Post Hardcore, Metalcore, Deathcore, não importa o rótulo. A maior parte do público que lotou o Carioca Club no dia 15 de outubro (sábado) não se preocupava com isso. A única vontade era ver o Bring Me The Horizon com som alto e o mais de perto possível.
A banda de Sheffield (ING), pela primeira vez na América do Sul, passou pela Argentina, Colômbia, Venezuela e Brasil, se apresentando em São Paulo e Curitiba. Esses shows fazem parte da turnê que está dando a volta ao mundo e seguiu para a Europa depois da temporada sul-americana. O badalado There Is A Hell, Believe Me I’ve Seen It. There Is A Heaven, Let’s Keep It A Secret, mais recente disco lançado em 2010, é o que está atualmente em divulgação. Secret virou apelido para o gigantesco título do álbum que, para muitos, é considerado um dos melhores do ano.
Com uma fila enorme na porta, muitos aguardavam a entrada enquanto dentro da casa uma multidão já lotava a pista, camarotes e gritavam a cada movimentação no palco ou ruídos de instrumentos atrás das cortinas fechadas. Fãs de piercings, alargadores, muito preto e na faixa dos 17 aos 25 (alguns acompanhados dos pais) eram a esmagadora maioria. A famosa tatuagem no peito, igual à do líder e vocal Oliver Skyes, era replicada em muitos deles.
Passando um pouco das 19h, foram surpreendidos pela desconhecida banda Carater, que fez a abertura priorizando sons próprios e sem agradar à plateia. Uma troca de palco demorada deixou o público ainda mais ansioso e impaciente. As cortinas abertas e os roadies do BMTH que passavam o som jogavam garrafas de água para a galera do gargarejo e aliavam um pouco a tensão.
A histeria foi total quando o Bring Me The Horizon entrou no palco e, sem mais delongas, abriu com Diamonds Aren’t Forever, seguida por Alligator Blood e Fuck – uma das mais cantadas pelo público. Apesar de anunciar algumas surpresas, o grupo foi mantendo o mesmo set que vem executando durante toda esta tour, e seguiram agitando com Sleep With One Eye Open e Visions.
Suicide Season, o segundo álbum de estúdio lançado em 2008, ainda é o preferido da galera e são dele os sons que o público mais gosta mais de ouvir. Football Season Is Over e The Sadness Will Never End, ambas dele, vieram na sequência.
Mesclando bem os sucessos, apesar do set enxuto, a maioria dos sons faz parte mesmo é do mais recente disco. Caso da balada Blessed With A Course, em que o vocal pediu e foi atendido pela galera, que acompanhou em uníssono com isqueiros e celulares acesos. Falando da felicidade em tocar por aqui, Olie mostrou que é a figura central do BMTH, um dos poucos vocalistas dessa nova geração que tem total domínio do público e competência no que faz.
A banda parecia encerrar timidamente com Chelsea Smile, mas o público pediu Pray For Plagues, única do primeiro disco, Count Your Blessings, e única do bis. Enquanto ela rolava, um monstruoso ‘wall of death’, o segundo da noite, fechou a noite com jovens exaustos e extasiados de alegria por ver os ídolos finalmente ao vivo e em ação.
Abusando dos samplers nas intros, debaixo de muitos gritos histéricos e menos ‘circle pits’ do que o esperado e pedido pelo vocalista, o Bring Me The Horizon mostrou exatamente o que se esperava deles: um show intenso e recheado de hits. Com algumas brincadeiras fora do palco, polêmicas e bebedeiras típicas de ‘rockstars’, é difícil saber se eles têm noção da multidão de mentes jovens que influenciam. Apesar de o vocalista ser o destaque, a banda tem ótima sincronia, instrumental forte e mostrou porque se transformou em headliner de grandes festivais, ganhando tanta repercussão e sendo considerada uma das melhores do gênero na atualidade. Se o futuro do Metal é esse, que seja pela trilha do Bring Me The Horizon.