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COSMIC ROVER – São Paulo (SP)

14 de outubro de 2023 - Fuertes Rock Pub

Por Leandro Nogueira Coppi

Fotos: Maíra Nakahara (@niponik)

Seguindo com a divulgação de seu novo e segundo álbum de estúdio, de autoexplicativo título HEAVY, disco esse que foi lançado no final de 2021, o Cosmic Rover proporcionou no último dia 14 de outubro (sábado) uma noite puramente de rock and roll e festa, literalmente. O show aconteceu no Fuertes Rock Pub, que fica localizado na região do Mandaqui, zona norte de São Paulo. Adornado com vários manequins e estátuas da lendária mascote Eddie, do Iron Maiden, e também com alguns outros personagens, entre eles o psicopata Mike Myers, da franquia cinematográfica Halloween, que em 2023 completa 45 anos, o atrativo novo point da noite paulistana recebeu um bom público, que compareceu não apenas para curtir o som do Cosmic Rover, banda paulistana referência do stoner brasileiro, como também para comemorar o aniversário do baterista e vocalista Edson Graseffi. Figura carimbada no cenário há décadas, além do Cosmic Rover Graseffi tem na bagagem trabalhos com Motorhammer e com os extintos Panzer, Reviolence, Chasing Fear, Hefestos e Punch. Completando o time, estavam os igualmente competentes Rodrigo Felix (baixo e backing vocal) e Xande Saraiva (guitarra e vocal), outra personalidade conhecida da cena e que há muitos anos exerce também a função de frontman do veterano Baranga. 

Para a ocasião, o Cosmic Rover preparou um show diferente do habitual. Meio que sem hora para acabar, o set foi dividido em dois blocos, com um repertório recheado de músicas do mencionado HEAVY e do debut Spitting Fire (2019), além de vários clássicos do rock e do heavy metal, entre eles alguns hinos do rock nacional. Foi uma noite em que surpresas estavam reservadas não só para o público presente, como também para o próprio ‘andarilho cósmico’…

Pontualmente às 22h30, o Cosmic Rover chegou rasgando com a pesada e climática Dreams, música de HEAVY. Na sequência, foi a vez de a banda prestar homenagem ao AC/DC, com um clássico dos tempos do saudoso Bon Scott: Rock ‘n’ Roll Damnation. Cantar AC/DC, seja da fase Scott ou Brian Johnson, não é tarefa das mais fáceis, porém a música da banda australiana caiu muito bem na voz de Graseffi. Desde que fundou o Cosmic há cinco anos, o baterista se consolidou também como vocalista, dupla missão exercida por poucos na história do rock. Afinal, quem mais além de Graseffi, Gil Moore (Triumph), Dan Beehler (Exciter), Phil Collins (Genesis), Don Henley (Eagles), Grant Hart (Hüsker Dü), Don Brewer (Grand Funk Railroad) e Deen Castronovo, entre outros poucos, você lembra nesse rol? 

A dobradinha seguinte também foi composta de dois covers, começando pela ótima Mother, um dos maiores hits da carreira do grupo americano Danzig. Depois dessa, Xande assumiu o vocal principal e ressaltou: “nós também costumamos fazer uns clássicos nacionais”. O primeiro deles foi um tributo ao Patrulha do Espaço, com uma versão nitroglicerinada para Olho Animal, faixa presente originalmente no álbum Primus Inter Pares (1993), que foi gravado com o finado Rubens Gioia, d’A Chave do Sol, na guitarra – músico esse com quem Graseffi chegou a tocar por um breve período. 

Reassumindo o vocal, antes de anunciar a próxima Graseffi agradeceu o público pela presença e a casa pelo espaço, disse que havia ali muitas pessoas queridas e que era a primeira vez que estava conseguindo comemorar seu aniversário tocando em um show e indagou: “Eu sempre faço essa pergunta nesse momento do show, acho que ainda é cedo, mas não custa nada: Quem aqui está muito louco?”. Alguns responderam com “ainda não” e com “está cedo ainda!”. Então o batera/vocal arrancou gargalhadas ao anunciar mais uma do novo álbum: “Essa música fala justamente disso, você muito louco andando na lua: Stoned Moon”. De Spitting Fire, a primeira música executada foi Never Forget, uma porrada arrastadona que remete à sonoridade de bandas como Trouble, Down e Black Sabbath na fase DIO – ainda mais porque o vocal de Graseffi tem muito das características da voz do saudoso baixinho do ‘horns up’.

