Com IX, o grupo alemão Dawn Of Destiny amplia sua carreira iniciada em 2005, na cidade de Bochum, localizada no Vale do Ruhr, no estado da Renânia do Norte-Vestfália. Sim, o título não é mero acaso, trata-se do nono álbum do quinteto formado por Jeanette Scherff (voz), Jens Faber (baixo, piano e voz), Veit Offenbächer (guitarras), Dirk Rackiewicz (teclado) e Philipp Bock (bateria). São quase 25 anos de história e eu desconhecia totalmente o trabalho deles. Fiquei intrigado, pois ainda que a linha sonora dos germânicos não esteja entre os estilos da minha preferência, tenho mais tempo no heavy metal – como fã e depois jornalista – do que o Dawn Of Destiny tem de existência. Fiz uma pequena enquete com alguns amigos que também acompanham este mundo metálico cotidianamente e a situação foi a mesma. Isso me faz ter a certeza de que o público brasileiro fica restrito às opções de bandas que as gravadoras decidem investir para lançar no mercado nacional. Digo mais, mesmo com o poder e abrangência da Internet, pode se afirmar que é impossível conhecer tudo, principalmente em um gênero musical tão diversificado quanto o heavy metal.
Mas antes que você leitor pense que estou aqui tentado criar um tratado sobre questões mercadológicas e a indústria musical, vamos para a resenha. O material de divulgação da gravadora El Puerto Records indica inclui o Dawn Of Destiny no power metal. Mas durante as 12 faixas fica claro que o quinteto também poderia estar entre as múltiplas opções do metal sinfônico. A parte boa disso é que Faber, o mastermind por trás de tudo, não busca ser “mais do mesmo”, a meta não é ser uma cópia genérica das inúmeras bandas que investem em “castelos e dragões”, “espadas encantadas”, “vozes angelicais”, “guerreiros nórdicos” e os demais clichês que saturaram o estilo ainda nos anos 1990.
É claro que as influências básicas estão presentes em canções como A Child´s Hand e Wings, por exemplo. Mas em momento algum me flagrei pensando “isso parece com Nightwish”, “aquilo lembra o Angra”, “esta parte poderia estar em um trabalho do Rhapsody”. A sonoridade é forte e não há temor em quebrar regras e sair dos padrões. Exatamente como ocorre na faixa de abertura, Mortem Vidi, ou em Better Told Me Tight, cujo riff inicial é quase thrash metal e o restante da faixa é puro metal tradicional à la Accept ou Judas Priest. Aqui o “duelo” das vozes de Jeanette e Faber é um primor.
E ambos se destacam em todas as canções, com timbres muito agradáveis. Ela com uma voz cativante e ele com a capacidade de muito bem transitar entre partes melodiosas e outras mais agressivas. Crown Of Creation mostra isso: se no primeiro minuto o clima é de calma proporcionada pela vocalista, logo Faber investe em um gutural consistente de quem poderia estar em um grupo de metal extremo.
A velocidade de Alive (ok, nesta eu pensei em Hammerfall), Abandoned, que conta com a participação especial de Jonas Heidgert, vocalista do sueco Dragonland, e a excelente I Live For Your Pain são outros pontos altos em IX. Não resisti à tentação e fui ao streaming ouvir os trabalhos anteriores do Dawn of Destiny. A qualidade se mantém e, quem diria, depois de tantos anos, passei a ser fã de um grupo de power metal. Voltando ao início desta resenha, amigos, mesmo com a vida corrida que todos temos, vale a pena sair da comodidade de escutar sempre os mesmos artistas e procurar mais opções.