ERIC MARTIN (ACÚSTICO) – São Paulo (SP)

Leandro Coppi
12/04/2023

Por Marcelo Gomes

Fotos: Roberto Sant’Anna

O vocalista americano Eric Martin, que vem fazendo uma extensa turnê pelo Brasil, retornou à capital paulista apenas duas semanas após se apresentar no Stones Music Bar para mais uma apresentação. Desta vez, apresentando versões acústicas de clássicos do Mr. Big numa noite chamada An Exclusive Acoustic Evening With Eric Martin. O evento limitadíssimo e exclusivo, que estava com os ingressos esgotados há quase dois meses teve a participação da banda Unholy, foi realizado no último domingo (09), no The Flamming Youth, casa localizada na Vila Mariana que vem ganhando destaque na vida noturna paulistana com seu conceito diferenciado.

Como previsto, às 19h, a banda Unholy, que conta com Rafinha Endres (guitarra), Ivan Landgraf (guitarra, Venomous, The Hammer – Motörhead Tribute), Leandro Peixoto (bateria, Válvera) e o vocalista Vinicius Karakama subiu ao palco para fazer um set acústico. Os músicos começaram com uma intro dedilhada autoral e emendaram com Living After Midnight do Judas Priest. O show estava animado e então veio um Van Halen com Hot For Teacher, que Rafael representou bem na hora do solo. Então, eles aproveitaram para tocar uma faixa autoral chamada Riverside, que tem uma pegada southern rock. Foi então que Rafael avistou na plateia uma menina de no máximo cinco anos e aproveitou para dar uma palheta para a ilustre espectadora, que retribuiu com um abraço. Após esse momento inusitado, o show seguiu e o repertório ainda teve Love Gun (Kiss), Is This Love (Whitesnake), Nightrain (Guns N’Roses), Don’t Stop Believing (Journey), entre outras que serviram para aquecer o gogó dos presentes, que cantaram praticamente todas as músicas.

A espera pela atração principal da noite foi de uma hora, até que Eric Martin surgiu acompanhado por Edu Costa (guitarra), Mau Seliokas (baixo), ambos da banda Rolls Rock, para executar seu set acústico. Iniciaram às 21h ao som de Electrified. O público feminino que compareceu em peso estava histérico; a qualquer movimento do cantor, gritos estridentes ecoavam pela casa. O set seguiu com Where Do I Fit In e Fragile. O violão de Eric estava mais destacado que os outros instrumentos, dando a cara mais de acústico a qual evento se propunha. Um show super intimista para nenhuma fã botar defeito, afinal não é todo dia que se consegue ver seu ídolo com tamanha proximidade.

Tudo a ver com esse clima, tocam a balada Superfantastic, mas foi com o mega hit Wild World que a casa foi abaixo, se transformando num grande karaokê. Em meio aos aplausos, um fã gritou para Eric: “Ela gostaria de ouvir Stranger In My Life“, se referindo à filhinha dele, já mencionada. De maneira humorada, o cantor respondeu: “Que boa a sua estratégia para conseguir uma música, não é?” Ele até tentou arriscar alguns acordes, mas desistiu porque não se lembrava mais. Preferiu continuar com Goin’ Where The Wind Blows, que foi muita bem recebida. Para surpresa de todos, Martin decidiu tocar mais um trecho de Stranger In My Life para a pequena fã, mas nem precisa dizer que quem mais curtiu foi o pai.

“Toda vez que eu toco essa música, parece algo triste mas não é para ser assim, é uma homenagem ao meu amigo Pat Torpey”, disse o vocalista ao anunciar Take Cover. O público cantava de forma emocionante, fazendo desse um dos grandes momentos do show. Não foi diferente com a balada romântica Promise Her The Moon, cantada de forma apaixonada principalmente pelas mulheres presentes.

Mudando um pouco o clima do show, a euforia tomou conta do recinto com Daddy, Brother, Lover, Little Boy, de Lean To It (1992), numa versão eletrizante. Sem pausa, emendaram com Alive And Kicking. No meio execução, uma corda do violão de Eric estoura. Mao e Edu seguram as pontas enquanto o vocalista improvisa, ganhando tempo para que a troca da corda fosse feita. A música acabou e foi necessário mais 10 minutos para a manutenção do instrumento. Para a sorte de todos, Eric é um bom contador de histórias e conseguiu entreter à todos contando como conheceu um de seus ídolos – Paul Rodgers (Bad Company) numa premiação e apresentou-o para David Coverdale (Whitesnake).

A retomada veio com mais um hit, Shine, da fase Richie Kotzen. Essa serviu para testar as habilidades vocais dos fãs com seu refrão grudento assim como em To Be With You e eis que a corda do violão estoura novamente. Edu Costa olha incrédulo, mas eles seguiram mesmo assim. Mais uns minutos para resolver, então mandaram Dancing With My Devils, mas adivinhe o que aconteceu mais uma vez? Sim, é inacreditável, mas outra corda estourou. Terceira… Já pode pedir música? Bem, eles seguiram com guitarra e baixo mesmo e, tentando ajudar, Rafinha Endres ofereceu a sua guitarra, na qual este que voz escreve pegou e chegou a entregá-la para Eric, que acabou recusando porque queria um violão. Diante de tudo isso, provavelmente outro artista se despediria, mas Martin levou tudo numa boa e tocou mais uma sem seu violão, Road To Ruin.

Ao final, chega a se despedir e desejar Feliz Páscoa, mas os fãs ardorosos queriam mais. Começaram a cantar versos de Just Take My Heart, mas Eric decidiu fechar com a energética Colorado Bulldog, que não estava no set e foi um verdadeiro presente para os fãs.

Mesmo sendo a terceira turnê em um ano e a segunda apresentação em poucos dias, os sortudos que conseguiram os limitados ingressos para esse show exclusivo puderam ver o carismático vocalista esbanjando energia durante quase duas horas. Enquanto passeava pelos clássicos de sua carreira e mesmo diante às adversidades com seu violão, Eric Martin demonstrou bom humor e profissionalismo, lavando a alma dos seus fervorosos fãs com uma performance memorável. Quem não pôde ir não se desespere, pois Eric já confirmou que a turnê de despedida do Mr. Big passará pelo Brasil em 2024.