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BRANT BJORK: pai do stoner rock se apresenta pela primeira vez como artista solo no Brasil

Quantas vezes você já ouviu falar em stoner rock nos anos 2010? A todo instante surge uma nova banda do estilo, cuja origem pode ser atribuída a Palm Desert. E a cidade californiana foi o centro de um movimento que deu ao mundo, em 1987, o Kyuss, formado inicialmente pelo baterista Brant Bjork ao lado de John Garcia (vocal), Josh Homme (guitarra) e Chris Cockrell (baixo) – este último substituído no mesmo ano por Nick Oliveri, fechando assim a formação clássica do grupo, que até 1990 atendeu por Sons of Kyuss. E foi a saída de Bjork, que fundou o grupo quando tinha apenas 14 anos, que mostrou com quem estava o espírito rock’n’roll que forjou o quarteto. Produtor e multi-instrumentista (além de cantar, também toca guitarra e baixo), o músico tem um currículo com mais de 30 discos e a alcunha de pai do stoner rock, e essa história que se apresenta pela primeira vez como artista solo no Brasil, em apresentação única no país, dia 17 de outubro, no Fabrique Club, em São Paulo. A ROADIE CREW bateu um rápido papo com Bjork, que comprovou ser um artista tão peculiar quanto a própria música, por isso mesmo interessante.

Vamos começar falando de seu “novo” álbum, Jacoozi (2019). Por que demorou tanto a lançá-lo, uma vez que as músicas foram gravadas em 2010?
Brant Bjork: Levei todo esse tempo porque, quando o gravei, eu não tinha acordo formal com nenhum selo, nem mesmo uma data específica de lançamento. A intenção por trás de Jacoozi era mais a sua criação, não necessariamente o seu lançamento. Em 2010, não havia uma gravadora sequer com a qual eu me sentisse confortável para ceder o disco, à exceção talvez do meu próprio selo. Além disso, àquela época, eu não estava a fim de lidar com o lado dos negócios e da logística de lançar um álbum, então o mantive guardado. Durante esses nove anos, a cena do rock floresceu e as gravadoras começaram a aparecer, então o momento se mostrou apropriado. A companhia que considerei a melhor opção para lançar o Jacoozi foi a Heavy Psyche Sounds, e ela harmoniosamente sentiu a mesma coisa.

Bom, obviamente, eu usei aspas na palavra ‘novo’ porque as músicas não são novas, mas Jacoozi soa atual. Talvez porque seja algo que as pessoas não esperavam de você, mas, ainda assim, não é algo que se escuta atualmente.
Brant: Isso é interessante. Sinto que Jacoozi é um disco muito cru e revelador. Ao improvisar, você insere atemporalidade, e muitas vezes os resultados são atemporais. E o que é atemporal sempre vai soar atual. Trata-se de um trabalho muito íntimo. Talvez soe diferente para alguns dos meus fãs, mas para mim é bastante orgânico. É o som de quando estou curtindo no sofá apenas de cueca (risos).

Tenho algumas músicas favoritas, como Oui, Mixed Nuts e Lost in Race, mas devo dizer que Guerilla Funk é viciante. Algo especial sobre ela?
Brant: Não há muito que dizer a respeito dela, realmente, mas Guerilla Funk é suja. É livre. Seja lá o que for, é uma canção pura.

A propósito, Jacoozi nasceu da decisão de fazer jams com você mesmo, o que acredito ter sido um processo interessante. Como funcionou?
Brant: O processo de gravação deste álbum seria o equivalente a jogar tintas numa tela. Foi pura expressão. Todas as músicas são uma primeira resposta, e a maioria saiu do primeiro take. Espontaneidade era a minha meta, sem pensar muito. Rock zen! (risos)

Você é um artista prolífico num cenário em que a queda nas vendas ainda é constante, mas com as plataformas de streaming matando o download ilegal, apesar de não pagarem bem. O que você acha disso tudo?
Brant: O que eu acho do download ilegal e, agora, do streaming… Talvez o dinheiro não seja necessário para fazer um download ilegal, mas é necessário para fazer um disco. Sem grana, sem show. Artistas como Rolling Stones e Led Zeppelin talvez não sejam afetados por tudo isso, mas aqueles como eu têm de escorar em cada dólar para poder continuar fazendo sua arte.

Vamos falar um pouco de sua carreira. Por que você saiu do Kyuss depois do Blues for a Red Sun (1992)? Olhando para trás, você teria lidado com a situação de maneira diferente? Tem algum arrependimento?
Brant: Tenho absolutamente zero arrependimento de ter deixado o Kyuss. Aquele foi o momento decisivo no qual é baseada toda a minha carreira musical, porque sou um artista. Não comecei a banda para ficar rico e famoso, mas para curar, expressar e inspirar. Foi lamentável ver uma banda tão boa virar, assim como muitas outras, uma vítima da mais mundana definição de sucesso. Acreditava que seríamos diferentes, e isso só mostra o quão ingênuo e idealista eu era. Mas eu tinha 19 anos de idade, e você deve ser idealista e ingênuo quando tem 19 anos. O rock é o som do idealismo ingênuo, então integridade era tudo para mim. Ainda é. Cheguei a uma encruzilhada e tive que mandar o “Diabo” se foder, e assim me livrei dele.

Em 2010, você montou o Kyuss Lives! (N.R.: com o vocalista John Garcia e o baixista Nick Oliveri, ambos também ex-integrantes do Kyuss), mas dois anos depois teve de mudar o nome da banda para Visto China. Ou seja, Josh Homme (N.R.: ex-Kyuss e atual Queens of the Stone Age) é mesmo um pé no saco…
Brant: E o Kyuss Lives! foi destruído pela mesma coisa que destruiu o próprio Kyuss (N.R.: a razão foi uma ação judicial movida por Homme e Scott Reeder, que havia substituído Oliveri no Kyuss).

