Por Nelson Souza Lima
E dentro da série “primeira vez no Brasil” chegou a hora de recebermos Dave Bickler. O americano que marcou época empunhando o microfone do Survivor entre 1978 e 1983 veio ao nosso país para uma rápida turnê que passou por Limeira, Goiânia, São Paulo, encerrando em Brasília no dia 15 de fevereiro.
Na capital paulista o cara se apresentou no Manifesto Bar e a despeito de ser mundialmente conhecido como a voz do clássico “Eye Of The Tiger”, deixou claro que vai muito além disso mostrando um repertório bacanudo com canções de sua ex-banda e também do álbum “Darklight”, lançado em 2018.
Importante frisar que apesar da extensa carreira de Bickler “Darklight” é seu primeiro álbum solo.
Não sei se foi a noite chuvosa ou o fato do Survivor ter mais fãs das antigas, que deveriam estar dormindo num domingo à noite, mas o público que compareceu ao Manifesto foi bem modesto. Verdade seja dita: Dave Bickler merecia um público maior. Porém são coisas que fogem à nossa explicação. Percorrendo o país com uma banda brasuca formada por músicos tarimbados como o guitarrista Rafael Souza e o baixista Will Costa o americano não é lá muito carismático no palco, agita moderadamente e sua apresentação ficou marcada como a mais curta que presenciei.
Uma hora de show e se for levar a ferro e fogo foram 59 minutos. Os fãs mais fiéis chegaram cedo para ficar grudados no palco e acompanhar tudo bem de perto. Mas nem era preciso se espremer, tava tudo de boa. `As 20h04 minutos a banda desceu ao palco sem alarde, a galera bateu palmas acanhadas, nada de pirotecnia, tudo muito simples.
Quem tem acompanhado as apresentações de Bickler sabe que seu set list abrange músicas dos quatro álbuns gravados com o Survivor e lançados entre 1979 e 1983. No Manifesto ele só não cantou nenhuma canção do debute homônimo, lançado em 1979.
Fora isso, o repertorio trouxe músicas do “Premonition” (1981), “Eye Of the Tiger” (1982) e “Caught In The Game” (1983). Sem perda de tempo mandaram “Feels Like Love’, do disco “Eye Of The Tiger”, sabendo que a canção homônima encerraria o set.
Na sequência “Caught In The Game”, uma saudação ao público e o tradicional “é bom estar no Brasil”. Em seguida Bickler falou do álbum novo e que cantaria uma canção escrita após os atentados de 11 de setembro de 2001, pois ele morava bem em frente às Torres Gêmeas e que esperava levar esperança às pessoas. ‘Hope” faz parte de “Darklight” e foi a única música desse disco do set, além de “Always You”.
“Summer Nights”, do disco “Premonition” precedeu a também mundialmente conhecida “Burning Heart”, gravada originalmente por Jimi Jamison, vocalista que substituiu Bickler no Survirvor em 1984. Como se sabe essa música fez parte da trilha sonora de Rocky IV, clássico boxe/cinematográfico com Silvester Stallone que quebrou a cara de Ivan Drago.
Na voz de Bickler “Burning Heart” também tem pegada e a banda competente não deixa a peteca cair. Bickler não é de falar muito no palco, mas antes da próxima canção comentou sobre artistas que o influenciaram e como os Rolling Stones estiveram sempre presentes na sua formação musical. Emendaram o clássico da banda de Mick Jagger, “Jumpin Jack Flash”, para delírio dos fãs.
Com 35 minutos de show já estavam na metade do set. “Always You”, do disco novo veio na sequência sendo emendada por duas do “Premonition”: Chevy Nights” e “Take You on a Saturday”.
Para encerrar a apresentação a envolvente e dançante “I Can’t Hold Back”, do disco “Vital Signs”, de 1984, o primeiro do Survivor com Jimi Jamison, a qual Bickler considera uma grande canção por ter um refrão irressistível.
O Gran Finale ficou com a manjada “Eye Of The Tiger”, muitas palmas e refrão cantado a plenos pulmões. O encerramento esperado para um show que se não foi inesquecível pelo menos agitou os fãs. Não teve bis, muito embora um cara mais exaltado pedisse insistentemente “Children of The Night”..
Bickler e banda agradeceram o público e se retiraram. Show morno. Mas valeu a pena assim mesmo.
