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BRUCE DICKINSON: “não precisa de um rockstar dizer que guerra é algo ruim”

Em 14 de dezembro de 1994, BRUCE DICKINSON realizou uma apresentação histórica em Sarajevo. A cidade na Bósnia e Herzegovina estava sob cerco em meio à Guerra da Bósnia, que ocorreu oficialmente entre abril de 1992 e dezembro de 1995.

O vocalista, então recém-saído do IRON MAIDEN, visitou a região em meio à turnê que promovia seu segundo álbum solo, Balls to Picasso (1994). Ele e sua banda solo — à época formada por ALEX DICKSON (guitarra), CHRIS DALE (baixo) e ALESSANDRO ELENA (bateria) — percorreram as linhas de frente e acabaram fazendo um show para as pessoas presas na cidade.

A história desta performance é, agora, amplamente conhecida pelo público, pois inspirou um documentário, Scream for Me Sarajevo, lançado em 2018. Também se trata de um tema que DICKINSON revisita quando pode — como durante recente entrevista ao The Big Issue, em que revelou:

“Se eu pudesse reviver um dia da minha vida, voltaria ao dia em que tocamos em Sarajevo durante a guerra. A diferença que aquele show fez na vida das pessoas foi além de tudo que eu poderia esperar alcançar.”

Na sequência, o cantor relembrou as condições nas quais Sarajevo se encontrava naquele momento.

“Eles tinham apenas três dias de fornecimento de comida, água e diesel. O cerco durava mais do que a Batalha de Stalingrado (23 de agosto de 1942 e 2 de fevereiro de 1943). As pessoas viviam em casas que mal existiam e tinham queimado o que restava dos seus móveis para lenha. No meio disso, passamos por um tiroteio em um caminhão dirigido por um estudante do segundo ano de Edimburgo.”

Mesmo diante de tantas dificuldades, BRUCE realizou a apresentação normalmente. Sequer citou a guerra que acontecia. Ele explica o porquê:

“Não mencionamos a guerra nenhuma vez. Você não precisa de uma estrela do rock aparecendo e dizendo que a guerra é algo ruim. Eles estão dentro disso, cara. Basta tocar sua música. Pode simplesmente deixar as pessoas felizes – e essa é a coisa mais útil que você pode fazer.”

Bruce Dickinson
Foto: Daniel Croce/Roadie Crew

Bruce Dickinson em Sarajevo

Em sua autobiografia, Para que serve esse botão?, BRUCE DICKINSON compartilhou mais alguns detalhes sobre a viagem e o show. O vocalista reconhece que a situação envolvia riscos, mas optou por seguir em frente e subir ao palco.

“Nós não estávamos protegidos, não havia plano e os tiros eram reais, mas f#da-se, nós fomos de qualquer maneira. O show foi imenso, intenso e provavelmente o maior show do mundo naquele momento para o público e para nós. Que o mundo não soubesse, realmente não importava. Isso mudou a maneira como eu via a vida, a morte e outros seres humanos.”

Com foco em Balls to Picasso, o repertório na ocasião contou com as seguintes músicas (via Setlist.fm):

1. Cyclops
2. 1000 Points of Light
3. Born in ’58
4. Gods of War
5. Change of Heart
6. Laughing in the Hiding Bush
7. Hell No
8. Tears of the Dragon
9. Shoot All the Clowns
10. Sacred Cowboys
11. Fire
12. Son of a Gun
13. Tattooed Millionaire

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