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EPICA & DRAGONFORCE

No dia 4 de março, quarta-feira, a capital paranaense recebeu a turnê dos holandeses do Epica. O show ocorreu no tradicional Curitiba Master Hall, e contou com abertura do DragonForce. Com pouco mais de dez anos de estrada, o Epica tornou-se um dos principais nomes do chamado metal sinfônico, sendo praticamente unanimidade quando se fala deste gênero. A banda está divulgando seu sexto trabalho de estúdio, “The Quantum Enigma”, lançado em maio de 2014.

Talvez por ser em meio de semana, aliado a quantidade de shows internacionais que continuam ocorrendo com grande frequência no Brasil (por exemplo, o Sonata Arctica tocou no dia seguinte na mesma cidade), o local estava preenchido com menos da metade da capacidade (em shows cheios, o Curitiba Master Hall comporta cerca de 4000 pessoas). Naquela noite, sem dúvida, compareceram menos de 2000 pessoas. Quem quisesse podia deitar na pista, pois espaço havia de sobra.

Óbvio que isso não diminuiu a empolgação dos presentes, e por volta das 19h30, oDragonForce começa sua apresentação. O grupo ficou mundialmente conhecido devido a música “Through the Fire and Flames” ter entrado no jogo “Guitar Hero III: Legends of Rock”, uma popular franquia de jogos de simulação de instrumentos, sendo uma das canções de maior dificuldade daquele jogo, devido a sua exacerbada velocidade. E o público conferiu exatamente isso por cerca de uma hora, Power Metal ligado no 220, com muita velocidade e técnica, refrãos grandiosos, e claro, algumas firulas.

A banda iniciou com “Fury of the Storm”, um de seus sons mais conhecidos, com muitas das características que continuariam até o final do show, como as guitarras em alta velocidade, enxurrada de solos nas casas mais agudas do instrumento, refrãos épicos, com backing vocals de toda a banda (exceção do baterista Gee Anzalone), e os músicos se movimentando constantemente. Os guitarristas Herman Li e Sam Totman não ficaram parados mesmo, com direito a vários saltos, que animaram boa parte da plateia.

Na sequência, “Three Hammers”, do trabalho mais recente, “Maximum Overload”, lançado em 2014. No finalzinho dessa, o vocalista Marc Hudson gira seu dedo em círculo, pedindo para o público fazer um mosh, o que não ocorre. Ele continua com aquela cara de “quem sabe outro dia”.

Marc Hudson anuncia que a próxima é do álbum “Valley of the Damned”, então “Black Winter Night” é executada, seguida de “Symphony of the Night”, onde ele diz algo de que está é sua música favorita do “Maximum Overload”. Pessoalmente concordo, tendo sido um bom momento da apresentação deles, visto que é uma música com passagens mais cadenciadas, sendo incluído até um curto solo de baixo do Frédéric Leclercq, saindo um pouco da estrutura das demais composições.

Infelizmente não posso deixar de comentar sobre um problema que persistiu durante toda a noite, tendo prejudicado tanto o DragonForce quanto o Epica posteriormente, a qualidade do som. O som estava alto, e embolado em diversos momentos. No começo da apresentação do DragonForce, as guitarras (talvez apenas uma delas) estavam bem mais altas que os demais instrumentos e vozes (em algumas passagens a voz do Marc se perdia em meio ao resto), incomodando quem é mais exigente com a qualidade do som. Até o final do show deles algumas coisas foram ajustadas (as vozes apareceram melhor), mas mesmo assim não ficou tudo bem audível e claro.

Seguindo, mais uma faixa do “Maximum Overload”, “The Game”, essa a mais diferente do repertório, por possuir no início uma levada quase de Thrash Metal, onde pouco das casas agudas são usadas pelos guitarristas. Inclusive a banda pediu para o público fazer mosh novamente, e dessa vez, uma pequena roda se formou durante essa faixa. “Cry Thunder” veio em seguida, com refrão grudento, e um interessante solo do Herman Li, utilizando um pedal e alavanca ao mesmo tempo, sempre em alta velocidade.

