Por Marcelo Gomes
Fotos: Roberto Sant’Anna
Na noite de 5 de dezembro, o Fabrique Club foi palco da apresentação do British Lion, projeto paralelo de Steve Harris, lendário baixista do Iron Maiden. Em um ambiente intimista, tanto os fãs mais fervorosos quanto os curiosos de primeira viagem tiveram oportunidade de ver de perto a banda, que combina a essência do hard rock clássico com elementos mais modernos. Além disso, o baixista fez questão de agradar os fãs realizando um meet and greet antes do show. Foi, no mínimo, louvável a atitude de Steve ao receber os fãs que aguardavam amontoados do lado de fora da casa, tentando se proteger de uma chuva torrencial de verão. O evento contou ainda com a participação especial de Tony Moore’s Awake.
Praticamente desconhecido da maioria, o público teve a chance de presenciar a abertura com Tony Moore’s Awake, projeto liderado por Tony Moore, que já integrou o Iron Maiden como tecladista em seus primórdios, além de ser conhecido por seu trabalho no Cutting Crew. Moore trouxe ao palco uma performance cativante, repleta de intensidade emocional e musicalidade refinada. Com um setlist que misturou emoção e energia, Tony subiu ao palco sozinho e, com a ajuda de bases pré-gravadas, conseguiu cativar o público desde os primeiros acordes de The Clock Has Started, abertura marcante que criou uma atmosfera envolvente.
O destaque ficou por conta de músicas como Love We Need You Here e Just One Night, que apresentaram melodias intensas e letras conectadas às imagens projetadas no telão. As músicas seguiram uma linha que lembra Pink Floyd, destoando do som do Iron Maiden ou mesmo do British Lion. Contudo, o que parecia improvável aconteceu: Tony Moore, com sua presença de palco magnética e carismática, conquistou a simpatia do paciente público. Teve seu nome gritado, e sua expressão era um misto de satisfação e surpresa. Ele retribuiu dizendo que São Paulo tinha o melhor público do mundo.
Ao longo do set, faixas como Dear Life e Not Normal exibiram a versatilidade do músico, que alternava entre guitarra e teclado, equilibrando partes introspectivas com passagens mais animadas. O encerramento, com Asleep, foi um ponto alto: Tony usou uma máscara e apresentou uma combinação instrumental poderosa, com uma performance carregada de sentimento. O público, ainda embalado pelas composições marcantes da banda, aplaudiu com entusiasmo, aquecendo o ambiente para a chegada do British Lion. Sem dúvida, a apresentação de Tony Moore conseguiu preparar o palco para a atração principal.
Por fim, era chegada a hora do British Lion mostrar a que veio. Formado por Richard Taylor (vocal), David Hawkins (guitarra), Grahame Leslie (guitarra), Simon Dawson (bateria) e, obviamente, Steve Harris no baixo, a banda iniciou o show com This Is My God. A faixa já deixou clara a pegada da banda: riffs poderosos, vocais emocionantes e a presença marcante de Steve Harris. A plateia, ansiosa, explodiu assim que as primeiras notas ecoaram pelo Fabrique Club. Judas veio logo em seguida, com um groove intenso e cativante, fazendo as cabeças balançarem no ritmo. A cada música, o vocalista Richard Taylor demonstrava carisma e uma conexão especial com o público, interagindo e agradecendo o calor dos fãs brasileiros. Father Lucifer, que, apesar do nome, tem uma pegada quase pop, se destacou especialmente quando baixo e bateria se sobressaíram, sendo acompanhados por palmas da plateia.
O setlist abrangeu faixas de seus dois álbuns de estúdio, British Lion (2012) e The Burning (2020). Foram apresentadas músicas como Bible Black, 2000 Years, The Burning, Legend e These Are the Hands. O público acompanhava atentamente a execução impecável da banda, enquanto Harris constantemente fazia contato visual com os fãs das primeiras fileiras e garantia que seu baixo inconfundível fosse ouvido e sentido por todos.
Os destaques da noite ficaram com as faixas A World Without Heaven, The Chosen Ones e Us Against the World, todas do primeiro disco da banda e que trazem maior proximidade com a sonoridade do Iron Maiden. Não à toa, os fãs cantaram e vibraram muito nesse momento. Presenciar tão de perto o baixo pulsante de um dos fundadores de uma das maiores bandas de heavy metal do mundo trouxe uma sensação incrível.
Na reta final, Wasteland conseguiu manter a energia alta, não restando dúvidas quanto à qualidade da banda. Já Lightning mergulhou os presentes em uma atmosfera sombria, com riffs pesados e uma interpretação emocionalmente carregada. Logo em seguida, Last Chance trouxe uma introdução melancólica que culminou com bons riffs e uma ótima melodia, consolidando a apresentação com uma performance vibrante e cheia de intensidade.
O encerramento veio com Eyes of the Young, perfeita para fechar a noite. Seu refrão cativante e a pegada melódica encerraram a apresentação em clima de festa. O público aplaudiu intensamente, enquanto a banda agradecia calorosamente, visivelmente emocionada com a recepção.
O público de São Paulo mostrou mais uma vez por que é considerado um dos mais apaixonados do mundo. Desde os primeiros acordes até os aplausos finais, a plateia esteve completamente entregue, demonstrando devoção ao lendário baixista. Contudo, o show não girou apenas em torno de Harris: Taylor e os demais integrantes também conquistaram os corações dos fãs com performances técnicas e presença de palco.
Com um setlist bem balanceado, que trouxe momentos de peso, melodia e conexão emocional, o British Lion provou que não é apenas um “projeto paralelo”, mas um nome que desponta dentro do cenário da música pesada. Para quem estava presente, foi uma oportunidade única de ver uma lenda em um show intimista que antecedeu os dois shows do Maiden na cidade. Harris, por sua vez, demonstrou que, seja em um estádio ou em uma casa modesta de shows, sua entrega é total.
E, como bônus, quem foi ao Fabrique Club teve a chance de ver o baterista Simon Dawson, que dois dias depois foi efetivado no Iron Maiden, no lugar de Nicko McBrain, que se aposentou. Para aqueles que perderam, fica a certeza de que o British Lion merece um lugar na agenda de qualquer amante do metal.
Tony Moore’s Awake setlist
Awake
The Clock Has Started
Love We Need You Here
Just One Night Dear Life
Not Normal
Remember Me
Crazy in the Shed
Asleep
British Lion setlist
This Is My God
Judas
Father Lucifer
Bible Black
2000 Years
The Burning
Legend
These Are the Hands
A World Without Heaven
Spit Fire
Land of the Perfect People
The Chosen Ones
Us Against the World
Wasteland
Lightning
Last Chance
Eyes of the Young
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