Quando o NIRVANA estourou em 1991 e popularizou de vez o grunge, uma linha de frente foi traçada entre fãs de som alternativo e heavy metal. Isso segundo DAVID ELLEFSON, que hoje admite curtir o som de KURT COBAIN e companhia.
O ex-baixista do MEGADETH contou em uma entrevista recente que, à época, era impossível para fãs de metal admitir que gostavam da banda de Seattle. Quem o fizesse, era “punido”.
O assunto foi abordado durante entrevista ao X5 Podcast, transcrita pelo Blabbermouth. ELLEFSON ofereceu um retrato da época em que Nevermind (1991) foi lançado, sob seu ponto de vista.
Ele disse:
“Eu morava em Los Angeles em 1991. Estávamos saindo do álbum Rust in Peace do MEGADETH e começando a compor Countdown to Extinction [disco seguinte]. Lembro de estar dirigindo. A KNAC era a grande rádio de rock. Lembro de ouvir uma música chamada ‘Breed’ e achei demais, muito boa. Calhou de ser NIRVANA. E eu gostava de NIRVANA. Achava eles legais. Adorava o som deles. Entendia tudo. Era basicamente ilegal para um headbanger falar que gostava de NIRVANA. Você poderia ser basicamente crucificado e executado a tiros se dissesse algo. Não era permitido a nenhum de nós falar nada.”
DAVID ELLEFSON, NIRVANA e o grunge
Quais as razões para tal patrulhamento da comunidade do metal? DAVID ELLEFSON categorizou como reação a como o NIRVANA mudou o foco da indústria musical para longe do heavy metal. O músico explicou:
“Olha, eles mudaram… Foi de hair metal direto pra Seattle, especialmente, no que diz respeito à MTV, mídia e coisa assim. Acho que ficamos meio perdidos nisso. Quando lançamos o álbum Youthanasia (1994), o primeiro single ‘Train of Consequences’ foi bem recebido. ‘À Tout Le Monde’, por outro lado, não foi. Aí eles basicamente mudaram de canal.”
O baixista comenta ainda que o sucesso do NIRVANA e do grunge, por extensão, fez com que bandas de metal reconsiderassem vários aspectos de suas apresentações, sob a ameaça de perder relevância. Para ele, além do MEGADETH, o METALLICA soube se adaptar à nova realidade.
“É claro, o METALLICA cortou o cabelo. Eles começaram a alterar o som um pouco – era mais uma questão de imagem com eles, pois permaneceram uma banda de metal na maior parte. METALLICA e MEGADETH certamente sobreviveram. Nos adaptamos e sobrevivemos. Alguns dos nossos contemporâneos simplesmente mantiveram o curso e, como resultado, suas vendas diminuíram pela década seguinte, até os anos 2000 chegarem.”
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