Os suecos do Enforcer estavam com 23 shows programados na turnê sul-americana. Um deles passava pelo glorioso templo underground catarinense, o Curupira, localizado na cidade de Guaramirim, que recebeu o 19ª show da banda considerada revelação mundial do Heavy/Speed Metal. A princípio, contando com a atração principal, seriam quatro apresentações mas a banda Nighthawk cancelou o show, porque o vocalista estava acamado.
O local, Curupira, possui mais de vinte anos e é muito conhecido no cenário estadual e nacional, tendo recebido grandes nomes do Metal, como os gregos do Rotting Christ. O ambiente é muito simples, não possui iluminação adequada, o palco, feito de madeira, também tem uma estrutura singular. As paredes são fechadas com bambus e o telhado que cobre toda a estrutura é de eternit. Talvez o lugar seja assim, meio largado, para manter aquele rótulo de “underground até o fim” mas, para muitos músicos, isto cria um clima de nostalgia. O que chamou a nossa atenção, foi o fato de poucas pessoas estarem presentes no dia. Havia por volta de 100 pessoas no Curupira. Segundo a organização, o motivo por ter um público baixo é que poucas pessoas, na região, conhecem a Enforcer. E um detalhe: na semana seguinte a cidade de Jaraguá do Sul estaria recebendo o UFC.
A primeira banda a destilar o som foi os jaraguaenses do Atomic Death. Composto pelo vocalista Nuno Rigel, guitarristas Giovanni e Ricardo, baixista Carlos e o baterista Walter. Não importa o número de bangers que estejam presentes, o quinteto sempre está fazendo grandes apresentações. Eles têm uma presença de palco incrível. O Nuno Rigel, com o seu estilo peculiar (chapéu, bota, óculos escuros e sobretudo), descia do palco e, cantando, corria em volta da plateia.
A Frade Negro, também de Jaraguá do Sul, entrou no palco para jogar nos amplificadores oito músicas que aqueceram os bangers para a próxima apresentação. Os músicos Rodrigo Santos (vocal), Murilo Soares (guitarra), Marcos Strelow (baixo) e João Ortiz (bateria) abriram com a “Danger”, seguindo “Souls in the Abyss” e “House of Pain”. A quarta foi “The Dead Walk”, depois “Black Warriors”, “Kill by Death”, “Shot to Kill” e, por último, “Lost in the Fire”. No fim do show, segundo banda, o repertório foi curto porque precisavam pegar um voo para Caruaru, cidade do estado de Pernambuco.
Eis que chega o momento tão aguardado, e a intro “Bells of Hades” anuncia a entrada de Jonas Wikstrand (bateria), Joseph Tholl (Guitarra), Tobias Lindqvist (baixo) e, por último, Olof Wikstrand (guitarra e vocal), todos com visual que lembra muito as bandas oitentistas. Após 28 segundos de introdução, o show do Enforcer começa com “Death Rides This Night”, que foi uma prévia do que estava por vir. “Mistress form Hell” e “Mesmerized By Fire” foram tocadas na sequência. Os poucos bangers presentes agitaram bastante, elevando o animo de muitos e dos próprios músicos. “Katana” foi a quarta música, seguida de “On The Loose” e “Scream of The Savage”. Já conectado com o público, o quarteto manda a “Midnight Vice”, com alguns arriscarando até uns moshes.
Joseph sempre está tocando e fazendo poses, e é o que mais interage com o público. “Take me out of This Nightmare” foi a oitava, em seguida rolou a “Take me to Hell”, “Silent Hour/The Cojugation” e “Satan”. Para fechar a noite soltaram a “Into the Night”. Não há como negar que o público ajuda ou interfere em uma apresentação, pois todo músico, pintor, ator etc, precisa de espectadores, isto é, receptores para a sua mensagem. O público foi pequeno, mas as bandas fizeram uma grande apresentação. Honraram seus compromissos e, o mais importante, respeitaram os seus fãs. Não posso criticar os que não compareceram, cada um tem o seu motivo. Entretanto, se os eventos continuarem rolando com poucas cabeças, as casas fecham e, principalmente, os shows das bandas underground acabam.