Tem dia que a noite é… Bom, um evento com três bandas num dia de semana – à exceção das sextas-feiras – sempre será um problema. É preciso começar cedo para terminar cedo, e quem abre a noite acaba invariavelmente se dando mal. Mais infelizmente do que nunca, desta vez foi o Vicious Rumors. Não é todo mundo que sai do trabalho às 17h ou mesmo trabalha perto do local do show, e o trânsito no Rio de Janeiro tem sido um teste de paciência mesmo para o melhor dos bons samaritanos. Sendo assim, é incompreensível que Geoff Thorpe e companhia tenham sido escalados para subir ao palco antes do Forkill, banda carioca de Thrash Metal com bom potencial e, exatamente por isso, provavelmente com um longo caminho pela frente.
E, por favor, não me venham com discurso ufanista – a ROADIE CREW levanta a bandeira do Metal nacional como ninguém. O caso aqui era uma questão de oportunidade, e uma oportunidade surgida com a inclusão do próprio Vicious Rumors graças a mudanças de datas envolvendo o caótico Zoombie Ritual, realizado em Santa Catarina – o quinteto tocaria no Rio no dia seguinte, sozinho, mas acabou escalado para o festival. Sem mais delongas, muita gente perdeu os (apenas) 40 minutos destinados ao grupo americano, e, enquanto o Forkill apresentava seu set, muitos daqueles que chegaram “atrasados” preferiram ao menos trocar uma ideia com o simpaticíssimo Thorpe no estande de merchandising.
Mas vamos à atração principal da noite. Apesar do forno a que foi transformado o Teatro Odisseia, graças ao público que lotou o local, e ao som deveras alto e embolado, o Destruction arregaçou. Como sempre. Nem mesmo os problemas com a guitarra de Mike, que obrigaram a máquina chamada Vaaver a fazer um solo de bateria depois de apenas duas músicas, impediu que o começo – com “Total Desaster” e “Thrash Till Death” – colocasse a casa abaixo. Definitivamente um hino, “Nailed To The Cross” provou também ser feito sob medida para Schmier mostrar total controle sobre o público.
O baixista e vocalista usou uma cola para se comunicar com os fãs, de agradecimentos efusivos a elogios à anatomia feminina, dando um tom simpático e bem-humorado à fúria Thrash despejada pelo trio alemão – só para constar: que grande usina de riffs é Mike! Dá gosto ver e ouvir esse cara tocando. E se também é sempre um prazer presenciar clássicos como “Mad Butcher”, “Eternal Ban”,“Antichrist” e “Bestial Invasion”, torna-se necessário tirar o chapéu para um repertório que: a) não esquece pérolas como “Black Death” e “Release From Agony”; b) surpreende com a instrumental “Thrash Attack”; e c) mostra que o Destruction continua relevante após quase 35 anos na estrada, afinal, “Armageddonizer”, “Carnivore” e “Hate Is My Fuel” estão, de fato, entre as melhores coisas já feitas pelo grupo.
E com tanta história para contar, o bis fez a ponte entre o passado e o, digamos, presente. “Curse The Gods” fez o pequeno Teatro Odisseia esticar com as rodas abertas na plateia, e “The Butcher Strikes Back”, marco do retorno do Destruction nos anos 2000, completou o serviço com louvar. Em meio a erros de avaliação na programação (o próprio Schmier, após o show, disse a este que vos escreve que estranhou ver o Vicious Rumors abrindo) e um calor dos infernos, os alemães fizeram valer a pena.
Setlist
1. Total Desaster
2. Thrash Till Death
3. Nailed To The Cross
4. Mad Butcher
5. Armageddonizer
6. Black Death
7. Eternal Ban
8. Life Without Sense
9. Spiritual Genocide
10. Release From Agony
11. Carnivore
12. Hate Is My Fuel
13. Thrash Attack
14. Antichrist
15. Bestial Invasion
Bis
16. Curse The Gods
17. The Butcher Strikes Back