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DE LA TIERRA / ARMORED DAWN / KARBURALCOOL

O público que compareceu ao Tropical Butantã na última quarta-feira, véspera do feriado de Finados, teve uma noite, no mínimo, curiosa. O metal foi representado em três idiomas diferentes. A atração principal foi o De La Tierra, que retornava ao Brasil para lançar o novo álbum, “II”, trazendo seu metal cantado em castelhano feito por integrantes de quatro países sul-americanos distintos. Quem deu início, em bom e velho português, foi o grupo paulista Karburalcool, que foi escalado mediante a conquista do concurso “Sua banda no show do De La Tierra”. Entre os dois grupos, cantando em inglês, estava o emergente Armored Dawn, que proporcionou toda uma atmosfera nórdica ao local e aproveitou a ocasião para também lançar o seu segundo álbum: “Barbarians In Black”. A única coisa desagradável no local era o mau cheiro que saia, provavelmente, de um dos banheiros próximo a escada que leva ao mezanino. Mas vamos ao que realmente interessa: os shows…

Em apenas meia hora de apresentação, o Karburalcool – grupo oriundo de Presidente Prudente – agradou o público, que ainda era pequeno, com um som pesado e direto. Entre as músicas executadas por Ricardo Girardi (vocal), Bruno Lima e Mike (guitarras), Lucas Mesquita (baixo) e Marcelo Ferri (bateria), as mais legais foram “Seja Bem Vindo”, a arrastada “Defeitos Humanos”, com solo cativante de Lima, e “Em Busca Do Que Se Perdeu”, que, assim como no homônimo álbum de estreia, que foi lançado no ano de 2014, contou com a participação do vocalista do Carro Bomba e, duas vezes, ex-Golpe de Estado, Rogério Fernandes. Apesar do show ter sido curto, o grupo conseguiu passar bem o seu recado e para o encerramento mandou a própria “Karburalcool”, que é a música mais conhecida da banda, devido ao videoclipe que pode ser conferido no YouTube.

A seguir foi a vez de o Armored Dawn arrebatar o público com seu power metal de temática medieval. Inclusive, um fato que chamou a atenção é que, entre seus fãs, alguns trajavam indumentárias épicas. Em meio às bancadas de merchandising, havia até quem maquiasse as pessoas que queriam entrar no clima. No início o som estava um pouco baixo – ao menos para quem assistia dos mezaninos – e a iluminação só melhorou a partir de “Bloodstone”.

Quanto ao repertório, exceto por “Viking Soul” do debut “Power of Warrior” (2016), o restante do set executado por Eduardo Parras (vocal), Timo Kaarkoski e Tiago de Moura (guitarras), Fernando Giovannetti (baixo), Rafael Agostino (teclado) e Rodrigo Oliveira (bateria) baseava-se em “Barbarians In Black”. De Moura e Agostino se destacaram com solos impecáveis, um deles em “Eyes Behind the Crow” e o outro na mencionada “Bloodstone”.

A épica “Men of Odin” funcionou bem, pois a paradinha em seu refrão de fácil assimilação atraiu o público a cantá-lo. A mais bem recebida foi a conhecida balada “Sail Away”. Ao anunciá-la, Parras agradeceu o público pelo videoclipe da música ter ultrapassado a marca de um milhão de visualizações. Mas a pegada AOR de “Survivor”, com o rápido ‘break’ para as viradas de Oliveira, que também é conhecido por ser o cara que há duas décadas comanda os tambores do Korzus, a fez cair no meu gosto como a mais legal entre todas as músicas. Passada essa apresentação, o Armored Dawn partiu em viagem com o De La Tierra para shows em Buenos Aires (ARG) e em Santiago (CHI).

