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CONEXÃO METAL II

Já que em tempos de crise econômica o ‘salário mínimo’ corta a empolgação de muita gente de aproveitar os feriados viajando, nesse último 21 de abril, Dia de Tiradentes, algumas pessoas contaminadas pelo ‘vírus’ do metal, que tiveram suas vidas mudadas após passarem pelo processo de ‘metalmorfose’, preferiram ficar na capital paulistana e ir ao Manifesto Bar para prestigiar três dos grandes pioneiros do Heavy Metal no Brasil. Trocadilhos à parte, o local abriu suas portas para a realização da segunda edição do “Conexão Metal”, evento criado em 2014 como “Conexão Rio Metal”, já que trazia como atrações as bandas cariocas Metalmorphose, X-Rated e Statik Majik. Dessa vez, a primeira delas tocou ao lado das paulistanas Salário Mínimo e Vírus – daí o motivo da alteração no nome do evento.

Do lado de fora da casa o clima era um pouco frio, mas lá dentro o Vírus tratou de começar a aquecer o público, assim que, pontualmente às 18h, entrou em cena tocando a sempre empolgante “Matthew Hopkins”, música que é conhecida por ter feito parte do primeiro dos dois volumes da lendária coletânea “SP Metal” (1984), que, curiosamente, tiveram suas respectivas capas desenvolvidas pelo vocalista Flávio de Barros. O carismático Flávio, os também veteranos Fernando Piu e Renato César de Barros (guitarras), o baterista Lúcio Del Cielo e o novo baixista, Guilherme Boschi – que assumiu o posto de Déio -, contaram com uma boa qualidade de som e aproveitaram o evento para lançar o single da música “Povo do Céu”, um Hard Rock contagiante e de refrão grudento.

Com outra performance inspirada, Piu roubou a cena com seu feeling e estilo clássico e ‘blackmoriano’ para riffs e solos, especialmente na derradeira “Batalha no Setor Antares”, que também está em “SP Metal”. Em 45 minutos de show, composições como “Sacrifício” – que faz parte do documentário “Brasil Heavy Metal” (2016) -, “O Eremita” e “Sinos Negros” também marcaram presença no set. Pena que dessa vez o grupo não trouxe o vírus Fago, que é usado como ornamento de palco, pois ele sempre dá um efeito muito bacana com seu lazer de luzes e seu visual metálico. Mesmo assim, o Vírus fez um show que agradou a todos e saiu bastante aplaudido.

Pouco menos de meia hora depois o Salário Mínimo tomou o palco de assalto. E é aquela coisa, a banda sempre tem o público nas mãos e entra com o jogo ganho. Dessa vez não foi diferente e foi fazendo a casa ferver que o sempre comunicativo China Lee (vocal) e seus asseclas Junior Muzilli e Daniel Beretta (guitarras), Diego Lessa (baixo) e Marcelo Campos (bateria) entraram detonando com “Delírio Estelar”. O som redondo, o entrosamento impecável, o carisma dos músicos e a boa movimentação, principalmente de Lessa e também do bem humorado Lee, que corria pelo palco, são detalhes que fazem parte do padrão de qualidade do quinteto quando toca ao vivo. Por sua vez, os fãs da banda vibraram e cantaram ao som de clássicos como “Anjos da Escuridão”, “Dama da Noite” e “Jogos de Guerra”.

Mas, como sempre, a energia foi lá em cima mesmo, quando o Salário tocou a ‘hardona’ “Noite de Rock”. Apesar de a quantidade de pessoas que compareceram ao evento ter sido apenas razoável, nessa música a sensação era de que a casa estava completamente lotada, pois, principalmente na paradinha, os fãs cantaram o refrão à plenos pulmões. Fora que o solo de Beretta foi de tirar o fôlego, bem como a atuação de Campos, que tocava de maneira cavalar. Uma que caiu muito bem foi a balada “Anjo”, que faz parte do segundo álbum, “Simplesmente Rock” (2009). Mas foi com a faixa-título do clássico ‘debut’ “Beijo Fatal” (1987), “Jogos de Guerra”, e também “Cabeça Metal”, de “SP Metal”, que o Salário encerrou sua apresentação em grande estilo.

Para os cariocas do Metalmorphose a noite era especial. Após passar por São Paulo em agosto de 2015, quando da divulgação do álbum “Fúria dos Elementos”, em show realizado no próprio Manifesto Bar, o grupo estava de volta, agora para lançar o sucessor “Ação e Reação”, e também para apresentar sua nova formação. Dos três integrantes que restavam do line up original que debutou no split “Ultimatum”, que foi dividido com a Dorsal Atlântica em 1984, ficou apenas o baterista André Delacroix, pois o baixista André “Big” Bighinzoli e mais recentemente o vocalista Tavinho Godoy – que gravaram o novo álbum -, deixaram a banda e foram morar na Europa. Agora, Delacroix e os guitarristas PP Cavalcante e Marcos Dantas (Azul Limão / X-Rated) têm a companhia do baixista Marcelo Val (Obsin e Somagnet / ex-Reckoning, Imago Mortis e Painside) e do vocalista Renato “Trevas”.

