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DEICIDE & KATAKLYSM – São Paulo (SP)

Por Marcelo Gomes

Fotos: André Santos

Dois grandes nomes do death metal mundial, Deicide e Kataklysm, se apresentaram no último dia 14 de maio no Fabrique Club, em São Paulo. Apesar de ser no domingo e coincidir com o dia das mães, um excelente público compareceu ao show que faz parte da Decimate Latin America Tour 2023, que ainda contou com a participação da banda Vulture.

O público ainda chegava na casa quando o quarteto de Itapetininga (SP), Vulture, formado por Adauto Xavier (vocal e guitarra), Yuri Schumann (guitarra), Mateus Barros (baixo) e Fabio Amaro (bateria), mostrou seu death metal de qualidade, apesar do som meio embolado. O tempo foi curto, mas com uma performance consistente os músicos conseguiram empatia dos presentes em seu repertório, que trouxe composições mais recentes, como o single “Mórbido Poder” (2022), além de “Unholy Grave”, faixa-título do EP de 2019 e que saiu também no álbum “The End of Agony” (2020). O set foi encerrado com outra em português, “Abençoado Seja o Homem Ateu”, de “Through the Eyes of Vulture” (2008).

Os canadenses do Kataklysm chegaram para essa turnê prestes a lançar seu próximo trabalho de estúdio, “Goliath”, previsto para agosto, embora não tenham incluído nenhuma faixa nova no repertório. Da formação original fazem parte o vocalista Maurizio Iacono e o guitarrista Jean François Dagenais, que estavam acompanhados por Stéphane Barbe no baixo e o recém-chegado James Payne na bateria. A banda subiu ao palco do Fabrique Club ao som de “Push The Venom”, do álbum “Heaven’s Venom” (2010), e o vocalista Maurizio logo pediu a participação do público, que retribuiu com palmas durante o som. Sem delongas, o quarteto emendou duas porradas do álbum “Meditations” (2018), “Guillotine” e “Narcissist”, que não deixaram ninguém parado.

“Finalmente estamos de volta ao Brasil e esse é nosso show de número 60”, disse Iacono entusiasmado antes de anunciar “The Ambassador of Pain” seguida por “Where The Enemy Sleeps…” e “Manipulator of Souls”.  Apesar das músicas com bastante velocidade, o som dos canadenses tem muito groove, o que acaba ganhando a participação espontânea dos fãs, mesmo que num primeiro momento estivessem lá mais pelo Deicide. Executado a metade do setlist, finalmente a banda teve sua redenção e seu nome gritado pela primeira vez.

O show não pode parar e as rodas também não e assim vieram mais duas porradas, “The Killshot”, de “Unconquered” (2020), e “Outsider”, mais uma de “Meditations”. Com o público nas mãos, Iacono agradece pela hospitalidade e aproveita para dedicar “Crippled & Broken” para o Krisiun, já que os irmãos Alex Camargo e Max Kolesne estavam na casa. A trinca que se sucedeu foi espetacular, com “As I Slither”, “In Shadows & Dust” e “The Black Sheep”, que conseguiram tirar o fôlego e impressionar quem ainda tinha dúvida sobre a qualidade da banda. O resultado foi excelente e os músicos saíram do palco muito aplaudidos.

Sem cerimônias, os americanos do Deicide subiram ao palco e fizeram uma breve passagem de som. Com cara de poucos amigos, o lendário Glen Benton (vocal e baixo), acompanhado por Steve Asheim (bateria) e a dupla de guitarristas Kevin Quirion e Taylor Nordberg, estava prestes a tocar o álbum “Legions” (1992) na íntegra. A expectativa para conferir a execução de um trabalho considerado um marco dentro do death metal mundial era grande. Então, a sombria introdução de “Satan Spawn, the Caco-Daemon” dá a sensação que os portões do inferno se abriram. Era o início da noite de blasfêmia e brutalidade que todos aguardavam. O som estava baixo, assim como as guitarras, que foram ajustadas durante a apresentação. Isso acabou não sendo um problema para os fãs, que pareciam estar em transe.

A banda seguiu à risca a ordem do repertório com “Dead But Dreaming”. Isso bastou para que o nome da banda fosse gritado por todos. O baterista Steve Asheim não deixa dúvida que é um dos melhores do mundo no estilo, com uma performance arrebatadora. A trilha sonora do apocalipse continua com “Repent To Die” e “Trifixion” e a voz demoníaca do Glen comandava uma roda brutal que mais parecia um pandemônio na terra. O trabalho das guitarras originalmente gravadas pelos irmãos Hoffman foram muito bem representadas por Kevin e Taylor, que demonstraram muita destreza em suas partes.

Em uma das poucas interações com o público, Benton na verdade ordena que Steve comece “Behead the Prophet (No Lord Shall Live)”, seguida por “Holy Deception”, mas antes Glen demonstra que não é tão carrancudo assim e distribui algumas palhetas para os fãs que se amontoavam na frente do palco e disputaram de forma acirrada a valiosa a recordação da banda. A íntegra do álbum vai chegando ao fim com performance devastadora de “In Hell I Burn” e “Revocate The Agitator”. A banda está muito entrosada e o petardo ainda impressiona mesmo depois de 31 anos de lançado. Não é a toa que a obra ainda tem grande impacto dentro do cenário e sua celebração é mais do que merecida.

Mas o show não parou por aí, pois veio uma sequência matadora do álbum “Once Upon The Cross” (1995), com a faixa-título, o hino “When Satan Rules His World” e “They Are the Children of the Underworld” que levou muitos à loucura. A desgraceira continua em “Scars of The Crucifix”, faixa-título do álbum de 2004. A perpetuação da blasfêmia segue a todo vapor com “Sacrificial Suicide” e “Homage For Satan”. O show vai chegando ao fim e nada melhor do que “Dead By Dawn” para fazer o Fabrique Club tremer e terminar com a apresentação que mais pareceu um culto ao profano. Embora anunciado recentemente que seu próximo álbum estava finalizado, eles optaram por focar o set no material mais antigo, o que deixou a ansiedade ainda maior pelo o que  está por vir.

Vultures – setlist:

01) Unholy Grave

02) Murderous Disciples

03) Omniscient Ignorance

04) Mórbido Poder

05) Evil War Domination

06) Abençoado Seja O Homem Ateu

Kataklysm – setlist:

01) Push the Venom

02) Guillotine

03) Narcissist

04) The Ambassador of Pain

05) Where The Enemy Sleeps…

06) Manipulator of Souls

07) The Killshot

08) Outsider

09) Crippled & Broken

10) As I Slither

11) In Shadows & Dust

12) The Black Sheep

Deicide – setlist:

01) Satan Spawn, the Caco-Daemon

02) Dead but Dreaming

03) Repent to Die

04) Trifixion

05) Behead the Prophet (No Lord Shall Live)

06) Holy Deception

07) In Hell I Burn

08) Revocate the Agitator

09) Once upon The Cross

10) When Satan Rules the World

11) They Are Children of the Underworld

12) Scars of the Crucifix

13) Sacrificial Suicide

14) Homage for Satan

15) Dead By Dawn

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