A casa de shows Audio, em São Paulo, recebe nesta sexta-feira (17), a partir das 23h, o Massacration com o grupo humorístico Hermes & Renato para um bloco de carnaval que conta com uma experiência de fanfarra e apresentação musical com a “Unidos do C4r@lh0 a 4” e sua bateria. Claro, o samba-enredo “Desde os tempos mais primórdios”, que marcou época na MTV, será um dos destaques. “Será um show inédito pra nós muito especial, pois vamos trazer para o palco vários momentos da nossa trajetória musical dentro do universo Hermes e Renato”, comentou Bruno Sutter. “Estamos muito felizes e ansiosos para botar nosso bloco heavy samba esse final de semana em São Paulo, Brasília e Manaus”, acrescentou.
Porém, já faz um bom tempo que Eduardo Dusek, que se apresentou no Rock in Rio de 1985, compôs uma música chamada “Samba Heavy – Enredo Metal”. Além disso, Blocos de Carnaval de rock não são mais novidade, pois muitos exploram há anos estilos como punk rock (Bloco 77), rock (Let’s Block) ou homenageiam bandas e artistas como Queen (BloQueen e Queen Magia), David Bowie (Tô de Bowie e Bumba Meu Bowie) e Iron Maiden (Carna Maiden, de Paraibuna/SP).
Até os tradicionais Bonecos do Carnaval de Olinda (PE) também apresentaram diversas figuras ligadas ao rock, quando o empresário e produtor cultural Leandro Castro criou, em 2008, uma nova geração dos Bonecos Gigantes. Dentre eles, Os Beatles, Gene Simmons (Kiss), David Bowie, Elvis Presley, Chico Science, Rita Lee, ente outros.
Em desfiles de Escolas de Samba, o Kiss já foi homenageado com uma ala da escola Dragões da Real (SP) em 2014, embora com o boneco do baterista Catman empunhando uma guitarra. Já o G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro (RJ) também homenageou o Kiss em 2009, na Ala Show de Bola, com todos caracterizados com a maquiagem de Gene Simmons.
No sempre agitado Carnaval de Salvador (BA), em 2016, Sepultura e Angra chegaram a se apresentar num trio elétrico no circuito Barra/Ondina ao lado de Carlinhos Brown. Já o guitarrista Alexandre de Orio, ex-Claustrofobia, grupo que uniu Samba ao Heavy Metal na faixa “Nota 6,66”, do álbum “Peste”, lançou um método aplicando técnicas da guitarra metal na construção de riffs com base em células rítmicas do samba. Quem também fez a mescla de metal com samba foi a banda Huaska, que se autodenomina como uma formação Bossa-Metal, tendo gravado, por exemplo, uma versão da clássica “O Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa.
Oriundo do metal extremo e com experiência em se apresentar trios elétricos durante o Carnaval de Salvador é o baterista Thiago Nogueira, que tem passagens por nomes como Headhunter D.C., Malefactor, Tchandala, Ungodly, Mystifier, Tharsis, Benjamim Saga e outras. O baterista já excursionou com Margareth Menezes, atual ministra da Cultura, e com Daniela Mercury.
Outro que é do metal e efetivamente põe os pés na avenida é Marcelo Ledd, baterista da banda carioca de thrash metal Hicsos, na ativa desde 1990 e que tem três álbuns lançados. Ledd toca há 23 anos na bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel. “A paixão com o Carnaval vem desde a infância, Porra, carioca suburbano não podia não gostar de carnaval, né? E juntar metal com carnaval também dá bom, porque a bateria da escola de samba é pesada, agressiva e alta, igualzinho a estar num show de metal. A emoção é a mesma… Você na Avenida e a galera gritando é como subir no palco para mim. O tesão é o mesmo”, descreve Ledd. “Tem um disco fantástico do Overdose, Progress of Decadence, lançado há 30 anos que mistura samba com metal de forma que nunca ninguém fez igual”, concluiu.
PS.: Este redator costuma assistir desde criança aos desfiles de escolas de samba do Rio e de São Paulo. Gosta da Barroca Zona Sul em São Paulo e da Acadêmicos do Salgueiro no Rio de Janeiro, e já foi a inúmeros bailes de carnaval em clubes na época das marchinhas. Também assistiu a um show de Nica do Cavaco e os Capetas, do ex-guitarrista do Korzus, Marcello Nicastro.