Logo no início com a acelerada “Vá pro Inferno”, de “Fúria dos Elementos”, deu para notar a energia e a empolgação dos novos integrantes. Nenhum dos cinco dava sinais de cansaço, apesar da viagem e também do show realizado no Rio de Janeiro na noite anterior, em que Trevas fez a sua estreia como ‘frontman’ do Metalmorphose. Sem perder tempo, o quinteto mandou uma longa sequência de músicas do novo álbum, que parece não esconder as influências tradicionais da banda. Entre as várias tocadas, a melhor de todas foi “Solução”. Com riff e levada simples e cativantes, foi impossível ouvi-la sem lembrar de Kiss e ZZ Top. Mas outras também legais foram a ‘motörhediana’ “Bala Perdida”, a pesada “Ação e Reação”, “Princesa do Metal” e “Liberdade”, que tem uma pegada forte de Iron Maiden, tanto que Trevas a anunciou dedicando-a aos fãs da banda inglesa. Algo bastante bacana foi o fato de que André “Big” retornou ao Brasil, exclusivamente, para participar desse evento e foi justamente a partir de “Liberdade” que ele foi chamado ao palco para fazer o restante do show no lugar de Val.

Após muitas de “Ação e Reação”, veio o encerramento com a antiga “Cavaleiro Negro”, de “Ultimatum”. Devido ao tempo de palco ter se esgotado, não foi possível finalizar com “Jamais Desista”, de “Máquina dos Sentidos” (2012). Foi uma pena também não terem incluído a ótima “Máscara”, do mesmo álbum, no repertório. De saldo final, ficou a constatação de que as novas músicas funcionam ao vivo, de que o veterano André Delacroix está tocando muito e de que o estreante Renato “Trevas” se encaixou bem na banda, não só pelo que canta e por agitar, mas por ser um vocalista bastante comunicativo.

Ao final do evento, a ROADIE CREW conversou com integrantes das três bandas. Todos eles falaram dos momentos especiais que cada uma delas está vivendo. Flávio de Barros comentou sobre a satisfação que está sentindo pelo fato de que após vários anos, finalmente o Vírus está mostrando uma música nova gravada em estúdio: “Somos uma daquelas bandas do tempo em que não existia nada ainda, então, mesmo que (“Povo do Céu”) seja um simples single, pra gente isso vem como uma puta conquista”, comemorou, antecipando uma boa notícia para os fãs da banda: “Esse single é um pequeno degrau para ver se até o final do ano a gente, finalmente, consegue fazer o primeiro ‘full lenght’ do Vírus.”

Quanto ao Salário Mínimo, 2017 é um ano emblemático para o grupo, que está comemorando 30 anos do lançamento de “Beijo Fatal”. China Lee conta o que faz o álbum ser relevante até os dias de hoje: “Esse álbum é muito importante no cenário nacional, primeiro porque foi muito divulgado na época, o Salário fez 40 programas de televisão e as músicas tocavam em várias rádios. Tivemos a sorte de fazer vários clássicos”. E ele relembra os números atingidos: “Pela (gravadora) RCA, esse disco vendeu na época 78 mil cópias. Certamente, hoje ele já bateu 200 mil. Por isso que o Salário está demorando muito para gravar um novo disco, porque queremos bater o “Beijo Fatal”, coisa que vai ser muito difícil”, profetizou.

Por fim, o animado Marcos Dantas falou sobre a nova fase do Metalmorphose, principalmente sobre a decisão do grupo de se manter ativo, mesmo após as saídas de Big e de Tavinho Godoy: “Quando o Big nos disse que decidiu ir com a família morar fora, pensamos que iria ser difícil para a banda ficar sem um dos fundadores, mas botamos na cabeça que iríamos gravar o novo material antes de ele ir viajar. Gravamos com ele em 2015 e quando começaram as gravações o Tavinho, acho que meio inspirado no Big, tomou a mesma decisão. Só que, sinceramente, no caso do Tavinho eu não acreditava muito, até o dia em que ele chegou com a passagem na mão. Assim sendo, chegamos a conclusão de que o Metalmorphose é uma entidade e que dá para continuar sem os dois, porém, insistimos que ambos participassem no disco”. E ele revela: “O Tavinho gravou com muita emoção. Se você prestar atenção, todas as músicas têm uma emoção muito forte, pois ele estava desiludido da vida e isso deu um feeling blues que a gente captou”. Dantas comemora o fato de que muitas pessoas têm dito a ele que “Ação e Reação” é o melhor disco do Metalmorphose. Quanto aos novos integrantes, ele afirmou: “Nosso vocalista novo é fã da banda e no decorrer do tempo vamos compor com ele. Teremos um novo Metalmorphose”, concluiu. Com todo esse clima positivo transmitido pelas três bandas, podemos imaginar uma possível terceira edição do “Conexão Metal”. Aguardemos!

METALMORPHOSE – Setlist:
Vá Pro Inferno
Bala Perdida
Solução
Ação e Reação
Liberdade
Tudo na Vida tem seu Preço
Princesa do Metal
A Cobra Fumou
Cavaleiro Negro

SALÁRIO MÍNIMO – Setlist:
Delírio Estelar
Anjos da Escuridão
Dama da Noite
Noite de Rock
Anjo
Jogos de Guerra
Beijo Fatal
Cabeça Metal

VÍRUS – Setlist:
Matthew Hopkins
Povo do Céu
Sacrifício
O Eremita
Sinos Negros
Batalha no Setor Antares

 

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