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EDU FALASCHI – Tortuosos caminhos de um sucesso traçado

A verdadeira história de Edu Falaschi começou muito antes dos holofotes que o iluminaram quando passou a integrar o Angra em 2000. Pouco mais de uma década antes do estrondoso sucesso, Falaschi tinha o seu foco no futebol profissional, mas quisera o destino que ele pisasse num palco e o universo conspirasse para que ele nunca mais saísse dele. Se por um lado o cantor desejava o reconhecimento fazendo metal, por outro ele tinha os pés no chão – sempre foi assim. Este traço de personalidade o levou a tomar decisões ponderadas e certeiras que atualmente o levaram a assumir a carreira solo. Conversamos com o cantor sobre a sua história, os momentos difíceis ao lado do Angra que o levaram a quase desistir de tudo e o momento da grande virada.

Como está esta fase entre o final da Rebirth of Shadows Tour, lançamento do EP The Glory Of The Sacred Truth e as preparações para a turnê Temple of Shadows in Concert?

Edu Falaschi: Eu fiz a turnê, que começou em julho de 2017, passamos por 2018 com shows nacionais e internacionais. Foi cansativo, pois eu não esperava. Esta carreira solo veio de surpresa. Agora no final de 2018 eu apenas descansei e sigo em preparação para a próxima turnê, que será pesada. Os últimos dois shows, realizados no mês de outubro em Tóquio e Osaka, no Japão, encerraram tudo. Em janeiro começamos a preparação para turnê.

Você fala do surgimento espontâneo da sua carreira solo ali em meados de 2017, mas a impressão que tenho é a de que ela já havia se iniciado em 2006, com o lançamento de Almah, sob a banda Edu Falaschi’s Almah. Inclusive, na época ele foi promovido como o seu disco solo.   

Edu: Sim, é verdade. Mas isso foi muito de trabalhar em grupo. Em 2008 veio o Fragile Equality e decidimos virar uma banda, já que a formação contava com músicos brasileiros. Quando a sugestão foi dada, eu a aceitei porque eu sempre acreditei muito neste formato de banda onde todos estão juntos e contribuem. Trabalhos até basicamente 2017 neste formato, tanto é que eu tirei o nome Edu Falaschi das capas e ficou apenas Almah. Com esse surgimento da carreira solo eu resolvi assumir o nome Edu Falaschi e é por isso que considero o ano de 2017 o marco zero deste início.

Foto: Rafaella Pessoa

De certa forma, é justo afirmar que você está seguindo os mesmos passos de Andre Matos, que após o Angra e Shaman se lançou em carreira solo e tempos depois fez resgates do material com o Angra. Você enxerga este paralelo, ou ainda, o quão importante os trabalhos ao lado do Angra foram, chegando a fazê-los deixar um pouco o autoral inédito para celebrar o passado?

Edu: Há um paralelo mesmo, não tem jeito de escapar, apesar do caminho de Matos ter sido um pouco diferente do meu. Falando do meu caso, as circunstâncias me fizeram ver este como um caminho mais promissor. O Almah vinha crescendo desde 2006, mas parecia ter atingido um teto de onde a banda não conseguia passar. Mesmo assim eu continuei investindo até o dia em que recebi um convite para tocar no Peru. Obviamente eu sugeri de levar o Almah, mas o contratante disse que não, que o pessoal me queria cantando Angra. Este produtor disse que havia uma banda muito boa, me enviou os vídeos e vi que eles tocavam bem mesmo. Aceitei a ideia e fui cantar o Rebirth (2001) na íntegra. Chegando lá, era um festival com duas mil pessoas, onde eu era a atração principal de um dia e o Joe Lynn Turner (ex-Rainbow) do outro. Aquela quantidade de público já me chamou a atenção, mas e por que isso? Com o Almah nós tocávamos para 600 pessoas em São Paulo e esse era o limite, mesmo tendo feito coisas legais como tocar no festival “Rock in Rio”.  Eu ficava com essa coisa na cabeça, porque pô, fui o vocalista e compositor do Angra por doze anos, mas com o Almah eu não ultrapassava deste limite. Voltando para o Peru, fiz o show e a galera cantando chorando, aquela coisa… Aquilo me chamou atenção, pois eu estava lá sozinho como Edu Falaschi. Depois do show fui jantar e o Turner, que estava lá, disse que havia visto a apresentação, mas que não me conhecia. Nisso ele me deu os toques e disse: “hoje em dia, com o nome que você tem, eu acho que o caminho mais natural é você abraçar o que construiu com o Angra e seguir nesse caminho”. Ele falou um monte de coisas que para mim foram como tapas na cara (risos). Ele disse: “acorde e abra o olho, você tem uma baita história com o Angra e não faz sentido você abandonar isso. Vai pra cima, tem público pra você – a galera quer o Edu do Angra”. Cara eu voltei para o Brasil com isso martelando na cabeça. Em paralelo, havia pessoas ao me redor me botando para baixo, dizendo que seguir com o meu nome não daria certo – aquela coisa negativa, né? Eu quase entrei nessa, mas quando fui para o Peru eu vi que não era bem assim e ainda teve o papo com o Turner, então eu montei os sete shows, onde quase todos lotaram. Ali eu tive a certeza de que estava no caminho certo e ali começava de fato a carreira solo.

