EDU FALASCHI – São Paulo (SP)

Leandro Coppi
28/01/2023

Por Marcelo Gomes

Fotos: Bel Santos

Edu Falaschi fez o show de encerramento da ‘Vera Cruz Tour’ no Tokio Marine Hall (SP), no último dia 21 de janeiro, ao lado da Orquestra Sinfônica Jovem de Artur Nogueira, além de convidados especiais e uma megaprodução cenográfica inspirada nos palcos do Iron Maiden e Dio dos anos 80. Mais uma vez, o público paulistano compareceu em peso para prestigiar o vocalista e a sua banda, que conta com Roberto Barros e Diogo Mafra nas guitarras, Rafael Dafras no baixo, Aquiles Priester na bateria e Fabio Laguna nos teclados.

Logo ao entrar na pista da casa e avistar o palco, já deu para ver a magnitude do que estaríamos prestes a testemunhar. Duas estátuas gigantes dos cavaleiros templários nas laterais do palco, parte da caravela e uma plataforma bem alta para a bateria de Aquiles Priester. “Desde 2017 venho realizando muitos dos meus sonhos como artista e pessoa e o show de encerramento da ‘Vera Cruz Tour’, com grande produção, repertório cheio de clássicos, Orquestra Sinfônica, convidados especiais, pitotecnia e uma banda sensacional foi mais uma grande realização minha. Consegui fazer tudo como queria e muito ainda está por vir. Os fãs não perdem por esperar… Que esse nosso time cresça a cada dia mais e mais. Vamos juntos!”, comemorou Edu Falaschi.

Pouco depois das 22h, com a Orquestra Sinfônica de Artur Nogueira já posicionada, backdrop do álbum Rebirth (clássico do Angra de 2001) ao fundo, o primeiro a subir ao palco foi Aquiles Priester, que teve seu nome gritado sob a introdução de In Excelsis – quem não se lembra desse momento no DVD do Angra, Live In São Paulo, de 2001? É, o clima de nostalgia pairava no ar. O show começou mesmo com Nova Era. O espetáculo, que teve um início apoteótico, seguiu com Fire With Fire, de Vera Cruz (2021), e com o público saindo do chão em Acid Rain. Ao final, os fãs começam a gritar o nome do vocalista e, sem anúncio, a banda apresentou Sea of Uncertainties, com os backing vocals bem destacados da Raíssa Ramos e Fabio Caldeiras.

Edu então fez uma pausa para agradecer a presença de todos e apresentar o Maestro Ricardo Michelino, que rege a Orquestra Sinfônica Jovem De Artur Nogueira, um projeto social beneficente que incentiva crianças e pessoas carentes a se envolverem com arte e música. A orquestra trouxe mais “cor” às músicas, sendo que para Caça e Caçador ainda teve uma sanfona, abrilhantando ainda mais a composição, que tem forte influência de ritmos brasileiros. A pancadaria voltou com Crosses, de Vera Cruz, e Temple of Hate, do aclamado Temple of Shadows (Angra, 2004), valendo destacar a execução precisa da banda.

Para essa noite especial, Edu resgatou dois clássicos de sua ex-banda, Symbols, anunciando dois convidados especiais: seu irmão Tito Falaschi e o guitarrista Rodrigo Arjonas (ex-Symbols). O trio acompanhado por Fabio Laguna nos teclados tocou What Can I Do e Hard Feelings de forma acústica. Porém, um dos convidados mais esperados da noite não pôde se apresentar. Edu explicou a ausência, falando ao público que infelizmente o pai do vocalista Christian Passos (Wizards) tinha falecido naquela noite e, assim, dedicou a bela Heroes of Sand a ele e sua família.

Mesclando músicas de diversas fases da carreira de Falaschi, o set seguiu com mais uma de Vera Cruz, Mirror of Delusion, e então focou mais na sua fase Angra, tocando músicas que não são executadas frequentemente, como Ego Painted Grey e Bleeding Heart, executada sob a luz dos celulares e teve a participação de Andria Busic (Dr. Sin) no baixo e vocais. Depois veio a ótima Arising Thunder, do polêmico Aqua (2010), e Angels And Demons, um clássico da fase de Edu no Angra.

