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DEFICIÊNCIA AUDITIVA EM MÚSICOS É TEMA DE LIVRO

Por Antonio Carlos Monteiro

É possível que alguém surdo se torne músico? Imagino que a resposta óbvia a essa pergunta venha na pessoa de Ludwig van Beethoven, genial compositor e pianista alemão do Século XVIII que, mesmo perdendo a audição a partir de determinado momento de sua vida, nunca deixou de produzir música da mais alta qualidade. O que nem tudo mundo sabe é que, além dele, há diversos outros músicos espalhados pelo mundo que enfrentam a mesma condição. Agora, doze deles estão reunidos no livro “Harmonia Silenciosa – Jornadas de Superação”, de autoria do baixista, vocalista e professor de musica Fernando Luiz, que também enfrenta severa perda auditiva.

Fernando criou um nome muito respeitado em sua cidade, Campinas/SP, principalmente por sua participação na banda Killers, um dos melhores Kiss cover do Brasil. Além de construir uma indumentária de palco idêntica à de Gene Simmons, Fernando aprendeu a fazer sangue falso e até se dedicou à pirofagia para poder cuspir fogo durante as apresentações. Porém, mais do que a performance cênica, era como baixista e vocalista que centralizava as atenções nas apresentações do Killers.

Fernando Luiz | Foto: André Tedim

Ele sempre enfrentou “severa perda auditiva no ouvido direito, mas isso nunca me impediu de tocar, já que meu ouvido esquerdo compensava isso”, conta ele em conversa com a ROADIE CREW. E completa: “Eu não sentia falta – digamos que não se sente falta de algo que nunca se teve.” Até que, num determinado dia de 2021, ele acordou sem escutar bem dos dois ouvidos, situação que se prolongou por três meses. Da mesma forma que veio, o problema sumiu. Mas em fevereiro do ano seguinte, Fernando teve outra surdez súbita. “Acordei como se os ouvidos estivessem cheios de água ou com uma pressão incomum. No fim do dia, estava completamente surdo.” Segundo ele, “minha esposa até achou que eu estava tendo um AVC, já que eu não estava nem falando direito.”

A partir de então, seguiu-se uma maratona de exames e testes dom aparelhos auditivos. Conseguiu adquiri-los graças a uma vaquinha online “e estou com eles até hoje.” Ele explica que a adaptação “tem sido um processo lento e ocasionalmente tenho flutuações da audição, o que é bem irritante e dificulta muito ouvir e entender qualquer coisa.”

A condição, de acordo com os exames realizados por ele, indicam uma condição genética como responsável pelo problema e uma solução definitiva poderia vir através de um implante coclear. “Já estou vendo de operar e colocar um implante, primeiro no ouvido direito e mais pra frente no esquerdo também, já que o prognóstico, por conta de um monte de fatores, idade principalmente, é a perda auditiva aumentar a ponto de os aparelhos não darem conta.” Enquanto essa solução não vem, Fernando foi obrigado a abandonar os palcos.

Naturalmente, tudo isso acabou fazendo com que o músico fosse também diagnosticado com depressão. Até como forma de enfrentar toda essa situação, Fernando lançou um e-book com pequenas dicas de exercícios de digitação para baixistas iniciantes – ele continua dando aulas de música na filial de Campinas da School of Rock. E aí surgiu a ideia de escrever a respeito de músicos surdos, o que resultou em “Harmonia Silenciosa – Jornadas de Superação”, no qual ele enfileira doze pequenas biografias de músicos que superaram a deficiência para prosseguir em suas carreiras. No livro, ele também fala de músicos deficientes visuais, mas, tanto no caso de cegos como de surdos, preferiu centrar naqueles menos conhecidos – Stevie Wonder, Ray Charles, Pete Townshend e Phil Collins, por exemplo, não estão lá, sendo Beethoven a única exceção. Por outro lado, Fernando cita a percussionista escocesa Evelyn Glennie e a cantora e compositora americana Mandy Harvey como suas favoritas “pelo que conquistaram ou estão conquistando.”

De acordo com o baixista, o principal objetivo ao escrever o livro foi “mostrar para mais pessoas que a surdez, além de algo não perceptível à primeira vista e limitante em um mundo onde o som é um dos sentidos primários do ser humano, é possível encontrar formas de apreciar ou fazer música. Também tenho a intenção de divulgar um pouco artistas que, por alguma razão, não são tão conhecidos do público geral.”

Ele completa dizendo que toda essa experiência “está sendo uma ‘virada de chave’ e me ajudado a perceber que não adianta ficar me lamentando o tempo todo pelo que perdi, mas me adaptar e seguir em frente, ainda não me sinta pronto para voltar a tocar com banda – mas quem sabe um dia isso aconteça.”

E adianta que vem mais por aí: “Nunca me imaginei escrevendo alguma coisa relevante, ainda mais um livro”, confessa ele, “mas depois que fiz este já estou com um monte de ideias. Uma delas é fazer um método de ensino do baixo para surdos com dicas de adaptação e quais caminhos tenho usado para conseguir aprender uma música. O outro, um pouco mais audacioso, é uma autobiografia, que será como revisitar tudo o que passei até hoje e quais os passos que ainda devem acontecer.”

Para quem quiser adquirir “Harmonia Silenciosa – Jornadas de Superação”, que está disponível apenas no formato digital, basta acessar o site da Hotmart (https://hotm.art/wzPyM7). O livro está sendo vendido a R$ 15,90.

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