Mencionei acima que o grupo apresentou algumas firulas, no sentido de muito daqueles clichês repetidos a exaustão por bandas ao vivo, como em alguns solos o Herman Li ir na frente de um ventilador, para seu cabelo esvoaçar para trás, no final de algumas músicas levantar a guitarra e tocar com a língua, além do Gee Anzalone de vez em quando girar no ar suas baquetas, no meio das músicas, e o mais marcante te todos, vocal e guitarristas lado a lado nos refrões (em alguns momentos o tecladista Vadim Pruzhanov pegou um teclado portátil e se junto aos demais na frente do palco). Repetitivo, mas no fim das contas acaba funcionando.

Ainda tocaram “Valley of the Damned” (nela Herman Li e Sam Totman fizeram um duelo bem humorado com suas guitarras, com um “zoando” o outro, pois quando um tocava o outro fazia gestos de que estava “mais ou menos”, ou “ameaçava” dar chutes e empurrões, chegando em certo instante a interromper o solo do “adversário” dando um tapa na guitarra, e conforme um tocava o próximo aumentava a complexidade do solo), e o hit “Through the Fire and Flames”, obviamente bem recebido pelo público, encerrado com longos solos. Não sei dizer se tocaram a música com os 100% de acerto, mas as palhetas devem ter ficado gastas depois dessa.

A banda deixa o palco sob gritos de DragonForce e aplausos. Atiram palhetas e baquetas para o público, Marc joga água para a plateia. Como curiosidade, na saída Herman Li atira sua guitarra para um roadie que estava no outro lado do palco, e por pouco ela não cai no chão. Não poderia deixar de mencionar um hábito curioso do Sam Totman, durante praticamente todas as músicas ele estava bebendo uns goles de cerveja. O inusitado é que ele bebia durante a execução dos sons. Algumas vezes ele tirou a mão da guitarra, bebeu e voltou a tocar, parecia que na correria, para não perder o tempo da música.

Um set que durou quase uma hora, e talvez tenha sido cansativo para alguns, principalmente a “fritação” dos guitarristas, bem como divertida para muitos. Vale ressaltar que a diferença entre Marc Hudson e o primeiro vocalista que a banda teve, ZP Theart, que saiu em 2010, é pequena. Possível que quem não conheça o grupo a fundo nem tenha percebido alguma mudança na execução das músicas da fase anterior.

Aproximadamente meia hora depois o Epica adentra o palco, com “Originem” servindo como introdução. Um enorme plano de fundo referente a arte do “The Quantum Enigma” foi estendido, ganhando um grande destaque, ainda mais que a posição da bateria no palco difere um pouco da maioria das bandas que tocam em casas dessa proporção, já que ela estava num canto ao fundo do palco, e não no centro, deixando o plano menos “tampado”, e o próprio baterista Ariën van Weesenbeek mais visível.

Iniciam com “The Second Stone” e “The Essence of Silence”, ambas do trabalho mais recente. E novamente era perceptível problemas com o som, que durante o show foram minimizados, mas não resolvidos totalmente. No geral estava alto (de deixar zumbido nos ouvidos de quem não está acostumado a este tipo de exposição), e neste começo consideravelmente embolado. O vocal da Simone Simons estava baixo, a bateria bem alta (esse problema persistiu praticamente até o fim, em algumas partes, dependendo do que ele tocava, gerava uns bons estrondos), sem falar do baixo de Rob van der Loo, que pouco era possível distinguir (saindo apenas aquela “massa sonora” de graves). Para piorar, o vocal gutural de apoio do Mark Jansen nesse começo também estava baixo.

Independente disso, a banda seguiu com “Sensorium”, lá do primeiro álbum do grupo, muito bem recebida pelo público, e “Unleashed”, tendo uma notável melhora no som, principalmente nos vocais. “Storm the Sorrow” veio em seguida, com destaque para a passagem contando apenas com teclado e voz da Simone, na qual ela “cantarola” num estilo passeio no parquinho em uma manhã ensolarada.

A banda como um todo esbanjou carisma, não economizando nos elogios ao público, desde o “olá Curitiba” dito pela Simone no começo, passando pelos “obrigada” e afins, até um ”vocês são foda” do Mark Jansen. O tecladista Coen Janssen merece uma menção a parte, pois além de alguns elogios ao público, não parava de dar uns passinhos de dança enquanto tocava, sem falar que o teclado dele possuía um apoio giratório, que em alguns momentos, enquanto ele tocava girando o teclado, os demais músicos interagiram com ele. Mas o mais divertido era quando ele ia para frente do palco com um pequeno teclado portátil bem singular, num formato curvilíneo, e a forma como ele pendurava parecia que o instrumento estava flutuando.

