Noite aprazível de sexta-feira em São Paulo no bairro de Pinheiros para assistir um show numa bela e confortável casa. Não. Não era uma baladinha. O Folk Metal que já tomava conta dos falantes com alguns dos maiores nomes do estilo dava a real noção do que aconteceu nas horas que se seguiram. O evento marca a segunda vinda do octeto suíço, que está promovendo seu novo álbum, Helvetios, com data de lançamento prevista para o dia 10 de fevereiro.
Não houve banda de abertura e a casa já contava com bom número quando o Hednir, grupo de encenação de batalhas medievais, começou sua apresentação. Quem se reuniu em torno dos participantes parecia gostar muito dos embates, ao passo que grande parte dos presentes parecia ignorar ou zombar da encenação.
Pouco após as 21h, todas as atenções se voltaram ao palco, quando a introdução aumentou exponencialmente a ansiedade dos fãs ‘die hard’ dos suíços. Sentimento que explodiu em êxtase quando os oito integrantes tomaram o palco e reencontraram boa parte do público que os prestigiou em sua primeira passagem por São Paulo há praticamente um ano no mesmo local. Nesse momento a lotação da casa era muito boa e a reação à Everything Remains As It Never Was, música que nomeia o penúltimo álbum da banda, foi condizente com a agressividade dos presentes que até tentaram abrir uma roda no momento.
Na sequência, Nil, do mesmo álbum, evidencia o patamar alcançado pelo Eluveitie em assegurar que a formação clássica do Metal se alinhe com maestria à presença da flauta, do violino de da viola de roda, ou “hurdy gurdy”, como preferir. E como na primeira apresentação em São Paulo, o vocalista Chrigel Glanzmann chama o público a, enfim, abrir o ‘circle pit’ durante a execução da música Kingdom Come Undone. Uma coisa posso assegurar, não fossem os instrumentos pouco usuais em formações pesadas e as passagens folk que dominam o repertório, o Eluveitie poderia ser rotulada como uma banda de Death Metal na linha executada pelas banda de Gotemburgo na Suécia.
Calling The Rain, do aclamado Slania (2006) manteve o peso e a agressividade da apresentação, com uma performance inspirada do sempre carismático Chrigel, característica que foi mantida em Thousandfold. E parte da violência sonora demonstrada nessa noite teve como causa a impossibilidade da vocalista e “violeira de roda” Anna Murphy cantar mais do backing vocals devido à perda de voz após o show que aconteceu em Curitiba um dia antes. Mesmo a ausência da voz de um dos integrantes mais queridos pelos fãs não abalou o público, que pôde ouvir pela primeira vez ao vivo músicas do novo álbum – Meet The Enemy e Havoc –, o que fez com que o show de São Paulo tivesse algumas diferenças em relação ao que aconteceu em solo paranaense. E nesses tempos em que o compartilhamento virtual de arquivos é tão difundido, não foi difícil ver várias pessoas cantando até esses novos sons com a banda. A qualidade do som ajudou muito na tarefa da banda em cativar os presentes e a reação do grupo ao ver que o público estava extasiado frente a uma apresentação praticamente perfeita, despertou em não raras vezes sorrisos de satisfação nos músicos que foram ovacionados em várias passagens do show.
Seguiram-se Tarvos, Dominion, The Song Of Life, Your Gaulish War – um dos pontos altos da apresentação – e após Inis Mona, uma das mais pedidas desde o início, a banda deixou o palco de forma até rápida e após um anúncio fora de contexto e amadorístico de shows que serão realizados nos próximos meses, por parte de um funcionário da casa ou produção, não sei ao certo, a banda voltou para o bis e como é de praxe, executou com intensidade Tegernako, do álbum Spirit(2006). Não estranhem caso o Eluveitie volte em breve a essas paragens, pois parece que esse é o desejo de público e banda pelas manifestações de ambos durante a noite.
Set list:
Everything Remains As It Never Was
Nil
Kingdom Come Undone
Calling The Rain
Thousandfold
Meet The Enemy
Havoc
Tarvos
Dominion
The Song Of Life
Your Gaulish War
Inis Mona
Tegernako