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CORROSION OF CONFORMITY – São Paulo/SP, 12 de maio de 2018

Nem tem como negar: uma das coisas mais legais que aconteceram em 2018 foi o lançamento do disco No Gods No Crown. Além de ser um ótimo disco do Corrosion of Conformity, ele também marcou algo especial: o retorno do guitarrista/vocalista Pepper Keenan, após 13 anos sem gravar nada novo com a banda. Se ouvir a voz inconfundível de Keenan no álbum já foi uma experiência engrandecedora, o que poderia ser melhor do que a chance de conferir este retorno ao vivo? E era justamente essa a nossa principal tarefa, em 12 de maio, quando o grupo finalmente voltou ao Brasil.

Para dar o passo inicial nesta festa, tivemos a apresentação dos gaúchos do AXES CONNECTION. A inexperiência que a existência de um único álbum de estúdio – A Glimpse of Illumination (2017) – pode indicar, é derrubada pelos quase trinta anos de história do grupo, as boas e fortes canções e a vontade de usar a música para superar dramas e tragédias que marcaram o passado do quarteto. Na verdade, logo que o show iniciou e The Meaning of Evil começou a explodir os alto-falantes, nem parecia que estávamos diante de uma banda que estreava nos palcos. Bom entrosamento, músicos capacitados e o bom som da casa ajudaram a perceber cada nuance do som setentistas que faixas como Rearrange Yourself, Wisdom is the Key e Use the Reason têm a oferecer, e ressaltam a variedade rítmica alcançada pelas composições, um misto de metal setentista, stoner rock e hard rock, uma mistura que não costuma desapontar. Uma pena a casa ainda não estar com seu melhor público para acompanhar este show, que encerrou com Prepare Your Soul, e o cover para She Sells Sanctuary, clássico oitentista do lendário The Cult.

Já com um público melhor, foi a vez do UGANGA tomar o palco. Também dono de uma experiência contada em décadas, os mineiros acrescentavam peso extra ao caldo da noite de sábado em São Paulo, e claro, seriam os primeiros a garantir os ‘circle pits’ naquela noite, com seu potente thrashcore. Em plena divulgação do DVD Manifesto Cerrado, e na correria para lançar em breve o seu novo álbum de estúdio, Servus, o hoje vocalista Manu ‘Joker’ (isso, aquele mesmo) colocou fogo nos olhos e no coração dos presentes. O grupo – que hoje se completa com Marco Henriques (bateria), Raphael Franco (baixo) e o trio de guitarristas Thiago Soraggi, Christian Franco e Murcego – começou seu curto e poderoso set com Guerra, uma das músicas mais legais de Opressor (2014), álbum que ainda detém o status de mais recente do grupo.

A mudança de vibração que a entrada baixo/bateria/guitarra desta canção proporcionou era palpável, quase que uma presença física dentro da casa de shows. Aquele peso, aquela correria típica do hardcore é sempre garantia de agitação, e conforme a curta música ia correndo contra o tempo, a agitação e o calor iam tomando conta dos presentes. Nada poderia ser mais apropriado para este momento de empolgação e calor do que a já clássica Nas Entranhas do Sol, que como sempre, contou com a interpretação ensandecida de Manu Joker, que cantava como que a proteger os olhos do brilho de um sol implacável. A próxima, O Campo, conta com um ‘groove’ único, uma pegada que garantiu alguns hematomas para os mais empolgados (é, o negócio foi louco!), e torcicolos para os mais contidos, mas não houve quem não agitou, uma coisa linda de se ver! “Muito obrigado pela presença de todos”, agradeceu o vocalista, “é foda ver que aquela coisa de ficar na porta esperando a banda principal tá acabando, e que todo mundo está na mesma cena”, ele continuou, para em seguida mandar o cover de Troops of Doom, uma homenagem ao Sepultura que quase derrubou as paredes do Vic Club. Ao Pé da Grande Árvore, a nova Fim de Festa e Fronteiras da Tolerância puseram fim nessa vibrante apresentação, que esperamos, não demore para ter um ‘bis’ na Capital Paulista.

