Por Marcelo Gomes
Fotos: Dani Moreira
O aguardado retorno de Brant Bjork, lendário fundador da banda Kyuss e ex-integrante do Fu Manchu, a São Paulo aconteceu na última sexta-feira (08) na Casa Áurea. Com show único no Brasil, o público paulistano lotou a casa para ouvir o melhor do stoner/desert rock na segunda visita do guitarrista em seu projeto solo, que ainda contou abertura das bandas brasileiras Psilocibina e Grindhouse Hotel.
Com uma sexta-feira chuvosa, o público ainda chegava ao local quando os cariocas do Psilocibina começaram sua apresentação. O trio faz um som psicodélico com pitadas de jazz, proporcionando ao ouvinte uma viagem experimental ao mundo do imprevisível. A banda é bem coesa e já desponta com um futuro promissor até na Europa, onde fizeram alguns shows. O resultado foi que conseguiram arrebatar alguns fãs que estão mais dispostos a esse tipo de experiência.
Já o Grindhouse Hotel é algo mais pé no chão e acabou criando uma conexão mais imediata com os presentes. O stoner poderoso que apresentaram ganhou uma ótima recepção dos presentes que nesse momento já tinham preenchido bem os espaços da casa. O vocalista e guitarrista Leandro Carbonato conseguiu comandar muito bem o show e entregaram uma excelente performance. Fizeram bem seu papel e deixaram muitos surpresos pela qualidade da banda.
Eram 22h30 quando Brant Bjork subiu ao palco da Casa Áurea acompanhado por Mario Lalli (baixo) e Ryan Gut (bateria). Com o local tomado, Brant surgiu usando uma faixa na cabeça e óculos num verdadeiro visual hippie dando início à apresentação com “Buddha Time”. O groove envolveu o público numa névoa psicodélica que fazia as pessoas balançarem totalmente imersas na jornada sonora que estavam prestes a embarcar. “Bread For Butter” veio a seguir e um chiado persistia em incomodar os caras no palco. Mas não se abalaram, mandaram “Stackt” e “Mary (You’re Such A Lady)”, que trouxeram um clima mais introspectivo ao show.
Se por um lado Brant não estava para conversa, por outro o som estava fazendo a cabeça da galera que não perdia cada detalhe da apresentação. Praticamente sem anunciar, o trio despejava o que sabe de melhor, muita psicodelia unida ao stoner/desert rock que empolgava a galera. Foi assim em “Cleaning Out The Ashtray” e “Let Truth Be Known”, essa última com diversos improvisos que levaram os fãs à loucura.
O setlist que até então vinha abrangendo a extensa discografia de Bjork, deu espaço para uma nova, chamada “Sunshine”. É nova mas dentro da proposta que consagrou Brant. O estilo de cantar lembrou a voz de Hendrix em alguns momentos, sendo muito bem recebida por todos. Durante o set, o trio mostrava uma musicalidade e química cativantes, entregando uma performance de tirar o fôlego. Como, por exemplo, na execução de “73”, uma das favoritas dos fãs, que ganhou uma energia extra. Sem deixar a empolgação cair, mais uma nova, dessa vez, “You’re Free” que arrancou aplausos efusivos durante o que mais parecia uma jam numa sala de ensaio com a banda totalmente à vontade.
Do último lançamento, “Bougainvillea Suite” (2022), tocaram “Trip On The Wine” que em estúdio contou com teclados bem ao estilo do The Doors. Ao vivo, fizeram uma versão mais visceral já que não possuem tecladista e não usam bases pré-gravadas. O show não estaria completo se não tocassem “Low Desert Punk” e a dobradinha “Lazy Bones / Automatic Fantastic”, consideradas clássicas pelos fãs. A versão estendida da dobradinha levou os fãs a uma viagem aos anos 70 com improvisos interessantes com destaque para as ótimas melodias de baixo enquanto Brant fazia a base. Com isso, se despedem mas os presentes estavam ávidos por mais.
Alguns minutos de espera e a recompensa veio com “Too Many Chiefs… Not Enough Indians”, certamente uma das mais celebradas da noite. Não parou por aí, o destemido Brant ainda apresentou mais dois sons novos, “Back In The Day” e “I Don’t Know” para fechar a noite.
A apresentação com as poucas interações com os fãs foi compensada com muita energia. O som que o Brant Bjork faz transcende a uma mera apresentação proporcionando aos espectadores uma viagem aos anos 70. As reações são quase que imediatas às primeiras notas de cada música. Agora o título de pai do stoner é um pouco exagerado, já que nota-se claramente em sua música referências de Black Sabbath, entre outros. Nada que desabone sua obra que resgata esse estilo com maestria, encontrando fãs por onde passa.
Brant Bjork – Setlist:
01) Buddha Time
02) Bread for Butter
03) Stackt
04) Mary (You’re Such a Lady)
05) Cleaning Out The Ashtray
06) Let The Truth Be Known
07) Sunshine
08) 73
09) You’re Free
10) Trip on The Wine
11) Low Desert Punk
12) Lazy Bones / Automatic Fantastic
13) Too Many Chiefs… Not Enough Indians
14) Back In The Day
15) I Don’t Know
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