A iluminação merece muitos elogios, pois estava impecável. Cada música tinha um jogo de luzes específico, deixando o show visualmente bem interessante e atraente. Falando nisso, a Simone é tão bela ao vivo quanto parece em fotos e clipes da banda, absurdo! A voz dela é realmente potente, como comprovado em diversos trechos, sobretudo nos momentos levados apenas no teclado e voz.

Destaque também para a execução das faixas “Fools of Damnation”, com um começo meio árabe, e poderoso instrumental, e para a clássica “Cry for the Moon”, possivelmente o som mais aclamado pelo público, numa versão estendida, claro que com muitas coreografias, e até uma “mãozinha” do Coen na guitarra do Isaac Delahaye, este que alguns minutos depois pegou uma baqueta e foi dar umas batidas na bateria. Após “Cry for the Moon”, a banda se retira do palco, ficando apenas Ariën, que inicia um solo de cerca de cinco minutos. Sinceramente, nada muito memorável, que por ser curto, também não cansou, e serviu para ele ganhar uns aplausos a mais do público.

Os demais membros voltam para executar “The Phantom Agony”, que encerrou a primeira parte do show com imensa animação, já que o grupo literalmente dançou em alguns pedaços dessa faixa, com a iluminação criando uns efeitos de discoteca, divertidíssimo. Em seguida, todos deixam o palco, e enquanto saía, Isaac pega uma pintura entregue por um fã que estava na grade, do rosto da Simone, e mostra para o resto da plateia.

Alguns minutos depois a banda volta, com o público gritando “olê, olê olê olá, Epica, Epica”, e Coen resolve entrar na brincadeira (acompanhando por um dos guitarristas), reproduzindo no instrumento a melodia entoada pelos fãs. Surpreendendo todos, os integrantes, com exceção do Coen, voltam vestindo camisetas da seleção brasileira, ainda por cima personalizada com o nome deles.

A primeira do bis é “Sancta Terra”, na qual Coen pega o teclado pequeno, e Isaac faz umas melodias no teclado grande (isso mesmo, além da guitarra, ele “brincou” no teclado nessa, além da bateria anteriormente em “Cry for the Moon”). Por menos convencional que pareça, nesse final de show o som foi melhorado, e essas músicas do bis tiveram uma qualidade maior, pois finalmente o som estava num nível aceitável. Ainda em “Sancta Terra”, Issac, Coen e Rob descem do palco e vão para frente da grade, causando euforia nos que ali estavam.

Encerram com “Unchain Utopia” e “Consignto Oblivion”, após pouco mais de 1h e 45m de show, ovacionados pela galera. Não faltou distribuição de palhetas, baquetas, setlists, garrafas de água e até toalhas. Cabe aqui uma observação ao modo como a banda conduziu sua apresentação, com muitas coisas pré-gravadas, desde orquestrações, até mesmo vocais de apoio feminino, que pareciam ser da própria Simone. Praticamente todas as músicas contaram com algum recurso nesse sentido. Os mais puristas podem achar que deixa a performance um tanto artificial. Enfim, um dos dilemas de tocar metal sinfônico sendo bem fiel as gravações originais.

Os problemas com o som podem ter desanimado os mais exigentes, e que fique claro, por mais que as bandas tenham feito bons espetáculos, esse fator não deve ser ignorado ou minimizado. O Curitiba Master Hall tem um certo histórico de shows com problemas semelhantes ao que ocorreram, bem como de outros sem nada grave. Ao público que investiu tempo e dinheiro, restou aproveitar e torcer para ser melhor respeitado na próxima.

Setlist – DragonForce:
Fury of the Storm
Three Hammers
Black Winter Night
Symphony of the Night
The Game
Cry Thunder
Valley of the Damned
Through the Fire and Flames

Setlist – Epica:
The Second Stone
The Essence of Silence
Sensorium
Unleashed
Storm the Sorrow
Fools of Damnation
Natural Corruption
The Obsessive Devotion
Victims of Contingency
Cry for the Moon
The Phantom Agony
Sancta Terra
Unchain Utopia
Consign to Oblivion

 

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