Seguindo a temporada de ótimos eventos no Rio de Janeiro, eis que um show apenas de bandas lendárias da cena nacional. Mas aparentemente, a chuva espantou muitos fãs, pois o público foi mediano, apesar de ser uma noite sexta-feira.
Com um número já razoável, o X-Rated subiu ao palco e começou seu show, que marca a volta da formação original – o retorno aos palcos ocorreu em agosto de 2012 e, desde então, o grupo vinha se apresentando esporadicamente. Para quem não conhece a banda, eles eram um supergrupo no início dos anos 90, composto pelo vocalista Luciano “Lucky Lizard” (que era famoso por ter cantado com Robertinho do Recife em seu projeto Metalmania), Marcos Dantas (que era o guitarrista do respeitado Azul Limão, hoje no Metalmorphose), André Chamon (baterista do Stress), além do ótimo baixista Bruno Schubnel. E vê-los de volta realmente é algo ótimo para todos os fãs de um bom Hard Rock setentista sujo, mas cheio de Groove e energia dos anos 80.
A banda subiu e convenceu, mostrando peso e força, com um repertório todo baseado no seu primeiro disco, “Shaking Like a Bad Machine” (que acaba de ser relançado no formato CD pela Urubuz Recordz), e mesmo após tantos anos de hiato, a energia, garra e força de suas músicas continua intocada, talvez melhor devido à experiência e ausência de maiores pressões empresariais.
E ouvir novamente músicas como “Striptease Boogie”, “Down in My Shelter” e “Face the Dog”, todas com ótimos vocais de Luciano (ele continua não só cantando muito bem, mas se mostra um bom intérprete. Só estava um se comunicando pouco com o público), os riffs sinuosos e solos melodiosos de Marcos. E falar da técnica de Bruno no baixo ou do peso da bateria de André é chover no molhado. São quatro ótimos músicos fazendo o que sabem melhor: tocar música de qualidade. Esperamos demais que o grupo continue na estrada, pois merece!
Seguindo a noite, direto de Belém do Pará os pioneiros do Metal no Brasil, o trio Stress, subiu ao palco. É incrível ver que se passaram mais de 30 anos desde o lançamento de seu primeiro disco, e eles continuam com uma vontade de fazer músicas e shows de alta qualidade. E ao mesmo tempo, gratificante ver que o veterano Roosevelt “Bala” Cavalcante (baixo e vocal) é praticamente um garoto no palco, tocando, cantando, tendo uma ótima presença e um carisma alucinado no palco, nada pré-programado, tudo feito na hora, e muito bem acompanhado de Paulo Gui nas guitarras (seu jeito de tocar é puro feeling, nada de um milhão de notas por segundo, apenas sentimento, o que mais importa), e André Chamon nas baquetas (depois do show, ele ainda se mostrava bem disposto e bem humorado. Fôlego de gato!).
E como é ótimo poder ouvir músicas como “Sodoma e Gomorra”, “Heavy Metal”, “Flor Atômica” e “Não Desista” ao vivo, sempre um grande prazer ao ver o grupo no palco esbanjando energia e carisma. E em um momento especial, o veterano Dicastro, guitarrista do Sangue da Cidade subiu ao palco e tocou com o grupo “Coração de Metal”, após uma bela reverência feita por Bala. Esperamos que o Sangue da Cidade continue na ativa!
E a cumplicidade do público era absurda, intensa, com muito slamdancing, cantando com a banda, especialmente nos hinos ao Metal como “Brasil Heavy Metal”, pulando e gritando o refrão de “A Tua Mãe é Moça?”, e indo à loucura no clássico “Mate o Réu”. Só resta dizer: se ainda não viu, veja a banda, compre os discos e veja o que esse trio é capaz!
Fechando a noite, o Metalmorphose fez mais uma ótima apresentação, embora boa parte do público já tivesse ido embora. Mesmo que aparentemente um pouco cansados do show do dia anterior (em que abriram para Picture e Grim Reaper no Teatro Odisséia), fizeram um show muito bom, em um clima bem descontraído.
Tavinho Godoy (vocais), PP Cavalcante e Marcos Dantas (sim, ele tocou duas vezes na noite, como o André Chamon), André Bighinzoli (baixo) e André Delacroix (bateria) mostram o porquê de o grupo ser um dos grandes nomes do Metal nacional na atualidade, com postura excelente (especialmente de André no baixo e Marcos nas guitarras, que tem uma Mise en scène ótima), músicas compostas com esmero e refrãos ótimos, e doses cavalares de energia e peso.
E ver o grupo tocar músicas como “Jamais Desista”, “Máscara” e “Máquina dos Sentidos” é algo obrigatório para todo fã de Metal que se preze. Mas como a noite tinha um clima especial e bem familiar, o grupo tocou uma música nova, que fará parte de seu próximo disco (“Me Leve Embora”, que mostra uma pegada mais pesada sem perder a melodia), uma versão para “Metalmania” de Robertinho do Recife (que pelo visto, era para Lucky Lizard cantar, mas parece que ele já havia ido embora), e por fim, os ex-guitarristas e fundadores Celso Suckow e Marcelo “Bem Johnson” Ferreira subiram ao palco e tocaram “Esperança Nunca Morre”, e para fechar, Marcos Dantas assumiu os backing vocals, André Big os vocais junto com Tavinho, PP o baixo e veio “Minha Droga é o Metal”, com direito a pingue-pongue com o público e apresentação bem descontraída de cada um dos integrantes do grupo. Que show!
Uma ótima noite, e quem ficou em casa na internet reclamando dos shows e outras perdeu uma aula de Metal de quem teria tudo para reclamar (acreditam que nenhuma das três bandas enfrentou dificuldades?), mas que preferem enfrentar os desafios e fazer boa música.
Set list – X-Rated:
Realize It
Stripteasee Boogie
Blue Heart
Evil Generation
Down in my Shelter
I Wanna Beer
King of the Hill
Have You Heard the News
Face the Dog
Cocktail Whale Crime
In a Bad Mood
Set list – Stress:
Sodoma e Gomorra
Heavy Metal
Inferno Nuclear
Stressencefalograma
Flor Atômica
Não Desista
O Lixo
Heavy Metal é a Lei
Coração de Metal
Brasil Heavy Metal
A Tua Mãe é Moça?
Mate o Réu
Set list – Metalmorphose:
Jamais Desista
Cavaleiro Negro
Máscara
Maldição
No Topo do Mundo
Me Leve Embora
Máquina dos Sentidos
Pelas Sombras
Desejo Imortal
Metalmania
Esperança Nunca Morre
Minha Droga é o Metal