Quase quarenta minutos depois, o De La Tierra entrou em cena sob breve introdução. O super grupo formado pelo vocalista e guitarrista argentino Andrés Giménez (A.N.I.M.A.L.), pelo baterista americano Alex González (Maná, do México), pelo estreante baixista porto-riquenho Harold Hopkins Miranda (Puya), que assumiu a vaga deixada por Sr. Flavio (Los Fabulosos Cadillacs), e por Andreas Kisser – esse dispensa apresentações, pois, possivelmente, até um alienígena sabe que ele toca no nosso Sepultura -, entraram detonando com três seguidas, sem intervalos: “Maldita História”, “Señales” e “Rostros”. Na primeira pausa, o simpático Giménez comentou que é muito importante para o De La Tierra estar de volta ao Brasil – a banda estreou no país em 2014 e no ano seguinte tocou nos festivais “Monsters of Rock” e “Rock in Rio” – e tirou de letra o fato de muitos não compreenderem seu idioma: “Se vocês não me entendem é até melhor, para que possam escutar nossa música, que na realidade é o que mais vale a pena”.

Dando continuidade, foi a vez de o grupo tocar “Valor Interior”, do homônimo primeiro álbum, e o legal dessa música era não só o seu ritmo pesado e cadenciado, como também o duo vocal entre Giménez e Kisser. Na seguinte, “San Asesino”, González, fez uma intro na batera com um groove em ritmo brasileiro, evidenciando forte influência dos álbuns “Chaos A.D.” (1993) e “Roots” (1996), do Sepultura. “Dois Portais” começou com Kisser cantando-a, mas logo Giménzes entrou no jogo para outro duo vocal. O setlist foi bem balanceado com músicas dos dois álbuns do De La Tierra e ia sendo executado, basicamente, de maneira intercalada.

Um momento engraçado aconteceu após Andrés Giménez dizer que, dos quatro, o único que era capaz de falar em português era Andreas Kisser. O guitarrista satirizou falando sim em português, só que de Portugal. Depois disso, Kisser apresentou seus companheiros e novamente brincou ao anunciar: “A próxima é “Sin Límites”, que significa ‘sem limites’”. Já em “Chamán de Manaus”, os olhos se voltaram para Alex González, que tocou jogando e pegando suas baquetas no alto e tocando em pé em alguns momentos. Aliás, é bom dizer que González é um animal na batera, o cara desce o braço enquanto toca.

Em outra pausa, Andre comentou a importância que tem o De La Tierra tocar no Brasil, por abrir espaço para culturas entre os países sul-americanos. E foi legal quando elogiou o povo brasileiro pelo sentimento pela arte e pela musicalidade. Ele também comentou que, apesar dos idiomas serem diferentes entre o Brasil e o restante dos países de nosso continente, ele sente muito que a política entre todos eles seja “a mesma merda”. Após tocar a música “Fome”, a banda saiu do palco e a plateia gritou em coro o nome do De La Tierra, que retornou para o bis final com “Sangramos Al Resistir”, contando com outra divisão vocal entre Andrés e Andreas, e “Cosmonauta Quechua”, em que o vocalista largou sua guitarra e cuidou apenas do microfone.

Saldo final: apesar de muita gente ter se retirado antes do fim do show do De La Tierra, foi uma apresentação cheia de energia e também divertida da banda. Claro, quando junta, principalmente, um brasileiro e um argentino, é impossível não rolar o assunto futebol – o curioso é que o ex-lateral esquerdo da Seleção Argentina, Sorín, estava na lateral do palco curtindo o show. E quando Andreas perguntou à Giménez “Quem é melhor? Pelé ou Maradona?”, seu companheiro respondeu, na lata: “Messi!”. E pra você, leitor, quem é o melhor?

DE LA TIERRA – Setlist:
Intro
Maldita Historia
Señales
Rostros
Valor Interior
San Asesino
Puro
Detonar
Dois Portais
Somos Uno
Sin Límites
Chamán de Manaus
Ciénagas de Odio
Fome
(BIS)
Sangramos Al Resistir
Cosmonauta Quechua

ARMORED DAWN – Setlist:
Chance to Live Again
Eyes Behind the Crow
Bloodstone
Men of Odin
Viking Soul / solo de baixo
Survivor
Sail Away
Gods of Metal
Beware of the Dragon

KARBURALCOOL ROCK – Setlist:
Kaos
Seja Bem-Vindo
Intolerância
Defeitos Humanos
Em Busca Do Que Se Perdeu
Karburalcool

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