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CLIMATIC TERRA / PANZER / HELLARISE

O evento realizado no último dia 23 de outubro no Hangar 110 tinha todos os requisitos possíveis para facilitar a vida do headbanger paulistano que fosse comparecer à casa para prestigiar os shows dos grupos brasileiros Panzer e HellArise e dos argentinos do Climatic Terra: ingressos a preços justos, acesso fácil ao metrô e cronograma preparado para que os shows terminassem cedo para quem dependesse de transporte público se sentisse confortável em relação ao horário de retorno. Porém, acabou sendo mais um entre tantos outros eventos em que o número de pessoas presentes foi decepcionante. Isso sem contar que, conforme você lerá no decorrer dessas linhas, as bandas nesse país ainda são muito desrespeitadas pelo amadorismo de algumas pessoas envolvidas na cena.

HellArise ficou incumbido de dar início e às 19h30 entrou em cena com “Functional Disorder”, música que dá nome ao bem divulgado EP lançado em 2013. O grupo executa um Thrash/Death Metal que remete a sonoridade do Kreator em seus álbuns dos anos 2000 e também chega a lembrar um pouco o Arch Enemy, principalmente por conta da ‘frontwoman’ Flávia Morniëtári. A simpática vocalista ia apresentando uma a uma as músicas, e então vieram mais duas do EP, até que chegasse a vez da nova “Darkened Flames”. O single dessa música marcou a estreia do novo guitarrista Daniel Crivello e essa adição de uma segunda guitarra caiu muito bem para o HellArise, ainda mais ao vivo, pois, além de, obviamente dar mais peso ao grupo, deixou a guitarrista Mirella Max tocando de forma mais solta. Fato é que nesse show, Mirella mostrou uma pegada mais precisa que antes, tanto nos riffs quanto nos solos. Aliás, o peso demonstrado tem a ver não apenas pelo grupo contar agora com duas guitarras, mas também pela cozinha formada pelo baixista Kito Vallim e pelo baterista Daniel Bianchi, que foi emprestado da banda No Way, já que Fellipe Max não faz mais parte do HellArise.

Apesar da reestruturação pela qual passou na formação, o grupo não parecia nervoso em palco. Pelo contrário, porque além de soar bastante entrosado, o quinteto evidenciou que o clima entre os músicos era dos melhores, tanto que o bom humor transparecia nos intervalos entre as músicas. Após “I Don’t Believe” – que também faz parte do EP -, foi a vez de o grupo tocar o seu tradicional cover para “Violent Revolution” dos mestres do Thrash Metal alemão, Kreator. O quinteto ainda executou a conhecida “More Mindless Violence”, que também integra o EP, e finalizou seu set com a antiga “Human Disgrace”. Foi uma apresentação correta e que agradou a quem compareceu. Fica a expectativa para que a banda não demore a registrar o ‘debut’ que anunciou gravá-lo em breve.

Às 20h40 foi a vez do Panzer, velho conhecido do público paulistano e que está prestes a completar um quarto de século, subir ao palco e mostrar o seu Thrash Groove com altas doses de Stoner. Uma mistura evidente de suas influências por Pantera e Black Sabbath. O Panzer segue na divulgação de seu primeiro DVD “Louder Day After Day – Live Panzer Experience”, que enfatiza o mais recente álbum de estúdio, “Honor” (2013). Mas o set começou com “Speedy”, do bem sucedido antecessor “The Strongest” de 2001. Som alto, definido e muito peso. Essa foi a tônica do show do Panzer que conta com a experiência que lhe rende uma boa movimentação ‘onstage’. O vocalista Rafinha Moreira e o baixista Rafael DM, como sempre, levantaram o público, enquanto os veteranos e fundadores André Pars (guitarra) e Édson Graseffi (bateria), mais compenetrados, são a força motriz da banda e tocavam de maneira como se estivessem hipnotizados em um mundo paralelo, ditando o peso e a consistência. Após “Affliction”, que tem um riff bem marcante, Rafinha se comunicou pela primeira vez e de forma muito conveniente parabenizou a quem compareceu, mas não deixou de criticar os “headbangers de Facebook” que dizem incentivar a cena, mas não são capazes de sair da frente do computador para mostrar esse apoio de corpo presente – Faço minhas as palavras do vocalista. Aí veio uma sequência matadora de “Honor” com “Burden Of Proof” e a arrastada “Victim Of Choices”, que nas estrofes possui um dos riffs abafados mais legais do disco.

O ponto alto veio com “Red Days”, também de “The Strongest”, só que tocada na versão repaginada que saiu no EP “Brazilian Threat”, que, assim como o single de “Rising”, marcou não só a volta da banda as atividades em 2012, mas também a estreia da formação atual. Assim como feito em estúdio, a banda inseriu o riff principal de “Heaven And Hell” do Black Sabbath no meio da música e, como ocorre toda vez que ela é tocada, o público, comandado por Rafinha, cantou o famoso coro da composição dos britânicos. Houve até uma improvisação instrumental antes de voltar ao ritmo normal de “Red Days”.

