ‘corpse paint’ puderam se divertir muito vendo os “guerreiros” desfilando de um lado para outro.

E eis que chegava a hora dessa “horda” de ‘black metallers’ prestar tributo a seus ídolos. Uma das bandas mais solicitadas pelo público do “Bloodstock”, o Immortal fez mais uma de suas poucas aparições no verão europeu. Tocando um set list que incluiu sons recentes e clássicos mais antigos, todas as fases da banda, excluindo o álbum Blizzard Beasts, foram representadas e despejadas com fúria por sobre os fãs, que há nove anos não viam essa lenda viva do estilo em solo inglês.

Em uma apresentação marcada por muitos efeitos de luz e pirotecnia, além das performances de palco e posturas já características, o Immortal brindou a galera com clássicos como Sons Of Northern Darkness, Damned In Black, One By One e Grim And Frostbitten Kingdoms, enquanto as performances violentas em In My Kingdom Cold Solarfall foram igualmente impressionantes. O set principal foi encerrado com Withstand The Fall Of Time.

Uma cascata pirotécnica trouxe a banda de volta ao palco para satisfazer os ainda ávidos bangers. O som escolhido para brindar os últimos momentos da banda no palco não poderia ser outro: Beyond The North Waves. Para finalmente encerrar sua performance no “Ronnie James Dio Stage”, The Sun No Longer Rises fez todos erguerem as mãos reverenciando o trio com aquele símbolo tão famoso nas mãos do vocalista que dava nome ao palco. Finalizado o Immortal, demos mais uma passada pela tenda em que rolava a discotecagem clássica para mais algumas cervejas – e assim terminou nossa passagem por mais uma edição desse excelente festival.

Com cada vez mais brasileiros excursionando pelos festivais de verão europeus, fica a recomendação de visitar o “Bloodstock”, evento que, se não é o maior, sem dúvida é um dos que conta com excelente organizacão e, principalmente, em todas as edições disponibiliza um elenco de bandas de qualidade e de estilos variados que certamente deixam qualquer um satisfeito. Afinal, o lema do Bloodstock é: “Feito por fãs, para os fãs.” Assim, se tiver oportunidade em 2012, não deixe de ir. Anvil e Orange Goblin já estão confirmados e a organização promete o melhor elenco de todos os tempos no próximo verão.

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