E então, era hora de reabastecer as energias rapidamente para o show do CORROSION OF CONFORMITY, que já percebíamos, contaria com a casa em quase sua lotação máxima. As premissas básicas para um grande show – boa banda, boas músicas, bom público, bom som – já estavam todos devidamente ‘ticados’ na lista quando o baixista Mike Dean subiu ao palco. Solitário sob os holofotes (o baterista convidado, Jon Green, já estava no palco há algum tempo, mas passou relativamente despercebido), o descabelado baixista se recostou em sua bela pilha de amplificadores para puxar as primeiras linhas gordurosas da noite, um som que parecia anunciar aquela mistura de gêneros que o COC sempre apresentou tão bem. Não demorou para que surgissem Woody Weatherman (guitarra) e Pepper Keenan, claro, muito celebrado pelos presentes. Trajando uma camisa onde se lia claramente a frase ‘amai-vos uns aos outros’ (ah, não era isso?), o vocalista foi direto ao ponto, e a banda emendou a nova The Luddite com Broken Man, primeira do ótimo Deliverance (1994) a ser tocada na noite, e que contou com ótima acolhida do público.

No melhor esquema ‘falando menos dá para tocar mais’, a banda seguiu sem grandes discursos, com apenas umas curtas pausas para trocar instrumentos, tomar uns goles de cerveja ou mandar um breve ‘obrigado’ aos presentes. Perfeito, já que nenhum de nós queria que o tradicional e protocolar ‘melhor plateia do mundo’ tomasse o lugar de Señor Limpio (outra de Deliverance) ou de Long Whip/Big America (Wiseblood, 1996), que certamente nos garantiram diversão muito maior. Mais uma pequena pausa para molhar a velha garganta ressecada, e Pepper Keenan já estava pronto para seguir adiante, agora com Who’s Got The Fire (America’s Volume Dealer, 2000), uma faixa tão estranha quanto cativante, e que destaca um belíssimo solo de guitarra, aqui apresentado à perfeição. Wolf Named Crow, provavelmente a melhor música do novo álbum, No Gods No Crown, veio na sequência, e não foi espanto para ninguém ver que ela foi cantada por muitos dos fãs presentes.

Certo, Paranoid Opioid é muito provavelmente a música mais conhecida de In the Arms of God (2005), mas confesso que eu não esperava um ‘circle pit’ tão insano nessa parte do show, que já mergulhava na sua segunda metade. Na verdade, eu esperava que isso fosse acontecer na pesada Vote With a Bullet, um verdadeiro clássico dos tempos de Blind (1991). E claro que aconteceu, meus amigos, e como aconteceu! Um pandemônio musical louvado com suor, ‘mosh’, gritos e toda aquela saudável insanidade que costuma rolar em momentos como esse. Mas a verdade é que já não havia mais tempo para muita coisa, então restava emendar mais clássicos: primeiro, Albatross, e depois, Clean My Wounds, aqui presente como ‘bis’, e com uma longa jam entre os instrumentistas.

É, uma bela noite no Centro de São Paulo. No retorno de Pepper Keenan, nenhuma música de Eye For An Eye (1984), Animosity (1985), Corrosion of Conformity (2012) ou IX (2014) foi tocada, e ninguém se entristeceu com isso. O favorito de muitos estava de volta, e foi celebrado com músicas da sua era. Agora, ficamos esperando por uma outra celebração: já que Reed Mullin não pode estar por aqui, por conta de uma recente cirurgia no joelho esquerdo, que tal em breve a banda voltar para o Brasil, para celebrarmos o ‘retorno’ dele? Seria a desculpa perfeita para vermos de novo todas essas canções fantásticas ao vivo…

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