Tudo corria bem até o final de “Rising”, mas, como dito no início, o amadorismo que existe na cena, ganhou mais um capítulo, dessa vez graças ao técnico de som da casa que percebendo a ausência de um número razoável de pagantes, resolveu descontar no Panzer – justamente a banda que organizou todo o evento. Bem na hora em que Rafinha Moreira anunciava a nova música, “Left Behind”, sem mais nem menos, o som do monitor de Édson Graseffi foi cortado. O baterista ainda tentou argumentar com o responsável pelo ato, já que, conforme o combinado, ainda restava metade do show. Mas, infelizmente, não foi concedido esse direito à banda e o show não prosseguiu. Uma pena, pois estava sendo um dos melhores que já presenciei do Panzer, e quem estava lá, curtiu e agitou bastante também. Os integrantes agradeceram o público e deixaram o palco completamente irritados – com toda a razão. Percebendo o ocorrido lamentável, as pessoas isentaram a banda de culpa e aplaudiram-na.

A atração internacional da noite, o Climatic Terra, que já havia passado pela região sul do Brasil e divido o palco com o Panzer em seu país em 2014, entrou em cena empolgando com um Death/Thrash Melódico bastante técnico, apresentado através da nova “Chainsbreaker”, música que já tem o seu videoclipe rodando no You Tube e que levantou a todos. Liderado pelo baixista Leonardo Baez, o grupo teve seu ‘line up’ completamente reformulado recentemente e Baez veio acompanhado pelos novos integrantes James Crowley (vocal), pelos guitarristas Sebastián Radrizzani e Thomas Cabell e pelo baterista Lizandro Elzegbe. Todos mostraram bastante simpatia e presença de palco, principalmente o carismático James Crowley que se comunicava bastante com o público, fazendo reverências elogiosas ao Brasil e aos fãs de Metal daqui. Apesar de contar com dois álbuns de estúdio, “Earth Pollution” (2011) e “Entity” (2013), nada foi tocado do ‘debut’ e apenas a ótima “The Socialist” de seu sucessor foi apresentada. O restante do set foi baseado nas músicas que farão parte do novo álbum, “Prototype”, que está previsto para ser lançado ainda em 2015.

O que chamou bastante atenção nessa apresentação do Climatic Terra em termos individuais, além do carisma de Crowley foi, a segurança e a pegada de Baez e Cabell, a técnica de Radrizzani que impressionava com solos bastante melódicos e, principalmente, o ‘punch’ e a forma visceral com que Elzegbe impunha suas viradas e levadas. Em “War Machine” a vocalista Flávia Morniëtári do HellArise foi convocada a subir no palco e a dividir os vocais com James. O clima estava bem descontraído e entre brincadeiras do público que gritava “Pelé” a todo instante para “sacanear” a banda, a pancadaria sonora ia rolando solta. Pena que o repertório tocado foi bem curto, mas antes de o Climatic se despedir de São Paulo para embarcar com o Panzer para a cidade de Extrema (MG), onde ambas tocariam no dia seguinte, tocou mais dois petardos que farão parte de seu terceiro álbum:“The Old Days Are Gone” e a visceral “Encripted Life”. Nossos ‘hermanos’ argentinos deixaram uma boa impressão nos paulistanos, tanto em termos sonoros quanto de simpatia.

Já se tornou extremamente cansativo falar sobre o quão desmotivador acaba sendo para uma banda autoral tocar em São Paulo, que é uma metrópole composta de milhares de ‘headbangers’, e que grande parte deles, inexplicavelmente, teimam em não sair de suas casas para prestigiar o que também é feito por aqui. Azar o deles, que acabam perdendo grandes apresentações. Pergunte, por exemplo, a algum dos poucos que compareceram ao Hangar 110 o que achou dos shows do Panzer, do HellArise e também dos estrangeiros do Climatic Terra. Mas algo que não dá para passar batido são os atos de desrespeito para com as bandas daqui que têm que ralar até o momento de subir em um palco. Enquanto continuar havendo despreparo e arrogância por parte de muitas pessoas que ainda infestam o underground e insistem em trabalhar dessa forma dentro do cenário nacional, como aconteceu nesse evento em particular, continuaremos sendo lesados pelo já falado amadorismo que ainda é gritante no país. Sobre o ocorrido, eu resumo em apenas uma só palavra: Patético!

CLIMATIC TERRA – Set list:
Chainsbreaker
No More Lies
The Socialist
War Machine
The Old Days Are Gone
Encripted Life

PANZER – Set list:
Speedy
Affliction
Burden Of Proof
Victim Of Choices
Red Days (The Strongest, 2001)
Rising (Honor, 2013)

HELLARISE – Set list:
Functional Disorder
More Than Alive
Rest In Pieces (Good Old Feeling)
Darkened Flames
I Don’t Believe
Violent Revolution (Cover do Kreator)
More Mindless Violence
Human Disgrace

 

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