Isto significa que o Almah acabou, está num hiato ou o quê?

Edu: Está num hiato, numas férias. No futuro eu verei o que será feito, pois a minha carreira solo está crescendo e indo para um patamar muito longe daquilo que já consegui com o Almah. Já voltei a fazer coisas que eu fazia com o Angra. Eu fiquei no Almah, como banda, por dez anos e nunca fui para o Japão. Aí vou para o Japão como artista solo e faço duas apresentações lotadas para mais de mil pessoas. Só por ser Edu Falaschi cantando Angra já foi para outro patamar e eu voltei a estar no nível das coisas que eu tinha com a minha ex-banda.

Você recentemente lançou o EP The Glory Of The Sacred Truth. Fale sobre o processo de composição e gravação desses dois sons ao lado dos músicos que o acompanham em turnê.

Edu: Eu fiz praticamente 99% das duas músicas, sendo que o Fábio Laguna (teclados) me ajudou numa parte da balada. Mandei pros caras ouvirem e ver se gostavam. Eles curtiram, viram que era Angra puro e entenderam a proposta. Eu só disse que tinha que ser Angra e deu certo. Já a mixagem e masterização na Finlândia.

Foto: Danillo Facchini

Se uma música como The Glory Of The Sacred Truth fosse lançado pelo Almah o resultado não seria o mesmo?

Edu: Não seria e isso é muito curioso. Eu tenho esta convicção – até porque eu fiz músicas boas. Tem a Age Of Aquarius (E.V.O, 2016) quem tem uma pegada mais Angra, com o vocal mais limpo e operístico, tipo o que fazia Angra e foi bem, a galera adorou, mas não chegou nem perto. É aquilo que o Turner falou – o nome Edu Falaschi remete ao Angra, que lembra uma história de doze anos e essa ligação que o fã te, a nostalgia e o carinho que vem desde aquela época. É uma história que ficou de base para o meu nome. A vitrine é totalmente diferente. Agora estou bem convicto desta direção – carreira solo mostrando para o público o Edu do Angra.

Os outros integrantes aceitaram bem o seu posicionamento?

Edu: Sim, está tudo muito certo e claro. Esta foi uma ótima pergunta, porque geralmente as pessoas não deixam tudo muito escancarado por conta da amizade. Eu falei que o meu projeto era a minha carreira, solo, sendo que obviamente divulgaria o nome de todos e inclusive o fato de termos três ex-integrantes do Angra juntos. Mas a publicidade toda é em cima do meu nome. O Aquiles (Priester, bateria), por exemplo, disse que estava dentro na hora. Até porque para ele não tem risco nenhum – ele chega, ganha o cachê, que, aliás, é muito bom (risos). Mas é merecidamente, porque agrega bastante. Enfim, todos bem cientes de que o projeto é do Edu Falaschi.

Lá atrás o anúncio da Edu Falaschi Angra Years tour deu problema por ter a palavra Angra no meio e você acabou mudando o nome da turnê para Rebirth of Shadows Tour… E agora, tudo certo com o nome Temple of Shadows in Concert?

Edu: Não tem Angra no nome, né? Não pode ter Angra (risos). Isso eu já aprendi, então não arriscarei.

É interessante observar que você contará com a Orquestra Bachiana Filarmônica para alguns shows da turnê Temple of Shadows in Concert. O fato dela ser Filarmônica e não Sinfônica significa que é uma orquestra que não é mantida pelo poder público. Referente a esta relação de produção artística e financiamento público, você alguma vez foi atrás de incentivo público, como a Lei Rouanet, para fazer algo no metal?

