Apesar de menos conhecida por aqui como outros grandes do Metal/Deathcore como Parkway Drive e White Chapel, o Emmure é uma das bandas mais badaladas do estilo em diversas partes do mundo. Eles completam dez anos de estrada em 2013, apesar de ter lançado discos somente a partir de 2007. E para uma banda relativamente jovem, tem já uma discografia de respeito e cinco álbuns de estúdio gravados. Incluindo “Slave to the game” de 2012 e do qual estão em divulgação nessa tour mundial que passou recentemente pelo México e América Latina com shows no Chile e essa única apresentação em São Paulo.
Inicialmente o show aconteceria no Inferno Club e foi mudado pela organização para o Manifesto que tem espaço de pista muito menor, mas suficiente para juntar a galera com mais segurança. O evento poderia ter rendido mais barulho se acontecesse também em outras cidades ou fosse melhor divulgado por aqui. A galera que já estava dentro da casa deu sorte de falar e fazer fotos com os guitarristas Jesse Ketive (mais falante) e Mike Mulholland que interagiram com os fãs sem tumulto.
Minutos depois, enquanto no telão rolava a apresentação do Sepultura com o Tambours Du Bronx no Wacken de 2012, a exemplo do show do Biohazard dias antes, quem também abriu a apresentação foi a nacional Project46. A banda de SP continua a divulgação do disco “Doa a quem doer” e a cada show mostra mais amadurecimento e a força das novas bandas do Metal nacional. A galera agitou, cantou os sons e até arriscou uma wall of death comandada pelo vocalista Caio MacBeserra.
O atraso na abertura da casa e passagem de som dos gringos diminuiu o tempo deles que tocaram espremidos no palco que já tinha os amplis e batera da banda principal montados. Não tirou o brilho e peso do show que durou um pouco mais de 20 minutos, mas já que a corda sempre arrebenta pro lado mais fraco…Um pouco antes do fim do show Caio parou a música para anunciar que tinha um fã caído no chão. Aparentemente não passou de sintomas de excesso de bebida. Terminaram querendo tocar mais, mas encerraram sem nenhum som extra.
A qualidade do som do Manifesto foi um dos detalhes que chamou a atenção tanto no show de abertura como nos intervalos e em boa parte da apresentação principal. Descontraia o público enquanto marcava no relógio quase uma hora do horário previsto para entrada dos americanos. Na arrumação do palco o batera Mark Castillo registrou uma foto da plateia no Iphone. Ele é o mais novo integrante da banda, entrou no ano passado no lugar de Mike “Harvey” Kaabe. Logo em seguida ele saiu e a intro começou a rolar. Foi a deixa para gritaria geral da plateia.
Um a um os integrantes do Emmure foram descendo pro palco com destaque quase total para Mike Mulholland que veio com uma guitarra laranja fluorescente. Abriram com a master hit “Solar flare homicide”, seguida de “Protoman”, única faixa do disco mais recente no set – exatamente o mesmo que tocaram no Chile alguns dias antes. A pista passou de circle pit discreto para um pogo pegado geral. Em “Sunday Bacon” o baixo estava mais alto que o resto dos instrumentos, mesmo com duas guitarras em volume máximo e veio a ficar embolado por uns instantes nos sons seguintes.
É curioso como a banda destoa ao vivo das letras sarcásticas e nomes engraçados que as faixas dos discos costumam registrar. Eles são bem mais contidos no palco, com destaque para o invocado vocalista Frankie Palmeri, que mesmo com o calor derretendo os outros integrantes não tirou a pesada jaqueta preta em nenhum momento. Preferiu priorizar a interação tocando o máximo de músicas programadas. O som também surpreende ainda mais ao vivo pelos breakdowns e pela mistura de estilos. O peso é constante, mas hora tende pro Death com vocal gultural cavernoso, outra para um Nu metal início dos anos 2000 ou ainda para um leve flerte com o Rap Metal à la Cypress Hill e Papa Roach. Isso tudo com competência e somado com bases e samples pré-gravados típicos da maioria dos grupos de Metalcore.
A casa quase sai do eixo quando tocaram “I thought you met Telly and turned me into Casper”, cantada em uníssono. Essa foi seguida de outro som bastante conhecido deles, “Demons with Ryu”. Num dos poucos momentos que Palmeri falou com a plateia, ele agradeceu a presença de todos e disse que é uma honra tocar no Brasil, ficaram surpresos com o retorno e carinho do público. Ele é um dos destaques da banda já que a exemplo de Oliver Sykes do Bring me the horizon, é um dos jovens empresários que tem a própria marca de roupa e da qual vem boa parte do merch original que foi vendido também durante o Brasil. Os dois guitarristas foram os que mais se aproximaram e interagiram com a plateia. Jesse em um dos sons até trocou de boné que ganhou de um fã no gargarejo.
De som ainda rolou “Children of Cyberton”, “4 poisons 3 words” e “When keeping it real goes wrong” que encerrou o show antes do bis. Para fechar definitivo tocaram “Chicago´s Finest” e ainda assim terminaram meia hora do horário previsto pro término. A banda saiu do palco e só voltou o guitarrista Mike guitarra laranja que ficou atendendo o público e distribuindo fotos e autógrafos. Durou pouco, mas oportunidade única de ver um show de alta qualidade e explica o sucesso que eles tem nos lugares que passam e ainda vão tocar em 2013 com a tour europeia, americana e australiana e as várias datas já agendadas. Que não demorem muito para retornar ao Brasil!