Chris Slade pode ser vagamente conhecido pela maioria do público por ter participado do AC/DC durante alguns anos no início da década de 90, mas sua trajetória no mundo do Rock não se resume ao grupo dos irmãos Young: o batera com nome de banda também fez parte de outras formações de respeito, como Asia, Uriah Heep, Manfred Mann’s Earth Band e The Firm, entre incontáveis outras, o que confere a ele o status de um músico de respeito e constantemente requisitado para os mais diversos trabalhos, apesar de sua fama ser inversamente proporcional ao que já realizou.
E se outros shows da turnê de Chris pelo país (foram quatro apresentações) não tiveram público à altura, o mesmo não se pode dizer do que aconteceu no Sebastian Bar, em Campinas. Mesmo em pleno feriadão de Natal, com a cidade praticamente deserta, os fãs praticamente lotaram o bar para conferir o show. E ninguém se decepcionou. Pra começar, a banda “da casa” Rising Power (um dos melhores covers de AC/DC do pais) fez uma rápida apresentação com sua formação habitual: Fabiano Drudi (vocal), Ricardo Peewee (guitarra), Vulcano (guitarra e backing vocals), Ricardo Costa (baixo e backing vocals) e Marcelo Jorge (bateria). Detalhe: Drudi e Costa são dois dos sócios do Sebastian Bar.
Logo Marcelo (um baterista experiente e que esbanja competência) cedeu seu lugar ao astro da noite. E Chris Slade mostrou que não era à toa que ocupava esse posto. Já na primeira música, “Dirty Deeds Done Dirt Cheap”, ele mostrou a que veio: pegada fantástica, arranjo criativo e muito groove mostraram o que viria a seguir. Duas das músicas apresentadas no show vieram do único disco de estúdio que Chris gravou com a banda, “The Razors Edge” (1990): “Moneytalks” e a clássica “Thunderstruck”. As demais foram distribuídas dentre os incontáveis clássicos que a banda dos manos Young legou ao mundo, como “Back In Black”, “TNT”, “Hells Bells”, “Whole Lotta Rosie”, “You Shook Me All Night Long”, “High Voltage” e “Hell Ain’t A Bad Place To Be” foram executadas à perfeição, com direito à performance sempre marcante de Peewee – o melhor “Angus cover” do Brasil disparado!
Em seu curto solo Chris aproveitou para mostrar que técnica também é seu forte – e outra de suas características é a simpatia. Mesmo com um microfone à disposição, pouco falou e quando o fez limitou-se a repetir algumas palavras em português aprendidas ali na hora mas com um imenso sorriso no rosto. A galera bradava seu nome e a cara do sujeito quase caía do pescoço, tamanho seu sorriso de satisfação. Também chamou a atenção a excelente forma física de Chris, que manteve a pegada e a energia durante as quase duas horas de show, a despeito de seus 66 anos de idade – tem muito cara com vinte anos menos, que não trabalha usando tanto o físico quanto ele e que já está num bagaço de dar dó…
De repente, aquela saidinha fajuta e todos voltam para mais dois clássicos: “Highway To Hell” e “Let There Be Rock”. Depois do show, ainda vinha o “segundo tempo”: uma longa fila de fãs querendo autógrafos, fotos, um aperto de mão. Aproveitando uma brecha, o repórter estende a mão e agradece pelo show. Ele abre de novo o melhor sorriso: “Que é isso, cara! Eu é que agradeço a vocês.” Esse é Chris Slade: um sujeito bacana, em resumo.