De volta ao álbum HEAVY, a bola da vez foi a acelerada Catch Me, que ao vivo ficou um pouco mais rápida do que a versão de estúdio – ouvir o refrão dessa torna impossível não lembrar da canção tema da série Batman original da década de 1960, composta pelo jazzista Neal Hefti.

Uma trinca de hinos de tirar o fôlego, na voz de Xande, veio numa debandada só. E dá-lhe rock and roll com Rock ‘n’ Roll Radio (Ramones) – uma das que mais agitou o público -, We’re An American Band (Grand Funk Railroad) – com direito ao indispensável e charmoso cowbell, assessório que é lei na batera dessa música – e She (KISS). E se teve trinca de clássicos gringos, por que não uma dobradinha brazuca? E começou, também na voz de Xande, com Duas Rodas, música do EP Última Noite, lançado em 1986 pelo velho Centúrias, que contava em sua formação com o lendário baterista Paulão Thomaz, parceiro do próprio Xande no Baranga, banda essa que regravou a música em seu homônimo álbum de estreia, lançado há exatos 20 anos. Em Duas Rodas rolou até coreografia entre Xande e Rodrigo, que ostentava um belo contrabaixo customizado tal como a famosa guitarra de Eddie Van Halen modelo Frankenstrat. Depois dessa, A Hora E A Vez do Cabelo Crescer, do cultuado Mutantes (e regravada pelo Sepultura), em uma versão propulsiva muito legal, ao melhor estilo New Wave of British Heavy Metal, finalizou o primeiro bloco.

Quarenta minutos de pausa depois, tempo suficiente pra galera beber, comer, tirar fotos, selfies e também trocar aquela ideia com Graseffi, Xande e Rodrigo, o power trio retomou o show atacando com Fire Woman, um dos hinos do hard rock, de autoria dos ingleses do The Cult. Apesar de no início desta matéria eu ter dito que o Cosmic Rover é referência no stoner, seria limítrofe de minha parte reduzir o som do grupo à uma única vertente, visto que pululam aos ouvidos a sujeira daquele rock and roll mais carrancudo e a crueza do heavy metal genuíno e sem firulas da primeira metade dos anos 80. Uma das influências declaradas do Cosmic Rover é o Motörhead, e se no repertório o power trio brasileiro incluiu diversos covers, a banda do incomparável e icônico Lemmy Kilmister não poderia ficar de fora. E não só não ficou de fora como foi celebrada logo com duas de suas várias músicas mais significativas. A primeira delas, apresentada por Graseffi como “uma das músicas mais sacanas que Lemmy escreveu, diria até que é um rock de sacanagem”The Chase is Better than the Catch – com direito a improvisação por parte de Xande -,  e a segunda nada menos do que Iron Fist.

Entre as duas músicas do saudoso Motörhead, Graseffi apresentou a banda (e arrancou mais gargalhadas tirando onda de seus parceiros que esqueceram de lhe apresentar: “já que ninguém me apresenta, eu me apresento: nos vocais…” ), e ainda rolou a sempre emocionante Simple Man, canção dos mestres do southern rock Lynyrd Skynyrd, que trouxe para dentro quem desde o intervalo ainda permanecia na parte externa do bar – vale ressaltar que Xande integra o Last Rebel, grupo tributo ao Lynyrd. 

