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“BRAZILIAN ROCK FEST” – KAMBOJA / SAKRAH CENTÚRIAS

Manifesto Bar - São Paulo (SP), 04 de agosto de 2013

Para aproveitar a noite bem agradável que fazia no primeiro domingo do mês de agosto, nada melhor que sair de casa para curtir um bom Rock’n’Roll com bandas competentes, “bebemorar” com o que bem entender e reencontrar alguns amigos. Não há remédio melhor que esse para curar aquele tédio que bate no fim do dia que antecede a dura “segundona”. E foi isso que ocorreu no Manifesto Bar, já que era esse clima amistoso que pairava no local. Antes de começarem os shows, os integrantes das bandas da noite – Kamboja, Sakrah e Centúrias – se misturavam ao público e confraternizavam.

O som ambiente rolava normalmente quando às 20h todos foram pegos de surpresa com barulhos bem altos de tiros. Uma rajada incessante. Mas não é o que você está pensando. Essa era a introdução preparada para que o Kamboja tomasse o palco de assalto e iniciasse seu set com “Tarde no Bar”. A banda possui apenas alguns meses de atividade, mas isso não interfere em sua presença de palco, já que é constituída por músicos experientes na cena: Fábio “Makarrão” (vocal, ex-Proposital Noise), André Curci (guitarra, Threat, ex-Musica Diablo), Frank Gasparotto (baixo, Goatlove, ex-Anthares) e Paulão Thomaz (bateria Baranga, ex-Centúrias, Proposital Noise, Firebox e outros). A proposta do Kamboja é certeira: Rock’n’Roll pesado na escola do AC/DC, baixo e bateria pulsando em cima dos riffs e letras divertidas e sacanas.

Divulgando seu homônimo EP de estreia, seguiram o show com “Bomba Relógio”, com uma levada que lembra muito os áureos tempos do álbum “Electric” (The Cult). O grupo vem trabalhando forte na divulgação de seu primeiro trabalho, gravando vários clipes para o EP e já apresentando algumas músicas novas que farão parte do ‘debut’. A primeira delas foi “Mentira”, seguida de umas das melhores composições da banda, “Se Deus Pudesse Me Ouvir”. Makarrão, bastante comunicativo durante o show, ressaltou a importância que tinha o comparecimento dos que vieram ao Manifesto para prestigiar uma noite de Rock And Roll feito por três bandas autorais e anunciou a pesada “Acelerando”. Naquele momento, algumas pessoas da plateia brincaram com Paulão Thomaz, que aparece alucinado no videoclipe, falando no ouvido de um rato! Aliás, a banda toda interagia com o público e se “sacaneava” – o próprio Paulão, por algumas vezes, foi ao microfone, mantendo a tradição iniciada nos anos 80 quando ele integrava o Centúrias. Em dado momento, para surpresa de alguns, divertiu os presentes exibindo o seu traseiro – para quem já o viu em outras ocasiões em cima de um palco, certamente já flagrou esse momento insólito.

O show foi seguindo com essa alternância de músicas do EP e outras mais recentes. Antes de “Alienação”, Makarrão destacou o fato de muitas coisas no underground acontecerem “graças a união de muita gente que ajudam desde a gravação de um álbum ou mesmo de um clipe, até a realização de um evento como esse, sem bandas covers.” Encerrando sua participação, a banda executou “Dona da Madrugada”, que foi a última a receber videoclipe.

Pontualmente às 21h, os músicos do Sakrah – curiosamente, a única banda com músicas em inglês no evento – subiram ao palco. O vocalista Leandro Novo anunciou “Underfeated” que, a princípio, sofreu problemas com o amplificador da guitarra de Alê Arrais. A partir da segunda, “Dear Demons”, ao menos para o público, não apresentou mais falhas.

Após lançar seu primeiro EP, “Collider” (2011), a banda segue divulgando seu homônimo e recém lançado ‘debut’. A sonoridade é um Metal bem pesado e intenso, por vezes rápido e em alguns momentos soa Stoner, remetendo o ouvinte a bandas como Pantera, Fear Factory, Black Label Society, Corrosion Of Conformity e Black Sabbath. Um momento ímpar ficou por conta de “Reflection”, que começa com um dedilhado muito bonito. As músicas do Sakrah de forma geral vão direto ao ponto, não sendo longas, e várias delas deixam aquela sensação de acabar quando atingem o ‘clímax’. Um bom exemplo disso é a insana “Whiskey Devil”.

O experiente baixista Maurício “Cliff” Bertoni (ex-Mystic, Brutal Faith, Panzer, Reviolence e outros) a todo momento interagia descontraidamente com o público e, de forma engraçada (causando reação imediata até em Leandro Novo), anunciou “Collider”. Dando sequência, apresentaram “Adrifted” –primeiro e único (até o momento) videoclipe da banda –, que desperta a atenção pelo clima envolto a composição. Constante nas apresentações do Sakrah, não poderia faltar a versão de “Slave New World”, do Sepultura –  curiosamente, o único cover tocado no evento –, com uma roupagem ainda mais brutal.