Edu: Eu nunca busquei isso e não me sinto sendo justo utilizando dinheiro público para fazer algo que eu posso fazer por mim mesmo. Graças a Deus eu tenho um nome e consigo levantar patrocínios. Além disso, com os meus próprios recursos para fazer a coisa acontecer. Então, quando eu vejo um artista de nome gigante na cena brasileira, na MPB – que não precisa de Lei Rouanet de jeito nenhum, que consegue fazer aquilo sozinho a utilizando, eu me sinto mal. Não é uma coisa que eu admire e isso é um ponto meu. Cada um tem o seu pensamento, mas eu nunca dei andamento para esse tipo de coisa porque acho que não preciso. Acho que esta lei é muito boa para artistas novos. Quem precisa de fato de um apoio para ser lançado. Então eu nunca utilizei e para a gravação do DVD que farei eu também não utilizarei. Ele está sendo feito com recursos meus e de patrocinadores que acreditam no meu trabalho, como a Yep Tv (N.R.: empresa de internet e banda larga) – o principal parceiro da minha carreira solo. A orquestra em si, é uma orquestra privada, Estamos trabalhando com o contato de algumas empresas que queiram associar o seu nome ao projeto.

Pelo jeito não há uma questão de ego no sentido de querer colocar a música inédita em primeiro lugar e renegar o passado. A onda que vier você surfa.

Edu: Exatamente, mas se vier uma onda meio merreca eu não surfarei (risos). Eu não me venderei. É tudo muito focado na arte, no bom gosto e naquilo que eu vinha fazendo com o Angra, que me projetou e que a galera conhece mais. Isto eu manterei. Ego, cara, graças a Deus eu não padeço deste mal. Claro que tenho muito defeitos como todo mundo, mas ego não é algo que me aflige. Aquela coisa de: “nossa, preciso mostrar o meu trabalho, pois não quero me apoiar no passado”.

Eu comentei com o Turner o fato de algumas pessoas ficaram comentando que eu viveria de passado e tal e ele disse: “Edu, eu não concordo. Eu sou um artista que vive de uma história, não do passado – é diferente”.  Isso que você fez são os filhos que você deixa, mas não os abandonará só porque já passou. O Iron Maiden, Metallica – 90% do repertório é coisa antiga. Inclusive é propriedade deles – o direito autoral é o mesmo direito de possuir uma casa. Cara, é a minha propriedade e eu não poderei usar a minha propriedade? Não faz sentido. Não poderei usar algo do passado que fez sucesso porque é vergonhoso? Usar um sucesso antigo porque não tem sucesso novo? Não tem nada a ver com isso. Tem que dar graças a Deus de ter tido esses sucessos e poder bate no peito e falar que tem uma história de sucesso. Quem não tem é o cara que fica reclamando. Eu tenho com o Deep Purple e Rainbow e você tem com o Angra, então é a nossa história – nossa vitória. Você vai cantar e celebrar com os fãs aquele momento épico vivido naquela época”. Foi aí que ele me convenceu e eu já voltei para o Brasil pensando como é que eu daria essa guinada da carreira do Almah para a solo.

Foto: Danillo Facchini

Falando de passado, o seu primeiro show ocorreu 30 anos atrás, no festival ‘F.I.C.O.’, do Colégio Objetivo, em que ficaram em segundo lugar. Porém, há um detalhe: o som era próximo da black music, na linha James Brown. Como foi aquela experiência?

