fbpx
Previous slide
Next slide
Previous slide
Next slide

DEEP PURPLE: OS PASSOS PRÁTICOS DE UM MONSTRO DO ROCK A CAMINHO DO BRASIL

Março de 2023. O Deep Purple estava em turnê pelo Japão, e Don Airey reservou alguns minutos num dia de folga, entre as apresentações em Tóquio e Hiroshima, para falar dos shows num outro país marcado na história da banda inglesa e do próprio tecladista: o Brasil, onde ele, Ian Gillan, Roger Glover, Ian Paice e o novato Simon McBride são uma das atrações do festival Monsters of Rock, que acontece no dia 22 de abril, no Allianz Park, ao lado de Doro Pesch, Symphony X, Candlemass, Helloween, Scorpions e KISS – o grupo ainda se apresenta em Brasília (com o KISS) no dia 18 de abril.

E o papo foi da apresentação no festival com os “velhos amigos” do Scorpions do KISS às lembranças dos shows com Ozzy Osbourne no Rock in Rio de 1985, passando pelo que significa o Deep Purple em sua vida e pela saída do guitarrista Steve Morse, que decidiu ficar mais tempo em casa com a esposa, Janine, que luta contra um câncer. Boa leitura.

Boa noite, Don. Como você está? Qual o sentimento de finalmente poder estar em turnê novamente?Don Airey: Durante os primeiros estágios da pandemia, nós pensamos: ‘Bem, esse é o fim da vida como a conhecemos. Não haverá mais turnês, não tocaremos mais ao vivo’. Mas com as pessoas sendo vacinadas, tudo isso voltou a ser possível, então é muito bom estar de volta à estrada. No começo, ficamos um pouco nervosos com a possibilidade de sermos contaminados (pelo vírus da Covid-19), então tivemos alguns shows cancelados, só que está tudo correndo bem agora. A máquina está rodando, e estamos aproveitando mais do que jamais aproveitamos.

E o Deep Purple está voltando ao Brasil depois de cinco anos. Claro, tivemos a pandemia do novo coronavírus nesse período, mas quais são as expectativas?
Don: Sabe, a verdade é que, por causa das nossas idades, estamos obviamente nos aproximando do fim da nossa carreira como banda. Com isso em mente, tudo tem sido mais prazeroso, e nós nos esforçamos muito mais para fazer tudo certo. De todo o meu tempo no Deep Purple, acredito que nunca soamos tão bem quanto agora, então estamos extremamente animados para voltar ao seu país e mostrar isso aos fãs brasileiros.

Será uma turnê de quatro datas, incluindo o festival Monsters of Rock, em São Paulo, com um elenco estelar. Há alguma atração que você gostaria de ver?
Don: Claro! Estamos bastante empolgados por poder tocar num estádio, ao ar livre, com KISS e Scorpions, que são velhos amigos nossos. É uma combinação que torna tudo muito prazeroso e divertido, porque será ótimo estar rodeado de velhos amigos. Principalmente, aliás, nossos amigos brasileiros, porque estivemos aí muitas vezes, e é sempre uma boa perspectiva tocar no Brasil.

Você tem vindo ao Brasil com o Deep Purple desde 2003, mas a sua primeira vez no país foi com Ozzy Osbourne em 1985, no Rock in Rio. Claro que o país mudou muito nesses anos, então quais são suas lembranças?
Don: Olha, até agora eu tinha certeza de que a minha primeira vez no Brasil havia sido com a Electric Light Orchestra, em 1997 (risos) (N.R.: na verdade, em 1994, no Olympia, em São Paulo). A banda tinha Bev Bevan, Mik Kaminski e Kelly Groucutt, mas lembro que não foi anunciada como ELO, apenas como “The Orchestra” ou algo assim. Claro que nós tocamos músicas da ELO, mas não foi realmente a minha primeira vez no país (risos). O Brasil é sempre muito diferente dos outros lugares onde tocamos. Fizemos um show em Goiânia que foi incrível, e o Rio de Janeiro é uma das cidades mais lindas do mundo. Sentimo-nos muito especiais quando estamos lá, e a minha maior e melhor lembrança é mesmo de tocar no Rock in Rio com o Ozzy para um público de 600 mil pessoas! (N.R.: foram duas apresentações com o Madman, nos dias 16 e 19 de janeiro, e o festival teve um público total de 1,38 milhão de espectadores em dez dias.) Foi inacreditável! Além disso, foi também meu último show com o Ozzy, então, que encerramento!

E há a sua ligação com a música brasileira, que você sempre faz questão de mostrar em seus solos por aqui…
Don: Ah, sim! Eu gosto muito de bossa nova e do trabalho de Tom Jobim. Na verdade, Tom é um dos meus compositores favoritos de todos os tempos. Ele fez músicas lindas e mudou o mundo com elas.

