Destruction, um dos grandes nomes do Thrash Metal alemão, retornou a Brasília tendo nada menos que Mr. Warrel Dane e sua banda formada por brasileiros, vindos de grupos como Instincted, Hevilan, Seventh Seal e Open Source Project (O.S.P.) no pacote. Marcado para uma quinta-feira, a maratona para chegar até o local do show foi grande pois, mesmo para brasilienses, a distância era grande. Ao chegar ao Clube do Congresso, pude ouvir claramente Warrel Dane passando os vocais. É, a noite realmente prometia… Entretanto, o show tinha sido marcado para começar às 17h, mas, somente às 19h40 a abertura Bloodskin, cover do Slayer, subiu ao palco. Mesmo com a demora para ajeitar o som e o equipamento, tocaram clássicos para aquecer os presentes.
Em seguida o Phrenesy, prata da casa, subiu ao palco para mostrar a sua mistura de Thrash/Crossover e que, às vezes, lembra o velho D.R.I. e algo da fase mais recente do Napalm Death. O “Thrash Pilsen”, como a própria banda curte se autointitular, é bem seco e direto. Levaram sons de seu único registro até então, “The Power Comes From The Beer”, causando boa impressão. Com mais de dez anos nas costas, não tinha como fazerem feio.
Warrel Dane então se preparava para pisar pela primeira vez nos palcos de Brasília. A abertura se deu com a ‘intro’ “Ophidian”, que abre “Dreaming Neon Black” (1999), seguida pela faixa de abertura do aclamado “Dead Heart In A Dead World”, “Narcosynthesis”. Todos ficaram chocados ao ver que o vocalista parecia muito frágil e, além disso, estava com o braço praticamente imobilizado por uma tipóia, resultado de um acidente de moto que sofreu recentemente. Como se isso não bastasse, ele vem tendo uma batalha constante contra a diabetes.
O show prosseguiu com “Inside Four Walls”, “The River Dragon Has Come” e “The Heart Collector”, todas de “Dead Heart In A Dead World”, em que Warrel fez todos cantarem o refrão em perfeita sincronia. Mesmo aparentando cansaço, o carismático vocalista conversou um pouco com a plateia e mostrou sua simpatia, até brincando com os presentes. Quando começou a falar que a próxima música do set seria uma faixa de “Dreaming Neon Black”, este que vos escreve berrou “Beyond Within”. Warrel brincou me acusando de trapaceiro, dizendo que eu tinha visto o setlist em algum lugar. Após o momento bem humorado, este clássico fez todos baterem cabeça. Toda a banda demonstrou uma presença furiosa e carismática ao lado de Warrel. São muito mais que simples músicos de apoio. O baterista Marcus Dotta é um monstro atrás do seu kit pois, além de ser técnico e tocar com muito groove, reproduziu magnificamente tudo que foi criado por Van Williams no Nervermore.
O show continuou com o hit “Believe In Nothing”, único videoclipe que o Nevermore lançou para promover “Dead Heart In A Dead World”. Depois desta, o vocalista disse que tocariam algo muito pesado e rápido: “Born”, de “This Godless Endeavor” (2005). O set já estava prestes a encerrar e Warrel então anunciou a faixa do álbum homônimo “Enemies Of Reality” (2003). A clássica “Dead Heart In A Dead World” pôs fim ao show. Uma pena não terem tido tempo para nenhuma faixa da Sanctuary. Seja como for, Warrel Dane ainda canta com potência e muita paixão. Sua voz pode não ser a mesma dos velhos tempos, mas o talento é inegável e a banda que o acompanha é coesa e competente. Que voltem logo para um show completo!
Não demorou muito para que os ajustes no palco fossem feitos até a entrada dos alemães do Destruction. Logo que as luzes se apagaram, a banda entrou arrebentando com o som ensurdecedor e mandando a faixa título do novo álbum, “Under Attack”. Schmier, Mike e o baterista polonês Vaaver, que simplesmente “tritura” seu kit com uma técnica de pedal duplo realmente impressionante, seguiram com o hino “Curse The Gods”, do icônico “Eternal Devastation” (1986). Outras pancadarias, como “Nailed To The Cross”, a clássica “Mad Butcher” e “Armageddonizer” deram sequência ao set.
Schmier então falou com o público, esbanjando simpatia, e apresentou a música seguinte, “Second To None”. Single do mais recente trabalho, é um manifesto contra os haters que infestam o mundo virtual hoje em dia. O líder do Destruction tentou se comunicar em português, literalmente misturando nosso idioma com o inglês, fazendo de tudo para mostrar seu carisma. O set seguiu em alta, com clássicos como “Eternal Ban”, “Life Without Sense” e “Release From Agony”. A resposta dos fãs correspondeu à energia imprimida pelo trio no palco, com todos batendo cabeça e alguns abrindo rodas. Alguns até conseguiram invadir o palco para se aproximar da banda.
O set se encerrou com a veloz “Bestial Invasion”, deixando todos com sorrisos largos estampados na cara. Schmier agradeceu todos e assim a banda e se retirou de mais um grande evento proporcionado pela produtora Outcast. Uma pena que desta vez não houve maciça presença de público, talvez pela data ou pela distância do local. Espero que a produtora leve em consideração que é melhor ter um local menor e mais próximo dos fãs que frequentam a cena Metal de Brasília a realizar eventos em lugares imensos, com uma ótima infra-estrutura, mas de difícil acesso. De qualquer forma, Jailson Mota e Cassius Barbosa demonstram coragem de empreender, mesmo com uma crise terrível que o país enfrenta neste momento. Devemos reconhecer o esforço destes bravos guerreiros. O Centro-Oeste e seus fãs que vivem aqui agradecem.
WARREL DANE SETLIST:
Intro – (Ophidian)
1 – Narcosynthesis
2 – Inside four Walls
3 – The river dragon has come
4 – The heart collector
5 – Beyond Within
6 – Believe in nothing
7 – Born
8 – Enemies of reality
9 – Dead heart, in a dead world
1- Under Attack
2- Curse the Gods
3- Nailed to the Cross
4- Mad Butcher
5- Armageddonizer
6- Second to None
7- Eternal Ban
8- Life Without Sense
9-intro/Beyond Eternity
10- Release From Agony
11- Elegant Pigs
12- Hate is my Fuel
13- Thrash Attack
14- Death Trap
15- Invincible Force
16- D.E.V.O.L.U.T.I.O.N
17- intro/ Total Disaster
18- Thrash till Death
19- The Butcher Strikes Back
20- Bestial Invasion