Está respondido. Como já se passaram seis anos do primeiro e único álbum do Visto China, Peace, qual o status atual da banda?
Brant: Não há planos para o Vista Chino no momento.

Você é considerado um dos pais do stoner rock, então como vê o estilo atualmente? Recomenda alguma banda?
Brant:
O stoner rock é a continuação moderna do espírito original do rock’n’roll, que, em minha opinião, começou em 1965, quando artistas como Beatles, Bob Dylan e The Kinks passaram a dar mais atenção à guitarra elétrica enquanto fumavam uma maconha. Ser considerado o pai do stoner rock é uma grande honra, mas no contexto de ajudar a manter vivos os elementos do rock tradicional. E recomendo que escutem o Ecstatic Vision.

Você tem uma extensa discografia, então se tivesse de escolher cinco álbuns dela para mostrar ao público quem é o Brant Bjork músico multi-instrumentista e compositor, quais seriam?
Brant: Se eu pudesse mostrar quem eu sou com apenas cinco discos, eu teria feito apenas cinco discos. Escolher apenas cinco do meu catálogo significaria desconsiderar muitos outros, o que não faz sentido para mim. É mais interessante sugerir que ouça qualquer uma das minhas músicas, talvez somente metade de uma delas. Se isso não mexer com você, então é melhor nem continuar. Não perca o seu tempo, porque isso pode fazer com que eu também desperdice meu tempo, e não gosto de pessoas que me fazem perder tempo.

 

A tão aguardada estreia do Brant Bjork no Brasil já é no dia 17 de outubro, com show único em São Paulo, no Fabrique Club. No início da década de 1990, Brant ajudou a fundar a mais emblemática banda de stoner rock de todos os tempos, o Kyuss, e teve ainda passagem pelo igualmente influente Fu Manchu, além de Mondo Generator (1997-2004), Visto Chino (2013-2014). O show de estreia no país, no entanto, é focado na sua brilhante e renomada carreira solo de 20 anos.

Desde “Jalamanta”, o primeiro disco da carreira solo de Brant, lançado em 1999, é possível escutar a sonoridade única criada pelo músico: é rock psicodélico, com groove e swing, sem abrir mão de partes mais pesadas. Desde então, foram diversos lançamentos que o fizeram rodar os Estados Unidos e Europa, inclusive em grandes festivais. Em recente entrevista à imprensa brasileira, Brant definiu tudo como um “balanço sonoro”.

Apesar de ser a estreia da banda Brant Bjork, o californiano já esteve no Brasil em outras duas oportunidades, como baterista do projeto do CJ Ramone (ex-Ramones) e também da sua ex-banda, o Kyuss.

A atual turnê mundial celebra 20 anos do debute “Jalamanta”, até hoje considerado um marco ao stoner rock. Em entrevista ao Portal R7, Brant comentou sobre seu sentimento em relação ao disco. “Quando ouço ‘Jalamanta’ e penso sobre a experiência, lembro de trabalhar rápido e sem pensar muito. Mas ali tem muito sentimento. Gravei o disco há 20 anos e fiz muitos trabalhos solo desde então”.

Sean Wheeler, outra lenda do desert rock, é o convidado especial de Bjork nesta turnê sul-americana, que além do Brasil, passa por Chile e Argentina. Wheeler ficou famoso na década de 1990 como vocalista/guitarrista do Throw Rag, mas é dono de uma extensa e expressiva discografia, que começou a ser moldada ainda nos anos 80.

O show é uma iniciativa conjunta das produtoras Abraxas, Obscur. e Powerline, e promete ser uma noite memorável tanto para os fãs do artista quanto para aqueles curiosos a respeito deste gênero musical (ou seria um estilo de vida?) que cada vez ganha mais espaço no cenário musical brasileiro.

BANDAS DE ABERTURA – As paulistanas Mother Trouble e Blackdust foram as vencedoras de um inédito e ousado concurso que as produtoras promoveram com apoio do site Tenho Mais Discos que Amigos e do programa A Hora do Chá, da Mutante Radio.

A escola fundada pelos patronos do rock’n roll Led Zeppelin, Black Sabbath, Cream e Jimi Hendrix mantém seu séquito de fiéis no século XXI bem representado pelo quinteto brasileiro Blackdust. A banda, formada em 2016, mescla tais influências em composições que abrangem desde o blues rock dos anos 70 até o stoner rock da atualidade. Os shows são marcados principalmente pela performance visceral e texturas instrumentais densas.

A Mother Trouble é uma banda de rock N’ Roll com influências da década de 70, numa roupagem moderna. O power trio, nome super novo da cena, apresentará as músicas que estarão no EP de estreia e o single “Reasons”, lançado durante a seletiva.

SERVIÇO
Brant Bjork dia 17 de outubro em São Paulo
Evento: https://www.facebook.com/events/457448158411949/
Data: 17 de outubro de 2019
Horário: 19 horas (abertura da casa)
Local: Fabrique Club (rua Barra Funda, 1075 – Barra Funda/SP)
Ingresso online: https://pixelticket.com.br/eventos/4060/brant-bjork-em-sao-paulo
2º lote: $120,00 (Meia entrada/Promocional), até a véspera do show
Na porta: R$ 140 (Sujeito a lotação)
Ingresso físico: Locomotiva Discos (rua Barão de Itapetininga, 37 – Loja 8 – República, São Paulo)
Classificação etária: 16 anos

 

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