Nosso tempo é curto, então tenho só mais algumas perguntas gerais. Para começar, como foi a sensação de ter lançado um dos melhores discos da carreira do Deep Purple, “Whoosh!” (2020), e de repente não poder fazer uma turnê?
Don: Foi decepcionante não podermos sair em turnê por causa da pandemia, e o disco ainda saiu durante o lockdown. Não havia nada que pudéssemos fazer, porque não dava para segurá-lo. “Whoosh!” se perdeu um pouco, infelizmente. Apesar de muitos fãs terem comprado, foi um trabalho que não teve o avanço comercial que poderia ter tido. Mas foi um álbum ótimo de compor e gravar, e tudo correu suavemente. Bob Ezrin nos fez trabalhar de maneira muito eficiente, novamente, e o resultado foi exatamente o que você disse. Concordo totalmente que seja um dos melhores discos do Deep Purple.

E depois a banda lançou “Turning to Crime” (2021), um ótimo e divertido trabalho. E creio que foi algo para manter as mentes sãs, não?
Don: Verdade, e foi um disco feito individualmente. Não nos reunimos para gravá-lo. Cada um fez em sua casa, em seu próprio estúdio, por causa do lockdown. Até por isso, em vez de criarmos material novo, optamos por fazer um álbum de covers. Devo dizer que a mente por trás dessa ideia foi o Bob Ezrin, que fez um excelente trabalho juntando as peças. Há músicas maravilhosas no disco, como “Rockin’ Pneumonia and the Boogie Woogie Flu”, “Lucifer” e “Shape of Things”, mas todas têm uma sonoridade incrível.

Na sequência, Steve Morse deixou o Deep Purple depois de 28 anos de banda. É uma grande mudança no coletivo, mas como foi para você?
Don: Muito triste. Sabíamos que algo estava acontecendo com Steve, e eventualmente ele disse que não havia outra opção senão deixar o Deep Purple. Existe um lado prático na banda, porque é preciso pensar ‘temos que encontrar outra pessoa’ quando alguém decide sair. Analisando friamente, não é grande coisa, na verdade. porque se temos compromissos, temos de honrá-los. Assim, tivemos muita sorte de o Simon McBride estar disponível. Eu e Ian (Gillan) já tínhamos trabalhado bastante com ele, então era uma escolha óbvia. E tem sido um grande sucesso até agora.

E Simon tem a grande responsabilidade de seguir o caminho de Ritchie Blackmore e Steve Morse. Além disso, ele é um nome novo para muitos fãs do Deep Purple…
Don: Quando alguém sai de uma banda, ela sai mesmo. Não dá para sair e ficar ao mesmo tempo, porque há um lado muito importante no Deep Purple, que é o de fazer turnês. Nós somos uma banda de palco, então precisamos de alguém capaz de se comprometer com isso e, também, com o outro lado, o de ficar dentro de um estúdio gravando, longe de casa por muito tempo. Isso não é para todo mundo, por isso tivemos muita sorte ao encontrar alguém que poderia fazer esse trabalho de maneira hábil, especialmente depois de algo terrível como o Steve ter de nos deixar. É assim que as coisas são numa banda, porque não se olha muito para trás. Se você quer estar na indústria da música, é preciso olhar para frente. Deixamos a função de olhar para trás para os jornalistas, uma vez que vocês podem fazer isso, tirar suas próprias conclusões e passá-las para o público. No entanto, nós passamos boa parte do nosso tempo olhando para frente, porque é isso que precisa ser feito se quisermos estar numa banda.

E depois de 21 anos no Deep Purple, como você descreveria a sua jornada na banda até agora?
Don: Ótima pergunta. Olha, tem sido muito memorável! Essa banda me modificou muito, mudou bastante a minha vida, e tem sido muito boa para a minha família. Tenho netos, e todos eles são grandes fãs do Deep Purple. Um deles, de 5 anos, tem sua própria guitarra e amplificador e toca nossas músicas enquanto as ouve no YouTube. E ele já esteve em alguns shows! É um privilégio maravilhoso ainda poder tocar na minha idade (N.R.: Airey tem 74 anos) e dividir isso com a minha família, e devo isso ao Deep Purple. É muito especial fazer parte disso, e sou extremamente agradecido por estar numa banda como essa.

Obrigado pelo seu tempo, Don, e até o Monsters of Rock.
Don: Ah, nós nos veremos em breve! Foi muito bom falar com você. Foram ótimas perguntas.

Compartilhe:
Follow by Email
Facebook
Twitter
Youtube
Youtube
Instagram
Whatsapp
LinkedIn
Telegram

MATÉRIAS RELACIONADAS

EXCLUSIVAS

ROADIE CREW #282
Setembro/Outubro

SIGA-NOS

48,4k

57k

17,3k

977

23,1k

Escute todos os PodCats no

PODCAST

Cadastre-se em nossa NewsLetter

Receba nossas novidades e promoções no seu e-mail

Copyright 2024 © All rights Reserved. Design by Diego Lopes

plugins premium WordPress