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D.R.I. – São Paulo/SP, 14 de abril de 2018

Quem costuma acompanhar com interesse a agenda de shows sempre tão movimentada da Capital Paulista, sabe que a volta dos norte-americanos do DIRTY ROTTEN IMBECILES já era tratada como uma espécie de ‘lenda urbana’, quase tão popular quanto a ‘loira do banheiro’. Pois bem, enquanto ainda tem muito marmanjo procurando encontrar sua loira do banheiro, felizmente o show do D.R.I. se tornou realidade. Em um sábado de clima bastante agradável em São Paulo – em que a chuva ameaçou mas não caiu, e os termômetros baixaram alguns agradáveis graus de temperatura – o trânsito não ajudou tanto quanto se esperava, mas mesmo assim poucos foram os que tiveram problemas para chegar.

Assim, com a casa já bastante movimentada, João Gordo (vocal, RATOS DE PORÃO), Guilherme Martim (bateria, VIPER, TOYSHOP), Cléber Orsioli (guitarra, BLACKNING) e Dan Lilker (baixo, NUCLEAR ASSAULT, STORMTROOPERS OF DEATH, BRUTAL TRUTH, etc) tomaram o palco para a abertura dos trabalhos, com o genial projeto Not S.O.D. Com a premissa de tocar o clássico Speak English or Die na íntegra (1985, aqui vertido para ‘Fale Português ou Morra’), o quarteto fez um show febril e enérgico, onde os ‘circle pits’ duraram da primeira até a última nota da afiada guitarra de Orsioli. Claro que a presença de Dan Lilker foi a mais festejada – não é sempre que uma divindade do metal dos anos 80 está agitando como um maníaco ao seu lado – mas os brasileiros não decepcionaram, deixando marcado na memória um grande show de abertura.

Após alguns longos minutos de espera, finalmente teríamos a chance de ver o D.R.I., talvez a banda mais importante de toda a história do crossover – ou thrashcore, se você preferir. Sem alarde, introduções climáticas, jogo de luzes e fumacinhas fétidas, Spike Cassidy (guitarras), Rob Rampy (bateria), Gregg Orr (baixo, ATTITUDE ADJUSTMENT) e o gigante Kurt Brecht (vocal) tomaram o palco como se estivessem começando um ensaio rotineiro na sala de sua própria casa, uma atitude tão cheia de naturalidade e desenvoltura, que até poderia ter sido confundida com total falta de compromisso – caso aqueles milhares de olhos que encaravam o palco não pertencessem a fãs que esperavam e ansiavam justamente por esta postura, um testamento do legado perpetrado nas últimas décadas por uma banda totalmente avessa ao sucesso e suas frescuras.

Todo aquele torpor de ‘isso realmente está acontecendo?’ se desfez com a correria de The Application (Definition, 1992), que acabou por pegar muita gente de surpresa. Felizmente esta é daquelas músicas que dão tempo para você se situar antes dela terminar, algo que para os padrões do início de carreira do D.R.I. poderia soar até como um longo épico. Enquanto os ‘circle pits’ voltavam a se formar em todos os cantos do recinto, a banda seguia mandando pedrada sobre pedrada, sempre com a voz ‘podrona’ de Brecht dando o tom da desgraça, e os fenomenais riffs ‘máquina de cortar grama enguiçada’ de Cassidy a esmagar tímpanos. Enquanto Hooked fazia os fãs de Crossover (1987) chegar às raias da loucura, How To Act (Dealing With It!, 1985) e Commuter Man (Dirty Rotten EP, 1983) fizeram a alegria daqueles que preferem o som mais hardcore do início da carreira.

A viagem de quase quatro décadas também merecia uma parada em tempos mais modernos, então, após mais alguns clássicos do quilate de Snap e Violent Pacification, veio a tríade maníaca Against Me/Anonymity/As Seen on TV, todas do recente EP But Wait… There’s More! (2016), a última cantada em coro pelo público, já suado e sem fôlego. Na sequência, o baixista Greg Orr cedeu seu posto para Dan Lilker, e aí – como você pode imaginar – o inferno foi libertado. Mad Man veio rasgando couro e carne, e o clima ameno da noite de sábado se viu transformado em um caldeirão infernal, onde suor e porrada (no melhor sentido) tomavam conta do ambiente e transformavam o ‘fabrique’ em ‘abatedouro’.

Já com Orr de volta ao seu lugar, veio Acid Rain, uma das melhores composições de toda a carreira do grupo, e que logicamente não poderia faltar nesta celebração paulistana. Aliás, o que não faltou foram riffs esmagadores, correria, suor, agitação e clássicos, empilhados aos montes, forçando o telhado e as paredes, transbordando pelas esquinas, esmagando os corpos pelo chão. Que banda fenomenal, meus amigos! Que show incrível presenciamos! Ao final, ainda tivemos Manifest Destiny e Five Year Plan, então, o que dizer?

Uma noite amena em São Paulo… Vai nessa. Não teve nada de ameno, não pelas bandas da estação de metrô Barra Funda. Quem lá esteve presenciou uma das noites mais causticantes e célebres que a Capital Paulista já viu. Quem lá esteve, tomou suco de metal oitentista direto da caneca do diabo, e saiu sorrido de satisfação! Em uma noite que ainda teve os legítimos filhos do deus da música em outra região da cidade, os presentes no Fabrique viram e ouviram o bastardo feio e degenerado, o aborto abjeto de um deus da música surdo e meio gagá – o filho sujo, podre e imbecil que talvez não orgulhe o pai, mas que é amado por todos na rua. Que venha o próximo, pois este show já virou lenda!

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