Edu: Nossa, aquilo foi loucura porque foi a primeira vez da vida que subi num palco e haviam dez mil pessoas lá. Os Paralamas do Sucesso é que fechariam a noite, então o Ginásio do Vasco da Gama estava lotado. Quando entrei e vi aquele mar de gente (risos) – eu era muito novo e não sabia o que seria da minha vida. Na verdade eu estava focado no futebol e queria ser profissional – eu não pensava em ser músico. Mas aconteceu – tivemos uma colocação boa e pintou um empresário falando que era para montar uma banda e então formamos o Mitrium. Lembro-me de um fato curioso – na época que aparecemos com o Mitrium, havia várias bandas boas de São Paulo com estrada e tentando o sucesso, mas não tinham disco, até porque era difícil você conseguir uma gravadora ou vinil. Aí o Mitrium surgiu e seis meses depois de termos feito uma demo veio o convite da Army Records, com quem gravamos um split em vinil ao lado do Sweet Pain (Eyes of Time/Shining from the Darkness, 1994). Este split já deu uma projeçãozinha em São Paulo e eu lembro que as bandas… Nossa os caras tinham muito raiva da gente porque éramos moleques (risos). Mal começamos a banda e já tínhamos gravadora e disco – as bandas não entendiam como tínhamos conseguido aquilo. A minha vida profissional na música foi muito rápida, quando comparado a outras bandas. Em 1989 eu não tinha banda, logo depois o Mitrium foi formado e gravamos o vinil. Em 1994 teve o concurso do Iron Maiden para substituir o Bruce Dickinson e aquele vinil foi enviado para Londres pela FM 97, que era a rádio rock, sem que eu soubesse. Aí a gravadora foi contatada por telefone. Eu estava em casa quando o diretor da gravadora me ligou dizendo: “Edu, você está sentado? Sabe que o seu disco foi mandado para Londres para o negócio com o Iron Maiden. Você foi um dos selecionados. O cara ligou aqui e quer falar com você, você pode vir para cá tal hora?”. E eu não falava inglês fluentemente – eu manjava um pouco, mas não como hoje. Deu aquele pânico. Fui para a gravadora, o diretor me passou por escrito várias coisas meio como que padrões daquilo que provavelmente o cara diria e o que eu teria que falar. Os caras ligaram e deu certo, a comunicação rolou. Depois teve a divulgação disso, a notícia começou a sair em jornal, na Mtv e várias coisas que saíram na mídia grande – eu fiquei falado. Saí na capa de uma revista de rock que tinha na época, acho que se chamava Hard. Meu, aí foi aquela coisa, mas eu parei para fazer faculdade. É normal a desilusão. O Mitrium ia e não ia, teve a expectativa do concurso – aí eu resolvi sair da banda e ir para a faculdade estudar Propaganda e Marketing. Bom, em 1998 entrei no Symbols e gravei dois discos e em 2001 fui para o Angra. Nos momentos em que eu estive trabalhando na música, foi tudo rápido. Entrei no Angra e fiquei doze anos e toda essa luta que você já sabe. Da superação – que contando assim talvez eu não consiga passar a dimensão do problema e da deprê que eu fiquei enquanto estava doente no Angra e o fundo do poço que foi quando eu sai e tive todas as portas fechadas. Foi um negócio barra pesadíssima – até eu me reerguer e continuar, tem que amar muito isso que eu faço porque qualquer pessoa já teria largado.

A partir de que ano você começou a ficar mal?

Edu: Mais ou menos em 2004. Foi na época do Temple of Shadows que os primeiros problemas começaram a aparecer. Já fui gravar o disco estranho, tanto que a voz neste álbum já é diferente do Rebirth. Eu tive que encontrar outros caminhos para fazer o que era feito na época do disco anterior. O som já saia um pouco diferente pela técnica que eu tinha. Depois veio turnê e isso arregaça. A turnê foi longa, onde fizemos várias vezes o disco na íntegra e mais umas dez músicas, então foi coisa louca. Shows seguidos sem dormir, então foi ladeira a baixo.

Foi neste momento que começaram os atritos internos?

Edu: Não por isso. Já tinha atrito desde o final de 2002 por causa de administração e dinheiro. Reclamação por falta de informação. Não tinha informação financeira, então era bem complicado. As brigas começaram ali. Isso com certeza ajudou a potencializar o início do problema. Aí misturou porque tinha isso, a frustração da galera porque eu já não estava correspondendo às expectativas deles. Na época eu também achava que eu não tive o apoio que merecia ter tido por toda a dedicação na banda. Fiquei me sentindo meio abandonado.

Um fato curioso do seu começo de carreira foi que o seu último show com o Mitrium, realizado no Clube de Regatas Tumiaru de São Vicente, foi ao lado do Charlie Brown Jr., que ainda cantava em inglês, e do Angra. Aquela foi a primeira vez que seu caminho se cruzou com o Angra?