Quando chegou a hora de Pegasus Fantasy, a interação do público que estava ótima chegou ao seu ápice, com todos cantando do início ao fim. É impressionante a euforia que essa música causa nos fãs de Edu, pois a casa veio abaixo, com muitos aplausos no final, como era de se esperar. Falaschi preparou mais uma surpresa e mandou a inusitada The Wicker Man (Iron Maiden), que o público participou ativamente durante a execução, que contou com a participação de Tito Falaschi na guitarra.

O show estava chegando ao fim, mas Edu apresentou a Orquestra Sinfônica Jovem De Artur Nogueira com a regência do Ricardo Michelino e destacou uma integrante de apenas 10 anos, Julia, que foi ovacionada pelo público. Seguiu com Diogo Mafras e Roberto Barros, a dupla de guitarras, exaltou o baixista Rafael Dafras, a amizade com o tecladista Fabio Laguna e, por fim, o polvo Aquiles Priester, que subiu em sua bateria para receber os aplausos dos presentes. Aquiles então foi à frente do palco agradecer e falou sobre o fim do Shaman e como isso afeta a cena de metal nacional. Disse que gostaria que a banda continuasse e que isso fortalece a cena. Ele, então, apresentou Falaschi como “inigualável e insuperável Edu Falaschi”, que teve seu nome gritado por todos. Edu então apresentou Raíssa Ramos e Fabio Caldeiras, responsáveis pelos backing vocals.

Com o violão nas mãos, Edu iniciou a clássica Rebirth e o Tokio Marine Hall se transformou em um grande coral. Aquiles surgiu com sua máscara de polvo e então veio o encerramento com Spread Your Fire, com muito fogo e fumaça no palco. O que Edu Falaschi proporcionou em São Paulo não foi apenas um show, mas um espetáculo que colocou a produção de um show de metal nacional em outro patamar. Um palco com uma bela cenografia, orquestra e convidados especiais junto a uma banda confiante. Esta foi uma combinação perfeita para uma noite sofisticada que não perdeu a essência do heavy metal e certamente ficará para sempre na memória de quem compareceu.

“Foi uma noite mágica e tenho certeza que os fãs nem fazem ideia dos bastidores daquela semana… Quando chegar a hora certa, eles ficarão mais felizes ainda, pois vão conseguir traçar um mundo paralelo do que estava acontecendo nas nossas vidas durante aquela semana. E isso vai fazer tudo ainda mais especial coma nossa conexão forte com o exército Vera Cruz. Sobre o show, só posso dizer que fazia tempo que eu não me emocionava e me divertia tanto no palco, enquanto via tudo com visão plena do palco. A banda estava em perfeita sintonia. Ver a orquestra Jovem de Arthur Nogueira tocando com a gente pela primeira vez Pegazus Fantasy ao vivo foi emocionante. O Alemão estava feliz e radiante com a reação dos fãs àquele set list. Tenho certeza que vamos nos arrepender no futuro por não ter registrado em um produto oficial”, declarou Aquiles Priester.

“Desde que decidi começar minha carreira solo, prometi para mim mesmo que daria o meu máximo para criar a melhor e mais especial entrega possível para os fãs em questão de experiência audiovisual. Enquanto eu puder, vou sempre devolver todo o carinho e apoio em forma de algo diferenciado, seja em shows, discos e outras ações”, declarou Edu Falaschi. “Me lembro de cada detalhe dos trabalhos dos meus ídolos Dio, Iron Maiden, Def Leppard, Ratt, etc., do sentimento de alegria que eles me proporcionavam com seus grandes palcos, capas de discos e todo o cuidado que tinham com seus lançamentos. Eu me sentia parte daquilo tudo, me sentia um membro especial daqueles trabalhos e é isso que quero que todas as pessoas que me acompanham sintam. Que são especiais e importantes, porque elas realmente são! Então vou sempre buscar essa conexão com meus fãs através da música, da arte e do amor que tenho pelo o que faço”, concluiu o vocalista.