Falando em brutal, essa palavra define bem o jeito de tocar de Marcelo BA (Oitão), que simplesmente surra as peles da bateria sem dó e tem uma precisão impressionante na saída das viradas para os pratos e nas linhas de bumbo. Encerrando o set, a banda executou a agressiva “My Reason Sleeps”, que abre o ‘full-lenght’. Ao seu final, Leandro agradeceu o público e, assim como Makarrão, exaltou o evento composto apenas por bandas autorais, destacando a importância de dividir o palco com os rapazes do Kamboja e com o histórico Centúrias.

Já passava pouco mais das 22h quando o vocalista Nilton “Cachorrão” Zanelli e sua trupe invadiram o palco com a veloz “Guerra e Paz”, do álbum “Ninja” (1988), com uma pegada bem Heavy Tradicional/Speed. Esta é característica principal do Centúrias naquela fase, já que antes flertava com o Hard Rock. Ao final, Cachorrão brincou após os aplausos: “Por um momento, quase os cumprimentei dizendo: ‘Olá Mambembe!'”, arrancando risadas de todos ao se referir ao extinto Espaço Mambembe, tradicional casa paulistana onde o Centúrias se apresentou por várias vezes.

Dando sequência ao show, ainda se baseando no “debut”, fizeram a dobradinha “Animal” e “Cidade Perdida”, mostrando que ainda possuem pleno domínio de palco, cativando os presentes. Hora de apresentar a nova “Inúteis Palavras”, composta para fazer parte do documentário “Brasil Heavy Metal” (que permanece “engavetado”). Representando o EP “Última Noite” (1986), executaram “Não Pense, Não Fale”. Ainda que nenhum integrante da formação atual fez parte da gravação original do EP, lá estava o membro fundador Paulo Thomaz que, após tocar com o Kamboja, prestigiou o Centúrias como espectador no meio do público, deixando claro que a amizade entre todos continua inabalável.

Voltando ao show, o grupo novamente executou uma sequência que revisitou o álbum “Ninja” – que já era composto por Cachorrão e o baixista Ricardo Ravache, e atualmente contam com Julio Príncipe (bateria) e o guitarrista Roger Vilaplana na formação -, começando por “Ninja”. Então vieram “Senhores da Razão” e seu refrão “grudento”, a vigorosa “Fortes Olhos” e a insana e veloz “Arde Como Fogo – To Hell” que, como de costume, acaba de forma apoteótica sendo executada malvadamente em cima do tema de “Chapeuzinho Vermelho”.

Não poderiam deixar faltar no set, as duas músicas que marcaram presença na cultuada coletânea “SP Metal 1” e, em forma de ‘medley’, mandaram “Portas Negras” e “Duas Rodas” para finalmente se despedirem com a acelerada “Metal Comando”. Essa volta do Centúrias tem se mostrado definitiva, já que a banda tem feito vários shows e, como já dito por Cachorrão em entrevista, estão nos planos novas composições e novas gravações. Resta-nos esperar.

Tudo ocorreu bem no “Brazilian Rock Fest” e quem compareceu, pôde presenciar três grandes bandas paulistanas – pela primeira vez juntas no mesmo palco -, e retornar tranquilamente para casa, já que o evento acabou dentro do horário cabível para os que dependem de transporte público. Uma curiosidade que vale destacar no cast da noite é que as três bandas possuem uma espécie de elo, pois alguns integrantes já tocaram juntos em bandas anteriores, merecendo os cumprimentos por ainda estarem batalhando seu espaço no cenário musical.

Kamboja – Set List
1-     Tarde No Bar
2-     Bomba Relógio
3-     Mentira
4-     Se Deus Pudesse Me Ouvir
5-     Acelerando
6-     Sempre Pra Cima
7-     Batendo de Frente
8-     Alienação
9-     Contagem Final
10- Dona Da Madrugada

Sakrah – Set List
1-     Underfeated
2-     Dear Demons
3-     Rock Bottom Dive
4-     Fight Bar
5-     Reflection
6-     When I Fall
7-     Whiskey Devil
8-     Collider
9-     Adrifted
10- Slave New World (cover do Sepultura)
11- Saint Of Killers
12- My Reason Sleeps

Centurias – Set List
1-     Guerra E Paz
2-     Animal
3-     Cidade Perdida
4-     Inúteis Palavras
5-     Não Pense, Não Fale
6-     Senhores da Razão
7-     Ninja
8-     Fortes Olhos
9-     Arde Como Fogo
10- Portas Negras / Duas Rodas
11- Metal Comando

 

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