Essa noite foi, além de um excelente show, uma verdadeira celebração ao trabalho do gigante nanico Ronnie James Dio, que infelizmente nos deixou há três anos. Sua obra era muito rica para deixá-la somente na saudade, então Wendy Dio teve uma excelente ideia de perpetuar a genialidade de seu marido, criando o Dio Disciples com amigos e antigos membros que já tocaram com Dio. Muitos, erroneamente, acham um verdadeiro oportunismo em cima do nome de Dio, mas de forma alguma isso entra em questão já que nenhum dos envolvidos faz questão de se destacar mais que o próprio intuito da banda.
Atualmente formado por Tim “Ripper” Owens e Oni Logan nos vocais, Craig Goldy (guitarra), Scott Warren (teclado), Simon Wright (bateria) e Bjorn Englen (baixo), o Dio Disciples pisou pela primeira vez em território nacional num Carioca Club infelizmente bem vazio. A abertura do evento ficou a cargo do Sagitta que, com seu Metal Melódico totalmente na linha de Edguy e Stratovarius, fez o seu trabalho de forma coesa, mas sem muita expressão já que o pequeno público presente apenas observou friamente e sem interesse.
O Dio Disciples entrou no palco em torno das 19h30 com menos da metade da lotação tomada, o que foi meio decepcionante por saber que teríamos no palco verdadeiras lendas celebrando seu maioral supremo. Enfim, com “Killing The Dragon”, “Ripper” Owens provou nos primeiros segundos que é a pessoa certíssima para estar ali e simplesmente detonou! Era nítido que o público estava ali por Dio, mas Ripper fez um excelente trabalho e logo no final da primeira música do set muitos gritavam seu nome. Craig Goldy fez seu arroz com feijão básico e se durante toda a apresentação ele mexeu uns quinze centímetros no máximo foi muito! Uma pena porque, com seu semblante sisudo, passou uma imagem errada ao público.
“Holy Diver” arrancou arrepios, com todos cantando cada estrofe desse grande clássico da carreira do baixinho gigante. O set seguiu com Children Of The Sea (Black Sabbath), com Ripper dando lugar a Oni Logan, que cantou apenas o início mais lento para depois atacar junto com Ripper esse clássico absoluto que arrancou lágrimas de muitos presentes. O microfone de Oni estava mais baixo que de Ripper, e isso era bem nítido, principalmente em partes mais agressivas.
A pergunta geral era mas por que raios de dois vocalistas na banda? Confesso que no começo eu mesmo fiz essa pergunta, achando que somente Ripper Owens daria conta do recado facilmente. Ledo engano, Oni Logan tem um gogó de ouro também, e em partes mais lentas ele faz a diferença, enquanto nas “cacetadas” Ripper destroçou com uma gana absurda! Durante todo o set, ambos vocalistas se alternaram de forma coesa, mas apenas um pequeno detalhe, até certo ponto engraçado, foi percebido. Na frente do retorno no meio do palco existia uma pastinha com as letras das músicas e tanto Ripper como Oni foram várias vezes virar as páginas com os pés ou dar uma conferida básica (risos). Estão desculpados.
“Egypt (The Chains Are On)”, com uma excelente interpretação de Oni Logan precedeu um dos momentos mais bonitos do espetáculo. Logicamente que estamos falando de “Stargazer” (Rainbow), que foi aclamada do início ao fim, com um ótimo trabalho de Craig Goldy, Simon Wright e Bjorn Englen, esse último que não parou um instante sequer durante todo o set.
A sequência trouxe as matadoras e clássicas “The Last in Line”, “Stand Up and Shout”, “Don’t Talk to Strangers” e a pesadíssima e maravilhosa “Lord of the Last Day”. Todos os músicos deram um show à parte, Scott Warren parecia que estava fazendo o último show de sua vida, mas Ripper Owens se destacou de forma impressionante, tanto com sua interpretação perfeita como com a comunicação com o público, já que o real objetivo não era brilhar como artista, mas sim brilhar ainda mais o nome de Dio.
“All the Fools Sailed Away” deu uma pequena esfriada nos ânimos, mas “The Mob Rules” incendiou tudo de novo e dali em diante só foi alegria! O medley de “Catch The Rainbow” com “Kill The King” foi sensacional e só tenho a lamentar que nunca tive a oportunidade de poder ver um show do Rainbow daquela época. Em “Long Live Rock ‘N’ Roll” e “Man on the Silver Mountain” com certeza Dio, lá no céu (ou inferno, você que sabe), ficou muito orgulhoso de todos da banda e dos fãs. É incrível como essas músicas mexem com 99,99% dos fãs de Rock/Metal.
Mas a cereja do bolo veio nas últimas três faixas: a estupenda e magnânima “Heaven And Hell” com interação máxima do público que cantou até os riffs, a linda “Rainbow in the Dark e a arrasa quarteirão “We Rock”. Uma noite para ficar na memória de todos os presentes, que jamais se esquecerão da importância que Dio teve sobre a música e, porquê não dizer, sobre nós mesmos. Look out!
Set list:
Killing the Dragon
Holy Diver
Children of the Sea (Black Sabbath)
Egypt (The Chains Are On)
Stargazer (Rainbow)
The Last in Line
Stand Up and Shout
Don’t Talk to Strangers
Lord of the Last Day
All the Fools Sailed Away
The Mob Rules (Black Sabbath)
Catch the Rainbow (Rainbow)
Kill the King (Rainbow)
Long Live Rock ‘N’ Roll (Rainbow)
Man on the Silver Mountain (Rainbow)
Heaven and Hell (Black Sabbath)
Rainbow in the Dark
We Rock