Edu: Acho que sim! Charlie Brown Jr., Mitrium e Angra, essa foi a sequência. Cara foi um negócio irônico pra caramba, porque depois o Charlie Brown Jr. passou a cantar em português e bombou. Aí o Mitrium acabou e depois eu entrei no Angra. Cara, quando você fala parece que as coisas já estavam traçadas. É bem maluco. Eu tive alguns caminhos cruzados com o Charlie Brown Jr., já que eles eram de Santos e eu morava lá – éramos amigos. As bandas famosas de Santos eram o Mitrium, Mr. Green (N.R.: banda do renomado baixista Zuzo Moussawer), Last Joker, Yankee, Druidas e muitas outras bandas boas. O Yankee era do Lone (Jessie, vocalista) o cara era o rockstar de Santos. Eu era amigo do Chorão, mas ele era de outra turma. Mas o Marcão, o Thiago Raphael Castanho, o Pelado – era tudo parte da nossa galera. Tipo, o Marcão e o Thiago foram à minha casa, naquelas festinhas de adolescente (risos). Aí eu vejo eles explodindo – foi uma coisa louca. Quando eu parei com o Mitrium para estudar eu era amigo dos caras e vi eles crescendo, virando mainstream no Brasil. Tem uma história de quando eu já estava eu morando e trabalhando em São Paulo. Eu estava no ônibus com meus fones ouvindo quando a rádio e tocou a música O coro vai comê! – o primeiro sucesso deles. Achei o som legal e no final o locutor falou que era do Charlie Brown Jr. Eu fiquei pensando e quando cheguei em casa peguei o telefone, já que não havia celular na época, liguei para o pessoal – e disse que uma banda de São Paulo havia copiado o nome deles (risos). Aí o Thiago disse que não, que eram eles mesmos e que haviam assinado, se não me engano, com a Warner (N.R.: o contrato foi com a Virgin Records). Eu obviamente fiquei muito feliz por ele, mas como ser humano sempre da aquela dorzinha, pois eu também podia conseguir chegar lá. Mas beleza, eles conseguiram e de fato merecem. Os caras são músicos monstro e são do metal, eles cresceram tocando hard rock, Malmsteen etc. Mas beleza, isso passou. Antes disso, eu também era muito amigo do Dinho, do Mamonas Assassinas. Naquela época eu namorava uma menina chamada Nereida, que era irmã da namorada do Dinho – a Mirella, da música Pelados em Santos. A gente estava sempre meio junto. Numa festa do guitarrista do Mitrium, o Dinho, que na época tinha o Utopia e fazia shows juntos conosco, disse que faria um projeto novo e comédia chamado Mamonas Assassinas. Eu lembro que na festa só tinha metaleiro cabeludo (risos). Quando ele falou isso… Eu lembro da cara da galera – tipo, Mamonas Assassinas – que porra de nome é esse? (risos). Ele tinha uma demo em fita cassete e a mostrou na festa, mas a demo era tão mal gravada que ninguém riu. Ele não entendia como a galera não ria, pois a coisa era engraçada pra caralho. Aí, ele pediu o violão e começou a cantar as músicas, nessa a galera rachou de rir (risos). Um mês depois da festa eu falei com o Dinho e ele disse que já tinha uns contatos rolando e o tempo passou. Aí um dia eu estou no ônibus indo para o trabalho, na Avenida Paulista e naquela época eu vi um monte de (pôster) lambe-lambe na Paulista inteira dizendo “Vem aí, Mamonas Assassinas” (risos). Eu nunca mais esqueci isso. Eu fiquei pensando e me dei conta de que era o nome que o Dinho havia dito. Cheguei em casa e ligue para o Dinho, disse que havia visto uns cartazes e ele confirmou que haviam assinado. Coisa de dias e de repente ele aparece no Faustão. Aquela coisa meteórica. Eu tinha amigos que haviam chegado lá, e ficava pensando em quando será a minha vez (risos).  Aquela coisa de adolescente, de sonhador.

Foto: Pati Patah

Naquela época você não pensou em ir para o rock nacional cantar em português?

Edu: Não, cara. Eu sempre gostei muito do metal. Não sei explicar o porquê de eu não cantar outra coisa. É algo que eu amava muito – o heavy metal parece que está no meu sangue. Nunca tive o desejo de ficar famoso. Eu queria ser bem sucedido cantando heavy metal – esse era o meu desejo. Há vários artistas que querem a fama. É diferente – você quer ficar famoso? Hoje em dia o cara vira youtuber, vai para reality show – o cara quer ficar famoso, seja com o que for. Eu não, eu queria ser bem sucedido cantando metal. Com o Symbols foi outra frustração, pois quase chegamos lá. Tivemos contatos com o Japão, mas não efetivou nada. E aí veio o Angra – que foi uma grande vitrine. Foi na fase do Temple of Shadows eu acho, quando cruzei com o Thiago num festival de rock com o Charlie Brown Jr. e ele exclamou: “caralho, Edu! Você conseguiu! Mano, você conseguiu fazendo metal, que era o que você queria.”. Ouvir isso dele me deixou bem contente.

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