Por Marcelo Gomes
Fotos: André Santos
Com show único no Brasil, São Paulo recebeu nesse final de semana, mais uma banda do movimento nova onda do heavy metal tradicional (NWOTHM). Dessa vez, foram os suecos do Enforcer que encabeçam o movimento e estão prestes a lançar seu mais novo trabalho, Nostalgia com lançamento previsto para maio de 2023. O show aconteceu no tradicional Hangar 110 no último dia 25 de fevereiro. O evento teve ainda como convidados, os canadenses do Thunderor, formado por membros do Skull Fist e Annihilator.
Os primeiros a subirem ao palco foram os canadenses do Thunderor, formado por JJ Tartaglia (Skull Fist) na bateria e vocais, Jonny Nesta (ex-Skull Fist) na guitarra e Oscar Rangel (ex-Annihilator) no baixo. O trio, que veio promover seu debut, Fire It Up (2022), recrutou o Chuluc das bandas Álcool e Trovão para o baixo em sua estreia no Brasil. O público ainda estava chegando quando a banda começou o show às 20h15; aliás, muitos nem sabiam que a banda era canadense.
O trio abriu a apresentação com a faixa-título do álbum, um som um pouco diferente do Skull Fist e com a presença de teclados. JJ, por sinal, mostrou que mesmo acumulando a função de vocalista não economiza nem um pouco na bateria. Então, emendam com On The Run e All Or Nothing, que seguem aquela sonoridade bem anos 80. Tartaglia então diz que se sentiam muito honrados de estar no Brasil e tocam talvez a mais diferente do repertório, Dangerous Times, um som mais progressivo que vai na linha de Supertramp com teclados e sintetizadores.
A pancadaria volta com a ótima Thunderor, que se aproxima mais da sonoridade do Skull Fist, já que é mais pesada, rápida e tem mais solos de guitarra. O público, que até então estava mais prestando atenção, começou a bater cabeça e os músicos conseguem arrancar aplausos. Como todo bom show de metal, não pode faltar um solo de guitarra. Jonny Nesta então executa Into The Storm, faixa instrumental do debut, com direito a pausas propositais para interação com a plateia. Sem delongas, tocam We Can Make It, som com várias partes, solos virtuosos e mudanças de andamento que agradaram os presentes. Tartaglia então faz uma levada na bateria para o público acompanhar nas palmas e aproveita para agradecer a presença de todos. Então, para finalizar, tocam a empolgante How We Roll.
Com quase 40 minutos de apresentação e tocando oito das nove faixas do debut, Fire It Up, o trio conseguiu aquecer os fãs, aguardavam ansiosamente pelo Enforcer. Quem porventura estava esperando ao similar ao Skull Fist pôde presenciar um ótimo show, mesmo com músicas com uma pegada diferente das bandas que os integrantes fazem ou fizeram parte. Por sinal, não há o que falar dos músicos, que são muito bons e entregam uma bela performance dentro do que se propõem fazer. “Tocar com o Thunderor foi uma experiência desafiadora (no bom sentido). Fui convocado para essa missão cerca de 10 dias antes do show, e foi esse o tempo que tive para tirar todas as músicas do set e, além disso, tivemos apenas um ensaio”, contou Chuluc. “Foi muito legal dividir o palco com o Jonny e com o JJ, sou fã do Skull Fist desde que comecei a curtir metal, e poder colaborar com esse projeto foi sensacional. Fico muito honrado por terem confiado esse papel a mim, e mais feliz ainda por terem gostado e por todos ótimos feedbacks”, acrescentou.
Às 21h30, no horário previsto, a versão de Diamonds and Rust feita pelo Judas Priest começa a ecoar e dava indícios do início do show, com as luzes totalmente apagadas. O Enforcer, que vem consolidando o movimento nova onda do heavy metal tradicional (NWOTHM) desembarcou no Brasil com a missão de levar a bandeira do metal aos paulistanos. As cortinas se abrem ao som de Destroyer, e o Enforcer, que atualmente conta com Olof Wikstrand na guitarra e vocal, Jonathan Nordwall na guitarra, Jonas Wikstrand na bateria e Garth Condit no baixo, chegou sem dó, mandando uma pancada logo de cara. Emendam com Undying Evil sem deixar o público respirar. Nas duas primeiras, a altura do som da casa variou um pouco, mas ao abaixar o volume logo o problema foi resolvido.
Ao final do segundo som, o público já gritava o nome da banda. Olof faz uma pausa para conversar com os fãs: “Nós somos da Suécia e viemos quebrar tudo! É muito bom estar de volta ao Brasil, terra do verdadeiro metal”. Com aquele refrão grudento, From Beyond fez todo mundo cantar até a parte dos solos. Mesmo as faixas do controverso Zenith (2019) não faltaram e os presentes não deixaram de cantar Die for the Devil, que é bem hard rock. Mas o que dizer de Live for the Night, que veio na sequência? Apesar de ser uma faixa curta, se não fosse pelos vocais de Olof, esse som poderia tranquilamente fazer parte de Kill ‘Em All do Metallica. Um thrash/speed que proporcionou um belo mosh pit, assim como Death Rides This Night, que começa com uma intro (Bell of Hades) cheia de suspense, mas logo vira um speed com um poderoso riff de guitarra.
Mais uma de Zenith, Zenith of the Black Sun, trouxe uma levada mais arrastada para nenhum banger botar defeito. Olof então disse que tinham um novo som para tocar e mandam o single Coming Alive, que será lançado no próximo trabalho, Nostalgia. A música é uma pancada e resgata o som que vem consagrando o Enforcer nos últimos anos. Muitas pessoas já conheciam, apesar de ter saído recentemente. Ao final, Jonas Wikstrand aproveita para fazer um curto solo de batera antes de terminar a música.
Um show que resgata o conceito do metal tradicional tem solo de guitarra e Jonathan aproveitou para mostrar suas habilidades com o instrumento, sem ser maçante. Aí emendam com a semi balada Below The Slumber sob as luzes dos celulares. A banda não estava para brincadeira e mandou, sem intervalos, uma trinca de respeito: Mesmerized By Fire, Running In Menace e aproveita Take Me Out of This Nightmare para fazer aquele duelo que desafia as habilidades vocais do público. E os fãs, que estavam afiados, não fizeram feio e a banda saiu do palco sendo ovacionada.
Os presentes não arredaram o pé até serem atendidos. “Eu estava indo tomar banho quando ouvi vocês gritando e voltei”, brincou o vocalista. Para encerrar em alta, mandam duas pedradas, Katana e Midnight Vice. O público eufórico agitou, cantou e pulou com o final eletrizante. Apesar de ser uma banda underground, os suecos fazem um show apoteótico como se estivem num estádio. A entrega, presença de palco intensa e proximidade com os fãs solidificam seu público e consagra cada vez mais a banda como líder do movimento nova onda de metal tradicional.
Set list Thunderor:
01) Fire It Up
02) On the Run
03) All or Nothing
04) Dangerous Times
05) Thunderor
06) Into the Storm
07) We Can Make It
08) How We Roll
Set list Enforcer:
01) Destroyer
02) Undying Evil
03) From Beyond
04) Die for the Devil
05) Live For the Night
06) Bells of Hades / Death Rides This Night
07) Zenith of the Black Sun
08) Coming Alive
09) Below the Slumber
10) Mesmerized By Fire
11) Running in Menace
12) Take Me Out of This Nightmare
13) Katana
14) Midnight Vice
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