Lembra quando eu disse no início que haviam surpresas reservadas para o público e também para a banda? Pois bem, antes de o Cosmic Rover dar sequência ao show, um momento romântico aconteceu. Edson Graseffi disse: “A gente vai tocar uma música agora, que na verdade é uma canção de amor que eu fiz pra minha esposa. E ela fez aniversário na semana passada“. Então ele puxou um “Parabéns Pra Você” e foi acompanhado por Xande e Rodrigo, que tentaram um improviso com seus respectivos ‘machados de cordas’. Todo mundo entrou na onda e cantou junto. Foi quando, inesperadamente, a própria Carla Graseffi surgiu no palco trazendo um bolo em formato de caixa de bateria. Com Edson e Carla selando o momento com um beijo em pleno palco, todos comemoraram os respectivos aniversários do casal. Emocionado, Graseffi brincou: “o romance está no ar!”. Que momento bacana! E foi assim então que o frontman (ou seria backman?) anunciou a cadenciada Electrify, outra do álbum de estreia do Cosmic Rover.

De fato, eu já estava sentindo falta das músicas do próprio Cosmic Rover no show, então veio mais uma de Spitting Fire, a intensa Space Motherfucker. Voltando ao clima de “o amor está no ar”, outra surpresa aconteceu na música seguinte, que foi o cover dos Rolling Stones para Gimme Shelter. Para essa, a banda convocou ao palco a carismática e experiente cantora Nila Rorato, namorada de Xande Saraiva e parceira dele na banda Rockdealers – Nila também é vocalista do próprio Rolling Stones Cover, Stonezes, e das bandas The Intruders, Spell e do duo Par ou Ímpar.

E já que era mesmo uma noite de surpresas, dessa vez foi o próprio Rodrigo Felix quem assumiu o vocal na próxima, Born to Be Wild, hino dos motociclistas de plantão e música de maior sucesso do Steppenwolf, além de ter sido tema do filme “Easy Rider” (no Brasil, Sem Destino), de 1969, e ser conhecida como a primeira música da história a usar na letra o termo “heavy metal”.

Caminhando para o final de um longo e divertido show, o Cosmic Rover escolheu destacar mais músicas de seu catálogo. A primeira delas foi a faixa derradeira de HEAVY e uma das mais legais da banda, a lenta e com um dedilhado inicial muito bonito, e ao mesmo tempo pesada e densa, Just Let Me Free. Nessa, Graseffi mostrou que a ótima performance vocal não se limita ao estúdio. Assim como em estúdio, no decorrer dessa ele fez duo com o parceiro Xande, que cantou trechos (extraídos de uma música do Baranga) da letra em português – sacada legal da banda. Finalizando, o power trio se despediu com a sugestiva e energética Fast Cars, faixa de abertura de HEAVY.

Essa foi uma noite memorável, em real clima de festa. Muitas coisas foram bacanas nessa noite. Uma delas foi ver um novo pico em São Paulo, especificamente na zona norte, que sempre foi uma região fraca em termos de bares de rock. Foi legal também notar a galera que saiu de casa para prestigiar uma banda nacional feito o Cosmic Rover, em tempos em que o país é invadido por uma leva de shows internacionais (e caríssimos por sinal!) – teve até fã do Cosmic Rover vindo de Boiçucanga (litoral de São Paulo) prestigiar o grupo. E a cereja do bolo (trocadilho proposital com a ocasião), foi o alto astral que ficou ainda mais elevado com o clima de romance que pairou no recinto, tornando esse um dos shows mais positivamente diferentes que vi nos últimos tempos.

Viva o rock and roll. Viva o amor! 

Cosmic Rover set list:

  1. Dreams 
  2. Rock ‘n’ Roll Damnation (AC/DC)
  3. Mother (Danzig)
  4. Olho Animal (Patrulha do Espaço)
  5. Stoned Moon
  6. Never Forget
  7. Catch Me
  8. Rock ‘n’ Roll Radio (Ramones)
  9. We’re An American Band (Grand Funk Railroad)
  10. She (KISS)
  11. Duas Rodas (Centúrias)
  12. A Hora e A Vez do Cabelo Nascer (Mutantes)
  13. Fire Woman (The Cult)
  14. The Chase is Better Than the Catch (Motörhead)
  15. Simple Man (Lynyrd Skynyrd)
  16. Iron Fist (Motörhead)
  17. Electrify
  18. Space Motherfucker 
  19. Gimme Shelter (The Rolling Stones)
  20. Born to Be Wild (Steppenwolf)
  21. Just Let Me Free
  22. Fast Cars 

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